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Os seus filhos sabem partilhar?

Estimular as crianças para a partilha é um processo gradual e demorado, e pode, por vezes, exigir a intervenção de um profissional de saúde. Mas quando é que isto se justifica?

Este é um cenário: os seus filhos estão no parque a andar de baloiço há algum tempo e não dão o lugar a outra criança. Outro: o seu filho mais novo faz uma birra na festa de aniversário de um amigo porque quer ficar com o brinquedo que foi oferecido ao aniversariante.

Se já se deparou com estas situações, não se alarme. Até uma certa idade, estes comportamentos são aceitáveis, como refere a psicóloga clínica Inês Afonso Marques. “É perfeitamente natural que, em fases mais precoces, não exista uma ‘consistência’ na partilha. Aos 2 anos, o egocentrismo de uma criança ainda está muito vincado. A realidade é vista sempre partindo do ponto de vista do próprio e a criança sente que é o mundo.”

O problema surge quando a criança, já numa idade mais avançada, continua a apresentar claras dificuldades em partilhar os seus pertences. “A intervenção de um profissional de saúde poderá fazer sentido quando, sistematicamente, a criança é incapaz de partilhar, de gerir as suas emoções e de se colocar no lugar de outra pessoa”, afirma a coordenadora da equipa infanto-juvenil da Oficina de Psicologia.

Isto geralmente acontece quando existe uma falha na forma como as figuras de referência se comportam perante as crianças. No campo da partilha, pais, familiares, educadores, e até ‘ídolos animados’, servem de exemplo para os mais novos.

“Aprendendo as crianças por modelagem e imitação de comportamentos, é verdadeiramente importante que estas figuras possam dar o exemplo, partilhando coisas suas – seja um objeto, uma refeição, um espaço ou o seu tempo e a sua atenção”, refere.

“O encorajamento para a partilha deve assentar em dois pilares: na modelageme no reforço positivo. Pais, familiares e educadores devem recordar-se de que de nada serve incentivar a criança a fazer algo se ela depois não vê o adulto a fazer o mesmo. Importa lembrarem-se de que, sendo modelos, devem dar o exemplo”, reforça a psicóloga.

“Por outro lado, sabendo que a criança tenderá a repetir comportamentos que são valorizados positivamente pelos outros, é fundamental que elogiem (verbal e não verbalmente, recorrendo a abraços, a um piscar de olhos ou a uma festinha, por exemplo) as situações em que a criança partilhou algo ou em que tentou fazê-lo.”

Se quer incutir o espírito de partilha nos seus filhos, saiba que não precisa de esperar por uma altura favorável para o fazer. Nesta matéria, até as situações do quotidiano são “excelentes oportunidades para estimular o prazer pela partilha.”

“Situações como o Natal ou os aniversários acabam por ser ocasiões mais estruturais em que a família tem oportunidade de refletir de modo mais intencional sobre a importância da capacidade de nos colocarmos no lugar de outra pessoa.” No entanto, qualquer altura é boa para incutir nos mais novos o espírito de partilha.

No dia a dia, por exemplo, são várias as ocasiões em que a partilha pode surgir de forma natural. E a psicóloga enumera algumas: “Partilhar um brinquedo com um amigo, partilhar a atenção dos pais com os irmãos ou partilhar uma bolacha do lanche com um companheiro.”

Campanhas solidárias, como a campanha de recolha de brinquedos da União das Misericórdias Portuguesas, também são ótimas oportunidades para os pais modelarem comportamentos de partilha e incentivarem os filhos a ser solidários”, sugere a psicóloga.

Contudo, aprender a partilhar é algo que não acontece da noite para o dia. Trata-se de “um processo, de uma aprendizagem que se vai construindo ao longo do desenvolvimento da criança”, e que deve atender às capacidades e limitações dos mais novos.

“Sabemos que partilhar algo nosso, que valorizamos muito, nem sempre é fácil e, efetivamente, a opção de não partilhar, em determinados momentos, também deve ser respeitada.” O importante, refere a psicóloga, é “elogiar as situações em que a criança foi capaz de partilhar, assim como as tentativas que fez no sentido da partilha.”

Imagem de destaque: © VisualHunt.

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