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Lipedema: a “doença das pernas gordas” afeta um milhão de mulheres em Portugal

No dia em que se assinala o Dia Mundial do Lipedema, Olivas Menayo, cirurgião plástico, Co-Fundador da MS Medical Institutes e Diretor do Instituto Português do Lipedema, desmistifica esta doença

Frequentemente confundida com obesidade, retenção de líquidos ou linfedema, o lipedema afeta, em Portugal, cerca de um milhão de mulheres. Reconhecida desde 2018 como doença distinta pela Organização Mundial de Saúde, esta doença caracteriza-se pela proliferação excessiva e, portanto, patológica, de células de gordura (adipócitos), sobretudo na metade inferior do corpo, sendo também conhecida como a “doença das pernas gordas”. Apesar de ser uma condição maioritariamente feminina, também pode afetar homens.

Sendo uma doença de difícil diagnóstico e com a qual os profissionais de saúde ainda estão pouco familiarizados, o Instituto Português do Lipedema realiza nas manhãs de hoje, dia 11, e 25 de junho rastreios gratuitos e personalizados para mulheres que suspeitem que a sua condição vai além de gordura excessiva, obesidade ou retenção de líquidos. Assim, as interessadas devem fazer a inscrição através do link msmedicalinstitutes.com.

Olivas Menayo, cirurgião plástico, Co-Fundador da MS Medical Institutes e Diretor do Instituto Português do Lipedema, desmistifica esta doença

Olivas Menayo, cirurgião plástico, Co-Fundador da MS Medical Institutes e Diretor do Instituto Português do Lipedema, desmistifica esta doença

O que é o lipedema?

O lipedema é uma condição frequentemente incompreendida e subdiagnosticada, que afeta maioritariamente mulheres. Estima-se que 20% da população feminina mundial sofra desta doença, e em Portugal, a população afetada é de cerca de um milhão de mulheres.

Também conhecida como a doença das pernas gordas, o lipedema é um distúrbio do tecido adiposo, que consiste na proliferação excessiva e, portanto, patológica de células de gordura (adipócitos) sobretudo na metade inferior do corpo, pernas, coxas, quadris, mas também pode atingir os braços e couro cabeludo.

É facilmente confundido com obesidade ou retenção de líquidos, por isso, muitas mulheres vivem anos sem o diagnóstico correto, quando na realidade sofrem de uma doença crónica do tecido adiposo, que é inflamatória, dolorosa e resistente à dieta e ao exercício físico.

É uma doença recente, tendo sido reconhecida pela Organização Mundial de Saúde apenas em 2018, o que justifica o facto de ainda existir pouca informação e conhecimento sobre a mesma.

A que sinais devemos estar atentas?

Fisicamente, o lipedema provoca dor, sensação de peso nas pernas, hematomas fáceis e uma desproporção corporal difícil de aceitar, com pernas mais gordas, e um tronco mais delgado. Psicologicamente, o impacto é profundo: autoestima comprometida, frustração constante com tratamentos que não funcionam e até isolamento social. O desconhecimento da sociedade e, muitas vezes, da própria comunidade médica, acentua ainda mais esse sofrimento.

Há algum tipo de prevenção ou cuidados a ter?

O lipedema é uma doença hereditária pelo que não é possível evitar que apareça. Contudo, é sim possível atenuar ou atrasar o aparecimento dos sintomas, logo desde a puberdade, altura em que os primeiros sintomas podem tornar-se mais evidentes, devido às alterações hormonais próprias da altura.

Por ser uma doença hereditária, o que pode e deve ser feito, é ter em consideração o histórico familiar e apostar na prevenção desde a puberdade, procurando ajuda médica especializada e adotando um estilo de vida saudável que inclua uma alimentação equilibrada e atividade física regular.

Afeta as mulheres de alguma faixa etária em específico?

Existem três alturas críticas na vida da mulher: puberdade, gravidez e menopausa que são “inimigas” das mulheres com lipedema. Sendo que na maioria dos casos, esta patologia desenvolve-se gradualmente desde a puberdade. Também se acredita que o uso de contraceptivos orais possa acelerar o seu desenvolvimento.

Pode surgir associada a outras doenças?

