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Vinho no Feminino: Olga Martins

Nasceu em África e cresceu em Vila Real, às portas do Douro, mas muito longe dele. Estudou Engenharia Química, desviou-se para a Enologia e, no seu primeiro estágio de vindima, ficou arrebatada pelo Douro Vinhateiro e pelo setor do vinho, que nunca mais largou.

“Foi amor à primeira vista, pela região e pelo vinho”, conta-nos.

Olga Martins

Olga Martins

Cresceu profissionalmente na Lavradores de Feitoria, que sente tão sua como o seu projeto familiar, o Poeira. Hoje é CEO da Lavradores de Feitoria e conta-nos que ser mulher nunca foi um constrangimento. Menciona que talvez “o facto de ser nova possa ter pesado mais do que o género”.

Trabalha com paixão e entrega e tem o sonho de ver as suas empresas inscritas na história da região e contribuir para uma vida melhor de todos os que lá trabalham. Paralelamente à sua vida profissional, está a sua vida pessoal. Algo que Olga afirma ser difícil de conciliar. Conta-nos que tem de haver muito sacrifício e organização. Quando a sua filha era pequenina, a gestão do tempo era ainda mais difícil.

“Sempre que saía do país voava de madrugada para a poder deitar de noite e para que a perceção dela da minha ausência não fosse tão grande…”

A primeira viagem da sua filha foi aos 3 meses, para Bordéus. Olga foi fazer a Vinexpo e tinha que ir ao hotel de 3 em 3 horas para a amamentar. Houve vários momentos difíceis, mas diz-nos que tem a “sorte de ter uma família fantástica que me apoia imenso”

“É um equilíbrio complicado, quer física, quer emocionalmente. Mas também acho importante que os nossos filhos percebam que é necessário esforço e sacrifício para atingirmos os nossos objetivos”, diz-nos

Lavradores da Feitoria

No Douro, com 20 quintas estrategicamente espalhadas pelas três sub-regiões – Baixo Corgo, Cima Corgo e Douro Superior –, a Lavradores de Feitoria é uma empresa de vinhos, que nasceu com base num modelo de negócio inovador, com a missão de criar vinhos assentes numa lógica de sustentabilidade social, económica e ambiental. No copo, são vinhos com uma identidade muito própria e uma matriz onde se destaca a elegância, a frescura e o potencial de guarda.

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Desenhada na viragem do século, ainda em 1999, e nascida oficialmente em setembro do ano 2000, a Lavradores de Feitoria resultou da união de 15 “lavradores”, então proprietários de 18 quintas, sob uma liderança única na gestão e na enologia. Pela primeira vez no Douro, um grupo de convictos durienses associou saberes e experiências, inovação e tradição, num esforço conjunto e solidário que marcou uma nova época para o Douro. Juntaram-se para partilhar recursos e criar sinergias de forma a obterem o que sozinhos não conseguiriam. Partilha e associativismo, concertados de uma forma moderna, razoável e inteligente, são os valores subjacentes à empresa Lavradores de Feitoria. O objetivo foi, desde o início, o de criar vinhos que respeitassem a origem, num compromisso declarado com a excelência e tradição do Douro.

Atualmente, a Lavradores de Feitoria conta com 53 acionistas, 16 dos quais são proprietários de 19 quintas, uma Quinta – do Medronheiro – comprada em 2008 com o capital próprio, mais de 600 hectares de vinhas, localizadas nas três sub-regiões do Douro: Baixo Corgo, Cima Corgo e Douro Superior. Dos 16 funcionários da Lavradores de Feitoria cinco são acionistas da empresa.

Olga, CEO da empresa, conta-nos querer “ajudar a fazer da Lavradores de Feitoria uma empresa sólida, de sucesso, que terá o seu lugar na história do Douro pelas boas razões.”

O vinho em Portugal

Não poderíamos deixar de lhe perguntar mais sobre o vinho em Portugal e sobre a relação das mulheres com ele. Olga conta-nos que é “cada vez é mais comum ver mulheres em eventos de vinhos, com interesse em provar e conhecer mais sobre as castas e regiões”. Um interesse que não é de agora.

Quanto ao negócio dos vinhos em Portugal, a CEO da Lavradores da Feitoria conta-nos que infelizmente Portugal oferece qualidade a baixo preço. Defendendo que “infelizmente porque em algumas regiões, como o Douro, é impossível manter esta estratégia, que arrasta toda uma região para o abismo. Com os custos de produção que aqui temos é completamente impossível, de forma sustentável, termos vinhos em patamares de preço baixo. Alguém tem que estar a perder dinheiro… e, normalmente, é o lavrador, que vende as suas uvas abaixo do preço de custo.”

“Estamos a destruir uma região, a prazo, se continuarmos a insistir na competição pelo preço.”

Para mudar a falta de reconhecimento no estrangeiro e esta relação injusta de preço-qualidade, Olga diz-nos que se pode fazer muito e em muitas frentes, como a comunicação e o marketing.

“Falando especificamente da minha região – o Douro –, há um problema de base que acaba por boicotar todo o trabalho de promoção que é novamente o preço baixo dos vinhos. Não podemos comunicar uma região especial, com uma viticultura difícil, com castas únicas, de baixa produtividade e depois oferecer produtos ao mesmo preço de regiões de alta produtividade… o discurso perde todo o sentido e chega a soar a falso. Mas não é! Efetivamente não se consegue produzir a baixos preços aqui, e só quando houver uma estratégia concertada entre comunicação e posicionamento é que teremos o sucesso que todos procuramos.”

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