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O mito de conseguir tudo: porque estamos cansadas de ser infinitas

Por trás da frase “a mulher consegue tudo” está uma prisão elegante, embrulhada em frases motivacionais e expectativas invisíveis

Durante décadas, repetem-nos que “a mulher consegue tudo”. Que podemos ter uma carreira bem-sucedida, filhos felizes, um corpo impecável, uma relação apaixonada, uma casa organizada, tempo para amigos, beleza, saúde, sucesso e ainda sorrir no final do dia. A promessa parece liberdade. Mas, para muitas de nós, transforma-se numa prisão elegante, embrulhada em frases motivacionais e expectativas invisíveis.

A verdade é simples: este mito deixa-nos exaustas.

Compramos a narrativa do desempenho perfeito, acreditamos que produtividade é poder, que descansar é para quem desiste. Trabalhamos enquanto os filhos dormem, apagamos as nossas necessidades para cumprir todas as outras, e tornamo-nos mestres em fingir que está tudo bem.

Mas não está.

Quando a liberdade se transforma em obrigação

O que começa como emancipação, a possibilidade de escolher, sonhar e conquistar, converte-se numa cobrança silenciosa: a mulher que aguenta tudo. Que não adoece. Que não falha. Que não reclama. Que não precisa de ajuda.

E se algo falha, ela assume imediatamente a culpa.

Esta cultura da “supermulher” normaliza rotinas impossíveis, planners infinitos, metas acumuladas, e vidas vividas no limite. Transforma o descanso em luxo e o autocuidado em mais uma tarefa na lista.

Nunca se tratou da falta de ambição. Trata-se de um ritmo que não faz sentido para nenhum corpo humano.

Não é coincidência que as doenças autoimunes afetem maioritariamente mulheres. É o resultado de anos de sobrecarga, de estar sempre em alerta, de assumir o papel da força constante. São traumas, cansaços, pressões, expectativas, tudo acumulado num organismo que, um dia, já não consegue segurar o peso.

O que realmente queremos: poder respirar em paz

Enquanto o marketing, os filmes e as redes sociais continuam a gritar “tu consegues tudo”, milhares de mulheres tentam apenas ocupar um lugar no mundo sem terem de provar constantemente o seu valor.

No fundo, não queremos tudo. Queremos espaço. Queremos oportunidades. Queremos descanso. Queremos ser humanas.

Queremos poder dizer “não consigo agora” sem culpa. Queremos pedir ajuda sem parecer fraqueza. Queremos desacelerar sem sentir que estamos a falhar.

Reflexões para perceber em que ponto estás

Deixo algumas perguntas que podem servir de espelho:

  • Tens vergonha de descansar?
  • Achas que parar é perder tempo?
  • Sentes que o teu valor está naquilo que produzes?
  • Costumas pedir ajuda ou tentas sempre resolver tudo sozinha?
  • O teu corpo já te dá sinais de cansaço profundo?
  • Consegues estar sem fazer nada ou isso deixa-te ansiosa?
  • Quando algo não corre como queres, culpas-te automaticamente?

Se estas perguntas criam desconforto, isso não significa que algo está errado contigo. Significa que talvez tenhas vivido demasiado tempo num modelo que te pede para exceder limites que ninguém aguenta.

Pequenas mudanças que podem transformar o teu ritmo

Não se trata de desistir da ambição. Trata-se de redefinir o sucesso.

  1. Troca a exigência pela gentileza. A tua voz interna é crítica ou acolhedora? Começa a reparar como falas contigo. A autocompaixão é uma prática, não um talento.
  2. Cria micro-descansos. Não precisas de um retiro de três dias. Às vezes, 10 minutos de pausa consciente por dia já começam a reequilibrar o sistema nervoso.
  3. Revê expectativas invisíveis. O que fazes porque queres e o que fazes porque “deverias”? Faz uma lista. Vais perceber que metade das tuas tarefas nunca foram escolhidas por ti.
  4. Pede ajuda e aceita-a. É revolucionário permitir que alguém te apoie. Não te diminui. Humaniza-te.
  5. Cuida do corpo como quem cuida de uma casa que quer habitar por muito tempo. Sono, comida real, movimento gentil não como metas, mas como necessidades básicas.
  6. Questiona o mito da produtividade infinita. Produtividade não define valor. Há dias de avanço e dias de manutenção. Ambos contam.
  7. Ajusta o teu ideal de sucesso. Pergunta-te: sucesso para quem? Para quê? Se a resposta não incluir paz, talvez precises reformular.

Não é falhar: é despertar 

A mulher não falha. Nunca falhou.

Estamos apenas a despertar para o facto de que viver no limite não é vida. Que o corpo cobra. Que a alma pede espaço. Que ser tudo para todos nos afasta de ser quem realmente somos.

Este mito levanta-nos mas também nos deixa cansadas. Agora, é tempo de criar um novo modelo: aquele em que poder e descanso coexistem, em que ambição não significa autoabandono, e em que ser mulher não é sinónimo de carregar o mundo.

Não precisamos de conseguir tudo.

Precisamos, sim, de conseguir viver tudo com presença, verdade e paz


Ana Pinto

Photo_Ana_Pinto

Permite-te curar, processar e evoluir

Mentora e criadora da plataforma ‘Naturalmente Mulher’, que visa apostar no desenvolvimento pessoal feminino, especialmente nas áreas da maternidade, desenvolvimento pessoal e divórcio consciente. Dedica-se à criação de conteúdos e mentorias para ajudar outras mulheres a alcançarem uma vida de clareza, propósito e equilíbrio. Tudo é criado de forma individual e de acordo com as necessidades de cada mulher.

-Contactos-

Instagram: naturalmente_mulher

Website: www.naturalmentemulher.pt

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