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Legislativas no feminino: Catarina Martins

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13. Como é que se resolve o problema do desemprego de longa duração?

Com crescimento económico e, para tal, é preciso investimento (privado, mas também público). Para existir investimento privado, é preciso recuperar o poder de compra, para que as empresas tenham a quem vender, e investimento público, que deixou de existir porque os recursos públicos são todos consumidos em juros, razão pela qual é preciso renegociar a dívida.

14. Como é que se resolve a disparidade salarial entre homens e mulheres?

No papel, é simples: salário igual para trabalho igual. Mas falta, como quase sempre, fiscalização e vontade de fazer cumprir a lei. As mulheres não podem ser prejudicadas ou mesmo despedidas por serem mães (e com a crise são-no cada vez mais). É preciso garantir, com fiscalização e multas pesadas, que as leis são cumpridas.

15. Como é que se resolve a pouca representação das mulheres na política?

As quotas são um meio para uma maior representatividade e não um fim. Mas, olhando para o caminho feito nestes últimos anos, não é muito difícil reconhecer que hoje há mais mulheres com visibilidade na política e que tantas e tantas provaram o seu mérito. Habituem-se, viemos para ficar.

16. O que fazer com a violência doméstica, já que o número de casos em Portugal é igual há 20 anos?

Avançámos muito na resposta quando há crime. Há uns anos, “entre homem e mulher, não se metia a colher”. Felizmente mudou, ainda que se tenha de fazer muito mais. O que não mudou foi a prevenção do crime. Continuamos a educar as gerações mais jovens para a desigualdade de género, para relações de posse e não de amor. Educar para a igualdade, incluir nas escolas o tema da violência doméstica e da sua prevenção, adaptado às várias idades, e ter uma censura social muito maior para todas as formas de menorização das mulheres é essencial.

17. Que medidas concretas propõe para que aumente a natalidade em Portugal?

Como pais, todos ouvimos dizer: “Quem tem um tem dois.” Foi o meu caso, mas isso foi possível com a ajuda dos avós. Com creches que custam mais do dobro das propinas universitárias, não é fácil ter filhos. Garantir creches para todos não é apenas uma medida de justiça social, mas garantia de futuro do País. A segunda medida: alterar o código de trabalho para garantir maior estabilidade e defesa dos direitos dos pais.

18. O que pensa de a procriação medicamente assistida para mulheres solteiras não estar contemplada na lei?

Uma vergonha.

19. O que pensa da adoção por casais homossexuais?

Não é a opção sexual de cada um que determina se tem capacidade para dar os melhores cuidados e atenção a uma criança. O único critério que deve ser aplicado é se essas duas pessoas são ou não capazes de dar a melhor educação a uma criança. É isso que as protege e, ao mesmo tempo, garante que acabamos com esta aberração de sermos o único país do mundo que reconhece o casamento entre pessoas do mesmo sexo mas não permite a esses casais adotar. É uma questão de tempo. Pouco.

(…) não é muito difícil reconhecer que hoje há mais mulheres com visibilidade na política e que tantas e tantas provaram o seu mérito. Habituem-se, viemos para ficar.

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20. Porque é que há tantos ex-deputados e ex-ministros em altos cargos das maiores empresas portuguesas?

O País é pequeno e o bloco central grande demais para o País.

21. A responsabilidade da crise deve ser atribuída a quem?

Eu sei que isto hoje parece esquecido, mas convém lembrar que a crise que vivemos foi originada pelo gigantesco crash do sistema financeiro em 2007/08. Daí até a direita transportar a culpa, num país com salários médios de 700 euros, para o “vivemos acima das nossas possibilidades” foi um passo. Que urge desmontar e derrotar.

22. Como é que se resolve a crise?

Não há soluções fáceis, mas o que não pode continuar a acontecer é ver o País pagar mais em juros do que aquilo que gasta em todo o sistema de Saúde ou Educação. É preciso renegociar a dívida e garantir recursos para investir na economia e nas pessoas.

23. O que acha da reestruturação da dívida portuguesa?

Uma inevitabilidade (pelas razões já invocadas).

24. A União Europeia, como está, é a fonte dos problemas ou das soluções para Portugal?

Há muito que a Europa falhou a promessa de ser um espaço de agregação e solidariedade, para se transformar numa extensão política (e cada vez menos democrática) dos interesses da finança. Se a austeridade é a moeda única da União Europeia, essa moeda única não serve.

25. Se a Grécia cai, o que acontece a Portugal? E o que é que acontece se a Grécia não sai do euro?

Que ninguém tenha dúvidas: se a Grécia for expulsa do euro, a questão, depois, é saber quem se segue. E Portugal, assim como Itália ou Espanha, serão os principais alvos dos especuladores no dia seguinte. Daí a irresponsabilidade do nosso Governo. Foi a própria [Angela] Merkel quem o disse, por estes dias, que Portugal foi um dos dois países que mais a apoiaram na linha dura contra a Grécia. É como atirar gasolina para cima do fogo e esperar que não nos queimemos.

Não perca amanhã, as respostas da socialista Isabel Moreira.

Imagem de destaque: Catarina Martins © D.R.

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