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Renata Gomes: Woman of the future

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Não é fácil liderar a investigação de um projeto com tamanha visão, pois não só sou pioneira no programa como me obriga a um movimento constante entre continentes e a trabalho árduo em laboratórios em locais totalmente diferentes. Como é óbvio, estar no Médio Oriente põe-nos em contacto com uma realidade diferente, vemos guerras de perto e as consequências dessas guerras. Envolver-me na ajuda humanitária foi quase natural. Providenciei assistência a equipas médicas no meio do deserto, aos hospitais de fronteiras que acolhem qualquer pessoa em necessidade. É normal, de domingo a quinta-feira, trabalhar arduamente no laboratório a desenvolver tecnologias para remendar corações partidos com cientistas do mundo inteiro. Depois, à sexta-feira, vamos nos helicópteros para o meio do deserto ou para os hospitais perto da fronteira, prestar ajuda humanitária, sem qualquer obrigação, por convicção. Mais recentemente, com a crise de refugiados, organizei um grupo de médicos e cientistas para entregar medicamentos. Fiz um pedido a uma grande empresa farmacêutica, e praticamente 20 horas depois pusemos toneladas de medicamentos num dos campos de transição de refugiados na Grécia, que é o primeiro local a que eles chegam após terem fugido da Síria por mar. Nestas alturas, a eficiência e a frontalidade científica dão muito, muito jeito!

Ser incrivelmente boa em laboratório não lhe chega? Sente que tem de espalhar a bondade? Acredita que o mundo pode chegar à paz pela ciência?

Como cientista, acredito que tenho um dever de ajudar a humanidade e providenciar soluções para um futuro melhor. Para que as coisas aconteçam em tempo real, tenho de fazer mais do que experiências e produzir resultados científicos. É importante divulgar o que fazemos pela comunidade não-científica (na comunidade científica, divulgamos o nosso trabalho nas publicações e falamos uma linguagem comum aos cientistas). Como cientistas, também somos abençoados com a capacidade de tornar ideias em realidade, transpor e expor factos sem criar lutas, mas criando discussões construtivas. Porque não usar esse dom para unir pessoas de diferentes culturas e criar a paz, sem pôr em causa a individualidade ou exigir que todos sejam iguais? O jornalista Henrique Cymerman, há umas semanas, quando estávamos em Tel Aviv, disse-me que eu era uma das pessoas que têm a capacidade de tornar o mundo um lugar melhor. Pensei que ele estava a ser simpático, mas afinal começo a acreditar mesmo nisso!

Continua a trabalhar em ciência. Como concilia? Quais são os seus próximos projetos?

Felizmente, consigo conciliar tudo, pois trabalho em equipa. Como trabalho com pessoas que acreditam na sua missão, ajudamo-nos uns aos outros. A minha família percebe o que faço, apoia-me e até dá uma ajudinha. Os próximos projetos passam por continuar a trabalhar com qualidade, manter os projetos profissionais e de voluntariado ativos sempre com muita qualidade, e tentar escrever e publicar crónicas da vida real de um cientista em português e em Portugal…

Já sabe o que vai vestir para a gala?

Pela primeira vez, irei usar criações de estilistas portugueses. Será tudo puramente português. Estou muito entusiasmada por levar Portugal comigo à gala!

Imagem de destaque: Renata Gomes.

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