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‘O Meu País Através dos Teus Olhos’ Cristina Rodrigues

Cristina Rodrigues é portuguesa mas vive em Manchester com o marido. Mas não é por viver fora do País que esquece as suas raízes.

Todos os meses, durante três anos, fez questão de passar uma semana em Portugal a trabalhar em Idanha-a-Nova, não por ser natural de lá, mas porque sempre viveu fascinada com a fronteira cultural. O resultado? A exposição ‘O Meu País Através dos Teus Olhos’, em exibição no Museu Nacional de Arqueologia no Mosteiro dos Jerónimos.

É licenciada em Arquitetura, tem a sua própria empresa há alguns anos e sempre teve um interesse muito grande pelo trabalho etnográfico. Neste momento, é investigadora no MIRIAD (Manchester Institute for Research and Innovation in Arts and Design) e pertence à Manchester School of Arts.

Com o seu curso de Arquitetura fez muita curadoria de exposições até que chegou a altura de fazer uma exposição para si, com o seu próprio trabalho. A sua profunda investigação centrada nas ideias da desertificação, quebra de sentido de comunidade e celebração do feminismo levaram à criação deste trabalho.

Olhando com especial atenção para a zona da raia de Idanha-a-Nova, reflexo de uma forte identidade cultural, criou seis instalações de arte contemporânea.

A ‘Manta’, a ‘Capela’, a ‘Rainha’ e as ‘Três Mouras’ reutilizam objetos que pertenceram a espaços públicos e privados de Idanha-a-Nova. Tudo tem um significado muito próprio e nada está ali por acaso.

Com direito a uma visita guiada pela própria artista, tivemos oportunidade de conhecer a exposição e saber mais sobre o seu trabalho. Conheça um pouco das seis peças, pelas palavras de Cristina Rodrigues.

A ‘Manta’ e a ‘Grega’ (‘Moura I’):

Com sete metros de comprimento por cinco de largura, a ‘Manta’ encontra-se suspensa no teto do museu.

Pintada à mão, é feita de adufes e é acompanhada pela primeira ‘Moura’, a ‘Grega’, feita com renda entrelaçada e cordas de estendal.

A ‘Capela’:

Foi inspirada nas pirâmides de velas que se encontram à porta das igrejas.

Feita com materiais femininos, é uma celebração do feminismo, encontrando-se mesmo ao lado do fundador do museu, José Leite de Vasconcelos.

‘Moura II’:

Tal como as mulheres, cada ‘Moura’ tem o seu próprio caráter: “Uns homens preferem as loiras, outros as morenas, uns preferem uma mulher que seja mais singela, mais simples, e outros preferem mulheres mais exuberantes. E estes seres extraordinários assumem esse caráter, a mais exuberante de todas, a que fica mais à mostra, mais despida, que tem a cadeira ao lado, que faz parte da peça… O tampo conta as histórias que viveu aquela cadeira.”

A ‘Rainha’:

Uma peça que procura homenagear as mulheres belas, não só fisicamente mas também a nível de valores: seres perfeitos na sua beleza sublime. “Quisemos criar uma simetria diagonal com a Igreja de Santa Maria de Belém e fazer uma homenagem à mãe de Jesus Cristo. Porque ela é sempre representada como as rainhas e as princesas. (…) Queria que esse sagrado viesse para o lado de cá também e convivesse aqui com os deuses e com as nossas musas, que são as mouras encantadas: estes seres sobrenaturais que vão estar aqui pela exposição.”

‘Moura III’:

“Mais uma peça que fala sobre as expectativas do feminino. Mais uma vez, os modelos a seguir, aquilo que esperamos de uma mulher e aquilo que temos de evoluir, que não é só externo. É a última moura a mais sofisticada. Ela fala do velho, da memória do objeto, de como facilmente aquilo que é belo deixa de o ser, mas o que é sublime fica para sempre. E este corpo tornou-se sublime. Porque resistiu a essas modas e está aqui.”

A exposição, com curadoria de Paulo Longo, está aberta ao público até 31 de dezembro. Não perca a oportunidade de saber mais sobre as peças de Cristina Rodrigues e de ver, pelos seus olhos, o país que a artista viu através das histórias dos outros.

Informações:

De terça-feira a domingo: das 10h às 18h

Preço: €5

Imagem ©André Castanheira

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