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Vinho no Feminino: Rita Rivotti

A paixão pelo mundo dos vinhos surgiu cedo e por influência do seu pai, “que era um conhecedor e que sempre nos ensinou a provar”. Rita Rivotti não é enóloga e também não está à frente de nenhuma quinta produtora de vinho, mas é a fundadora da primeira agência de design em Portugal dedicada exclusivamente ao sector dos vinhos e azeites. Estando por detrás do conceito e imagem de centenas de marcas, “algumas premiadas nacional e internacionalmente”.

A Rita Rivotti é…

Mãe de três filhas, fundou a empresa RitaRivotti, a primeira agência de design em Portugal dedicada exclusivamente ao sector dos vinhos e azeites. Licenciou-se em Engenharia Agrícola na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro e tirou o mestrado em Marketing e Gestão de Marcas no ISCTE. Tem o grau 2 do WSET (Wine & Spirit Education Trust).

Criei o conceito e imagem de centenas de marcas, algumas premiadas nacional e internacionalmente. 

Quando é que se começou a apaixonar pelo mundo dos vinhos?

Desde cedo, com o meu pai, que era um conhecedor e que sempre nos ensinou a provar. Cheguei a acompanhá-lo muitas vezes nas visitas ao Alentejo e ao Douro.

O Vinho Serôdio Borges Family, 1836 Port, recebeu uma medalha de prata nos Pentawards - distinção internacional mais importante na área do design de packaging.

O Vinho Serôdio Borges Family, 1836 Port, recebeu uma medalha de prata nos Pentawards – distinção internacional mais importante na área do design de packaging.

Porquê um atelier especializado em design e branding de vinhos, espirituosas, azeites, cervejas e produtos gourmet?

Porque é um mercado muito específico, com requisitos e linguagem próprios e que merece uma dedicação total.

Como é que se processa o branding e design de um vinho? 

O pensamento estratégico está por trás do nosso design. Desenvolvemos imagens adaptadas ao mercado, aos diferentes segmentos de preço e targets, baseado em conceitos verdadeiros e com valor. Costumo dizer que construímos narrativas visuais o que vai muito para além de um desenho bonito.

Vinho Serôdio Borges Family, 1836 Port.

Vinho Serôdio Borges Family, 1836 Port.

O que precisa de ter um rótulo para tornar o vinho mais especial? 

O que me apaixona é descobrir o conceito e o nome, e só depois a imagem. Estes três elementos devem criar uma ligação emocional entre o produtor e o consumidor. Devem contar a história do que está dentro da garrafa de uma forma que o consumidor entenda e que o estimule sensorialmente.

 Qual foi o vinho que lhe deu mais orgulho de fazer o design e o branding até agora?

Não foi um vinho, mas sim uma marca de gelados. O projeto de rebranding dos gelados Fratellini foi o que me marcou mais nos últimos tempos.

Fratellini é uma marca de gelados artesanais criada pela Associação Vale de Acór, uma Instituição Particular de Solidariedade Social, sem fins lucrativos, que trabalha desde 1994 no âmbito da recuperação de dependentes (toxicodependentes e alcoólicos).  Na fábrica trabalham pessoas que terminam o tratamento de reabilitação e que não conseguem ser inseridas no mercado de trabalho. As receitas destes gelados revertem também a favor da Associação, sendo a sua principal fonte de rendimento para além dos donativos.

Para nós, ter tido a oportunidade de desenhar uma marca de gelados foi uma lufada de ar fresco no nosso dia a dia, em que maioritariamente desenvolvemos projetos de vinhos, mas foi, acima de tudo, muito gratificante poder trabalhar e ajudar com o nosso trabalho uma instituição que reabilita pessoas que não conseguiram lidar de uma forma saudável com o mercado onde nós trabalhamos.

Sentimos uma grande afinidade com o Vale de Acór e temos continuado a desenvolver novas peças (embalagens e website) para a Fratellini, e sentimos que a marca está a crescer bastante e a angariar novos consumidores o que nos alegra bastante.

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A gama Symington IDs recebeu uma medalha de ouro nos Pentawards – distinção internacional mais importante na área do design de packaging.

Para si, o que faz um bom vinho?

Ser verdadeiro; expressar a sua origem e a filosofia do produtor. Existe toda uma vida engarrafada que faz dele o que ele é e que deve sentir-se na prova.  Para além disto, é importante a maneira como ele se apresenta porque está estudado que a imagem influencia a própria experiência da prova tanto negativa como positivamente.  E por fim, o prato com que o vamos beber e a companhia!

Enquanto mulher, sente que alguma vez a trataram de forma diferente nesta área profissional?

Não que me lembre. Trabalham muitas mulheres neste sector. Já há muitos anos que não é um “mundo de homens”

Temos pouca ‘reputação’ no estrangeiro?

A marca Portugal tem vindo a crescer e a ganhar notoriedade e a afirmar-se como um país com vinhos únicos.

O que deve ou pode mudar?

Encontrar uma alternativa sustentável para o transporte do vinho. Não faz sentido que se continue a transportar milhões de quilos de vidro pelo mundo fora para transportar vinho. Temos de encontrar novas soluções e o consumidor tem que adaptar-se se a alternativa for igualmente atraente. Gostava de participar nesta mudança. 

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