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Mayra Andrade: “O público português é especial!”

Muito acarinhada pelo público em Portugal, Mayra Andrade apresenta-nos o seu novo trabalho, ‘Lovely Difficult’, em agosto com três concertos que prevê serem “memoráveis”, como refere.

Falámos com a cantora cabo-verdiana sobre o novo registo de estúdio e ficámos a saber que o título vem de uma alcunha que o ex-namorado lhe chamava e que as letras surgem da necessidade de apresentar um trabalho mais confidente…

Como é que nasceu este novo disco?

Este disco é para mim uma viragem musical, fruto de um processo de amadurecimento que me conduziu até aqui, creio eu… Passei os 12 últimos anos da minha vida em Paris e, pouco a pouco uma sonoridade um bocadinho diferente foi ganhando terreno em mim, uma sonoridade um pouco mais pop, mais moderna. Eu, quando comecei a cantar, comecei com algo tradicional, porque era muito importante para mim que fosse identificada como uma cantora cabo-verdiana. Nós, cabo-verdianos, temos muito essa necessidade de mostrar a nossa raiz, de falar da nossa terra…

Temos muita necessidade de existir aos olhos do mundo, por razões mais ou menos óbvias… Todo o cabo-verdiano quer dar o seu contributo para levar um pouco da sua cultura ao mundo e o meu contributo foram os três primeiros discos. Agora, ao quarto, senti vontade de fazer alguma coisa que fosse mais parecida com aquilo que sou no dia a dia, algo que estivesse mais ligado ao momento que estou a viver, à idade que tenho… E então compus, escrevi músicas que seriam talvez menos tradicionais do que os meus discos anteriores e também decidi pedir músicas a cantores e a compositores que nada têm a ver com Cabo Verde. Até agora, 98% dos meus discos eram em crioulo e cabo-verdiano, com exceção de uma ou outra música em português ou em francês. Este disco, metade dele está numa outra língua que não é o crioulo e eu acho que isso é o resultado natural de uma vivência em França já há muitos anos… Eu nunca tinha vivido 12 anos no mesmo sítio, portanto, teria sido muito estranho que isso não se ouvisse na minha música, toda essa influência.

‘Lovely Difficult’ traz algo de novo à própria música cabo-verdiana?

Eu acho que sim, porque é uma equação que não é muito comum no panorama da música cabo-verdiana. Mas ao mesmo tempo creio que somos todos diferentes, os cantores cabo-verdianos, não é? Todos temos um percurso de vida diferente. A Sara Tavares, por exemplo, terá um percurso diferente do meu. E eu procuro fazer uma música que seja o retrato mais ou menos fiel do que eu vivo – as minhas experiências, o lugar onde estou, as pessoas com quem me cruzo… E senti necessidade de trazer isso à música cabo-verdiana, senti vontade de quebrar algumas barreiras… Isto, porque assim como no fado e noutras músicas tradicionais, existe um protecionismo da música cabo-verdiana e, por vezes, fazer algo diferente pode não ser fácil…. De vez em quando, é preciso provocar um bocado as pessoas e assim ir conquistando um bocado de espaço, de forma a quebrar um pouco essas barreiras pré-estabelecidas.

Porque é que sentiu essa necessidade?

Sinto-a desde o início, desde que comecei a cantar… Não é uma novidade para quem segue o meu percurso esperar de mim algo um pouco à margem do tradicional, porque mesmo o meu primeiro disco já é um pouco à margem da música tradicional cabo-verdiana pura. Desde o primeiro disco, foi sempre o que me interessou, essa questão: ‘O que é que posso trazer à música cabo-verdiana?’

E como é que nasceu o nome do disco?

É uma alcunha… O meu ex-companheiro costumava chamar-me assim, lovely difficult. Nos dias em que eu acordava meio de mau humor, ele dizia que eu hoje estava lovely difficult e que eu era lovelly, mas que lhe apetecia deitar o lado dificult pela janela fora! [risos] Por ser uma alcunha e por este ser um disco de certa forma muito pessoal, porque falei muito mais de mim, da minha família, etc., achei que uma alcunha ficava bem…

Tem três concertos agendados para Portugal. Como é que é tocar para o público português?

Eu sou sempre muito bem recebida em Portugal, o público português é um público especial para mim! Digo isto porque sinto mesmo que me segue, desde o início. Depois dos espetáculos, costumo falar com as pessoas e noto que há realmente um histórico, elas sabem onde cantei, há quanto tempo, as músicas que toquei, os arranjos novos que tenho, etc. Sinto-me muito acarinhada e muito querida pelo povo português! E fazer três concertos em Portugal não é a mesma coisa que fazer esses três concertos noutro país qualquer… Eu sou cabo-verdiana, mas é um bocado voltar a casa, no sentido em que já tenho uma relação muito antiga com o publico português, até porque antes de gravar o meu primeiro disco, o primeiro concerto que fiz fora de Cabo Verde foi no Coliseu dos Recreios, em Lisboa, tinha 16 anos… Portanto, é um bocado como voltar a casa… Vão ser com certeza concertos memoráveis!

Tome nota:

– 13/8, Parque Palmela, Cascais. Bilhete, €20.

– 14/8, Parque do Palácio da Galeria, Tavira. Bilhete, €15.

– 15/8, Theatro Circo, Braga. Bilhete, €12,50.

O disco:

‘Lovely Difficult’, é o quarto álbum da cantora de 28 anos, um trabalho mais confidente onde as letras nos revelam o seu lado mais pessoal.

Um registo onde o pop se junta ao tradicionalismo cabo-verdiano, um trabalho único, como aliás tão bem a cantora nos habituou. Sony, €17,90.

Veja o videoclipe do single de lançamento:

Imagem de destaque: Mayra Andrade

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