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Vamos beber um copo de vinho?

Se gosta de vinho, seja tinto, branco ou rosé, este artigo é para si! Sabe como reconhecer um bom vinho? E vinho biológico, sabe o que é? Falámos com Carla Tiago, da Sogevinus, para responder a estas e outras questões, hoje que é o Dia Internacional da Mulher, para que possa celebrar em grande!

As mulheres interessam-se cada vez mais por vinho?

Sempre houve mulheres a trabalhar nesta área e interessadas pela produção de vinho, mas é verdade que, neste momento, há um maior número e uma maior visibilidade. Os tabus sociais foram caindo e, felizmente, hoje em dia, uma mulher beber e apreciar vinho é, já, uma prática normal em grande parte dos países produtores e consumidores deste produto.

Que tipo de castas têm tendência para gostar mais?

Há o velho cliché de associar a preferência por vinhos mais doces e aromáticos às mulheres. Não me parece, contudo, que seja  uma generalização ajustada. Hoje em dia, assistimos a um crescente interesse por castas autóctones, menos exploradas, castas que reproduzam o carácter da uva num determinado local e, no que toca a experimentar coisas novas, as mulheres, por norma, são menos conservadoras.

Monocasta ou blend, de que gostam tendencialmente mais?

Quando falamos no mundo em geral, os monocastas ainda são os mais valorizados, é mais fácil pedir algo que se reconhece. No entanto, é na arte do blending que se encontram os vinhos mais complexos e misteriosos. Uma vez aberta esta porta, a necessidade de explorar torna-se viciante.

Temos hoje mulheres que percebem mais de vinhos do que tínhamos há umas décadas atrás?

Reforço a minha ideia inicial: sempre houve mulheres a perceber de vinho. Contudo, acredito que hoje somos mais ouvidas e reconhecidas. A luta pela igualdade foi transversal em todos os campos e profissões. Percebe-se de vinho porque se gosta e porque se procura mais informação. O género não faz a diferença.

Ainda há muito uma ideia enraizada de que as quintas produzem melhor vinhos do que as adegas. Será verdade?

Cada casa tem a sua identidade, produzindo vinhos para diferentes mercados, com diferentes perfis, para diferentes momentos. E, como bem sabemos, há gente para todos os gostos e preferências não se discutem. Eu posso parecer suspeita porque, na Sogevinus, trabalho os vinhos da Quinta da Boavista, uma das mais emblemáticas quintas do Douro. É verdade, os vinhos desta quinta têm uma identidade impossível de reproduzir e isso é apaixonante. No entanto, como enóloga,  tenho também de admitir que há belíssimos vinhos de adega. O meu melhor conselho: explorar muito e descobrir as nossas próprias preferências.

O que é o vinho biológico, do qual tanto se ouve falar hoje em dia?

Vinhos biológicos obedecem a determinadas regras, em que a produção das uvas é feita sem recorrer a produtos químicos sintetizados e o vinho é produzido cumprindo também determinados critérios. A sustentabilidade é um tema essencial no que aos vinhos diz respeito. Há várias abordagens no que toca a produção sustentável, filosofias diferentes, todas baseadas num sentimento de respeito e preservação do meio envolvente.

É verdade que hoje se ‘carregam’ os vinhos de madeira e de açucar? Para serem mais aprazíveis?

Desde tempos remotos que o vinho é armazenado e preservado em recipientes de madeira,  a madeira não é, portanto, algo novo. No entanto,  dependendo de como é usada, confere diferentes características ao vinho. Um perfil muito apreciado, especialmente pelos mais jovens, é o que lhes transmite características que lhes são familiares, aromas mais adocicados, como baunilha ou chocolate, aliados a um algum açúcar residual. Isto torna os vinhos mais fáceis e descomplicados, tornando o seu consumo mais abrangente. É, na minha opinião, mais um perfil, entre muitos outros.

O vinho português está cada vez melhor? É verdade que os custos de mercado (de venda ao público) não acompanham a tendência do mercado internacional? Ou seja, temos qualidade a bom preço? (demasiado bom?)

O vinho português é um produto que, indubitavelmente, garante qualidade. E, se nos últimos anos, este é já um dado reconhecido por alguns mercados, a verdade é que ainda temos um caminho árduo a percorrer na consolidação desta ideia e, acima de tudo, na divulgação daquilo que torna os vinhos portugueses únicos. Hoje, um vinho português, em qualquer parte do mundo, tem uma excelente relação qualidade/preço, ou seja, temos mesmo muito boa qualidade por um preço acessível.

O que devemos nós, mulheres, ter em conta quando queremos, por exemplo, oferecer uma garrafa de um bom vinho ao companheiro ou para levar a um jantar, por exemplo?

Se costumamos escolher e beber vinho em conjunto, tudo é mais fácil. Eu aconselho ter em conta os gostos dele e, dentro desse perfil, procurar algo diferenciado, que surpreenda. Por exemplo, podemos comprar um vinho com a casta que ele mais valoriza, mas plantada num terroir diferente. Para um jantar, devemos ter em conta o que vai ser servido e tentar procurar um vinho que harmonize da melhor forma com os pratos propostos. Frescura e complexidade são sempre dois requisitos essenciais num vinho prazeroso. Para quem não está tão familiarizado com os vinhos, ler os rótulos ou pedir ajuda ao profissional da garrafeira são sempre boas ajudas.

O que distingue um bom vinho de um mau vinho?

Um vinho só é mau quando mal feito, ou seja, quando apresenta defeitos resultantes de problemas durante a vinificação, envelhecimento ou de armazenamento em condições menos próprias. De resto, é tudo uma questão de gostos e preferências. Mais importante do que ceder a opiniões de terceiros, é provarmos e sabermos o que nos faz mais felizes.

 

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