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Renata Gomes: Woman of the future

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A portuguesa Renata Gomes está na lista das cinco nomeadas para os prémios Women of the Future, na categoria Profissional, que destaca mulheres da sociedade britânica que contribuem com o seu trabalho para um futuro melhor.

Na 11.ª Gala, celebrada a 27 de outubro, a cientista portuguesa a trabalhar em Londres poderá receber o prémio das mãos de Cherrie e Tony Blair. Falámos com ela logo após ser tornada pública a shortlist.

O que sentiu quando soube que estava nomeada para este prémio? Já se habituou a receber prémios?

Quando recebi a notícia, estava numa batalha com um dos microscópios de alta resolução do King’s College London, de chave de fendas em punho, a tentar resolver o problema. O meu telemóvel tocava, mas eu estava ocupada. O meu bolseiro disse-me que era sempre do mesmo número e eu pedi-lhe para responder e ver o que era. A mensagem falava do Prémio Women of the Future, mas eu não estava a prestar atenção ao que me estavam a dizer: estava a lutar com o microscópio, ou seja, foi um momento de frustração e até de zanga com a máquina! Depois, senti-me mesmo muito pequena, pois descrevem as finalistas para esta categoria como mulheres que estão destinadas a serem líderes e a ficarem no topo das suas áreas profissionais, no meu caso Medicina e Investigação. Claro que não me habituo a receber prémios ou ser finalista. É um privilégio e uma honra! Cada final é uma nova aventura, muito excitante e estimulante. Não é todos os dias que se é escolhida entre centenas e centenas de nomeações… Ah, a máquina encontra-se agora de boa saúde e a funcionar!

O que significa profissionalmente uma nomeação destas? E pessoalmente?

Profissionalmente, como sempre, abre mais portas e afirma a nossa capacidade de trabalho, trabalho de qualidade, e de atingir metas ainda no nosso tempo de vida. Também demonstra que um cientista é muito mais do que fazer publicações científicas: elas são e continuarão a ser a razão da nossa existência, mas temos mais para dar. Pessoalmente, também é muito bom. De certa forma, cria um sentimento, uma espécie de ‘garantia’ de que estou no caminho certo. A minha profissão é muito mais do que um trabalho ou uma carreira, é um estilo de vida que felizmente tive a liberdade de poder escolher e seguir. No entanto, não acredito que ser cientista seja um luxo ou uma excentricidade, como algumas pessoas pensam e dizem. Ser cientista é poder ser um precursor para inovação e desenvolvimento da sociedade.

As descobertas científicas muitas vezes consideradas coisas de “nerds”, criam grandes revoluções. Os exemplos são tantos, vão desde criação de vacinas até às experiências básicas que dão origem à construção de máquinas de ressonância magnética, aos acidentes que explicam a lei da gravidade, às frustrações que dão origem a sequenciamento genético, etc. Tudo isto requer muita dedicação e muitos sacrifícios pessoais. Estou em constante movimento e, por vezes, não consigo estar com a minha família durante semanas ou até mesmo durante vários meses. Estas nomeações demonstram que os sacrifícios valem a pena, e que servem de exemplo para motivar outras pessoas a tentarem fazer mais por um futuro melhor para todos.

Acha que esta nomeação não reconhece apenas o seu percurso profissional e que as suas missões como Leader do UK Israel Science Program e a reunião de medicamentos para os refugiados da Síria foram importantes para o conseguir? Fale-me de cada uma delas.

O meu trabalho no dia a dia é ser cientista do coração, o significa que estou sempre a investigar mecanismos e formas de evitar doenças cardiovasculares ou de reverter o mais possível os efeitos dos acidentes vasculares. No entanto, sou apenas uma de 500 cientistas do coração no Reino Unido. Todos nós somos rigorosamente escolhidos, e a inteligência dos meus colegas é enorme. Sinto-me extremamente humilde por ser posta na mesma categoria deles. Daí que pense que não é apenas a capacidade intelectual que me destaca. Acredito que a combinação de liderar o programa de ciência entre o Reino Unido e Israel, as atividades voluntárias de ajuda humanitária e, ainda, também manter a ajuda a programas educativos, como a Rede de Pequenos Cientista, aumentou as possibilidades desta nomeação. O UK-Israel Science Program é uma iniciativa do Governo britânico que, através de colaborações entre cientistas, tenta estabelecer boas relações entre países e criar ciência de excelência a nível mundial. Fui a primeira cientista a ser escolhida para este programa pioneiro que está a ter imenso sucesso, ao ponto de ter sido renovado. No futuro, terá secções em vários ramos da ciência, como foi anunciado há semanas.

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