O lipedema também pode aparecer associado a outras doenças, como distúrbios hormonais, hipotireoidismo (clínico ou subclínico), síndrome do ovário poliquístico, endometriose ou alterações do ciclo menstrual (períodos dolorosos, intensos e / ou erráticos), diabetes tipo II ou resistência periférica à insulina.3, e o nível de intensidade da doença pode ser a causa de um desenvolvimento mais ou menos rápido do lipedema.

 Que tratamento existem?

O tratamento do lipedema baseia-se na conjugação de modalidades principais – tratamento nutricional, fisioterapia/tratamento desportivo e tratamento cirúrgico. A não realização de uma delas pode comprometer todo o tratamento e inviabilizar os resultados desejados.

Sabemos hoje que o lipedema é uma condição progressiva — se não for tratado, tende a agravar-se com a idade, provocando mais dor, rigidez, perda de mobilidade e frustração estética. Por isso, o tratamento precoce e personalizado é essencial.

No campo dos tratamentos, a técnica mais avançada atualmente é a SAFEST Liposuction (acrónimo para “Surgical Aspiration For Excess Subcutaneous Tissue”), que representa uma evolução da clássica lipoaspiração WAL (Water Assisted Liposuction). Esta nova abordagem é muito mais precisa na remoção seletiva das células adiposas lipedematosas, com menor trauma para os tecidos adjacentes, e uma recuperação consideravelmente mais rápida.

O diferencial da SAFEST é a incorporação da tecnologia Quantum RF — um sistema de radiofrequência que promove a retração imediata da pele após a extração de gordura, reduzindo significativamente o risco de flacidez, que é uma preocupação comum nas pacientes com lipedema.

Paralelamente, continuamos a recomendar uma abordagem médica personalizada é essencial. Isto inclui modulação nutricional anti-inflamatória, terapias físicas (como drenagem linfática especializada) e suplementação intravenosa com antioxidantes, NAD+ e polinucleótidos, que ajudam a reduzir o stress oxidativo e a melhorar a resposta celular nos tecidos comprometidos.

Esta é frequentemente confundida com obesidade ou linfedema. Porquê?

Essa confusão acontece porque, à primeira vista, as três condições — lipedema, linfedema e obesidade — podem parecer muito semelhantes. Todas envolvem um aumento de volume em certas partes do corpo, especialmente nas pernas e, por vezes, nos braços. No entanto, são problemas diferentes e com causas distintas.

O lipedema é uma doença crónica que afeta principalmente mulheres e provoca um acúmulo anormal de gordura subcutânea, geralmente nas pernas e nas ancas, e que não desaparece com dieta ou exercício físico. Muitas vezes, estas mulheres têm a parte superior do corpo mais magra e a parte inferior desproporcionalmente aumentada, o que pode ser confundido com excesso de peso localizado.

Por outro lado, o linfedema está relacionado com problemas no sistema linfático. A linfa não consegue drenar corretamente e acumula-se nos tecidos, provocando inchaço — normalmente mais visível no dorso do pé ou nas mãos, o que não acontece no lipedema.

Já a obesidade é um aumento generalizado da gordura corporal, associado a um excesso de calorias e, muitas vezes, a hábitos de vida menos saudáveis. Ao contrário do lipedema, a gordura da obesidade pode ser reduzida com dieta e exercício.

Portanto, é essencial que os profissionais de saúde estejam atentos aos sinais específicos de cada condição. O diagnóstico correto evita frustrações e permite oferecer o tratamento mais adequado a cada pessoa.

Qual a importância de um diagnóstico atempado?

Tão importante quanto um diagnóstico atempado é a obtenção do diagnóstico correto e do respetivo tratamento multidisciplinar.

Por desconhecimento da doença, muitos diagnósticos de lipedema não são bem feitos e aconselha-se apenas um plano nutricional. Esta situação faz com que o paciente não perca peso na zona afetada, perdendo maioritariamente na parte superior do corpo, acentuando a diferença entre a parte superior e a inferior.

O lipedema não tem cura, mas a qualidade de vida das pacientes pode melhorar muito se seguirem um plano de tratamentos completo e se mantiverem ao longo de toda a vida cuidados específicos que permitam manter a doença controlada.

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