[wlm_register_Passatempos]
Siga-nos
Topo

Novas exposições em Serralves

No dia 14 de novembro, o Museu de Arte Contemporânea de Serralves inaugura duas novas exposições: uma do artista brasileiro Cildo Meireles e outra da fotógrafa palestiniana Ahlam Shibli.

A exposição de Cildo Meireles apresenta, a par de uma seleção de peças emblemáticas produzidas entre 1969 e 2013 (desenhos, esculturas e propostas conceptuais), obras e instalações de grandes dimensões, dentre as quais se destaca ‘Nós Formigas’, um projeto nunca antes materializado, apresentado pela primeira vez em Serralves.

Esta peça consiste numa grua de gigantescas proporções, instalada por cima de uma câmara subterrânea escavada no solo, que suspenderá um cubo de pedra e sob a qual será instalada uma colónia de cerca de 100 mil térmitas. As posições invertem-se, já que os visitantes observam as térmitas não de cima para baixo, mas de baixo para cima.

Muitas das obras apresentadas constituem comentários críticos a conceitos de território e valor, questionando a História enquanto narrativa de dominação colonial. Frequentemente, os materiais utilizados constroem uma densa constelação de referências simbólicas, intersetando uma interpretação ideológica da História com a assemblagem formal dos seus elementos.

É o caso de ‘Olvido’, uma tenda indígena feita com seis mil notas de banco de todos os países americanos, três toneladas de ossos e 69.300 velas, e ‘Amerikkka’, um chão feito de 20.050 ovos de madeira sob um teto de 40.000 balas.

Explorando a dualidade entre aparência e realidade, em ‘Abajur’, um dispositivo de grandes dimensões que se assemelha a um candeeiro gigante, o esforço de quatro pessoas faz acender a luz que movimenta em sentidos opostos três filmes Cibachrome nele projetados.

Esta exposição é organizada pelo Museu de Arte Contemporânea de Serralves, pelo Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofia, de Madrid, e pelo HangarBicocca, de Milão, e comissariada por João Fernandes, vice-diretor do Museo Reina Sofia.

Cildo Meireles é um dos mais reconhecidos artistas contemporâneos e vencedor do Prémio Velázquez 2008. Tem apresentado um vasto conjunto de peças em importantes exposições internacionais, incluindo a ‘Documenta’ de Kassel e as bienais de Veneza e São Paulo. Esta mostra está patente até 26 de janeiro de 2014.

A segunda exposição apresenta o trabalho fotográfico de Ahlam Shibli. Coproduzida com o parisiense Jeu de Paume e com o MACBA, de Barcelona, ‘Phantom Home’ reúne a maior seleção de obras de Ahlam Shibli até hoje apresentada, incluindo nove séries fotográficas produzidas pela artista durante a última década.

Acompanhadas por textos da fotógrafa reveladores de um longo processo de investigação e de longas conversas com os sujeitos representados, as fotografias de Shibli testemunham um singular olhar fotográfico que não denuncia nem aplaude.

As séries ‘Dom Dziecka: The house starves when you are away’ e ‘Eastern LGBT’ testemunham a capacidade de, mesmo em situações da precariedade, os indivíduos construírem novas constelações sociais e afirmarem a sua identidade.

A primeira expõe as condições de vida de crianças e jovens que crescem em 11 orfanatos na Polónia. Substituindo o núcleo familiar convencional, a instituição de acolhimento converte-se numa sociedade de crianças no seio da qual as relações de tipo familiar se constituem sob uma nova forma.

As imagens de ‘Eastern LGBT’, obtidas em Zurique, Barcelona, Telavive e Londres, retratam pessoas provenientes de países orientais, que abandonaram para poderem viver de acordo com as suas preferências sexuais. As séries ‘Trackers’, ‘Trauma’ e ‘Death’ descrevem conflitos de carácter colonial não circunscritos aos territórios palestinianos.

‘Trauma’ revela a contradição subjacente às comemorações dos mortos na cidade de Tulle, no sul de França, onde se homenageiam tanto as vítimas do ataque perpetrado pelos nazis em 1944 como os combatentes nas guerras coloniais que opuseram França à Argélia e à Indochina.

‘Death’, a mais recente série fotográfica de Ahlam Shibli, concebida especificamente para esta retrospetiva, centra-se nos processos através dos quais a sociedade palestiniana representa os seus mortos, “mártires” nas palavras da artista. Fotografias, cartazes, pinturas, grafitos, inscrições nas campas e objetos de recordação constituem formas de resistência à morte e de ‘representificação’ dos ausentes.

Em ‘Goter’, ‘Arab al-Sbaih’ e ‘The Valley’, a fotógrafa aborda o processo de desapossamento de terras sofrido pelos palestinianos de origem beduína e testemunha as circunstâncias em que vivem aqueles que continuam a habitar os territórios ocupados.

Na série ‘Self-Portrait’, Shibli recria um acontecimento da sua infância, na povoação onde cresceu, numa referência à criação de territórios existenciais.

Em exibição até dia 9 de fevereiro de 2014. Tel.: 808 200 543

Veja mais em Lifestyle

PUB