Bolsa de Investigação na 10.ª edição do Programa Gilead Génese e Bolsa de Investigação em Oncologia da Liga Portuguesa Contra o Cancro – Grupos de Apoio e Delegações do Núcleo Regional Sul são as duas bolsas que foram atribuídas à da NOVA Medical School, relacionadas com a imunoterapia no tratamento do cancro da mama triplo negativo. Guadalupe Cabral, investigadora da NOVA Medical School, lidera a investigação. Com ela, tentámos perceber do que se trata e que novas esperanças traz ao tratamento.
Pode falar um pouco do início desta investigação? Como começou e porquê? Em que contexto?
A nossa linha de investigação tem como objetivo explorar a influência de certos tipos de neutrófilos (células do sistema imunitário) na resposta das doentes com cancro da mama ao tratamento a que são sujeitas. Os projetos que foram, recentemente, premiados foram desenhados para ir ao encontro de uma necessidade clínica urgente, que precisa de resposta: melhorar a eficácia da imunoterapia no cancro da mama triplo negativo. A imunoterapia utilizada em algumas pacientes com cancro da mama triplo negativo tem como objetivo potenciar a ação dos linfócitos (outras células do sistema imunitário) infiltrados no ambiente tumoral, ajudando-os a eliminar as células cancerígenas.
No entanto, este tratamento nem sempre é eficaz, devido a diversos fatores. Os próprios tumores podem não conseguir estimular os linfócitos por expressarem poucos antigénios — moléculas que ativam o sistema imunitário. Além disso, pode haver um número reduzido de linfócitos infiltrados no tumor, ou, mesmo quando presentes em maior quantidade, o ambiente tumoral pode ter características imunossupressoras. Isso significa que outras células, através de diferentes mecanismos, podem impedir os linfócitos de exercerem a sua função, mesmo na presença da imunoterapia. Entre essas células imunossupressoras, destacam-se alguns subtipos de neutrófilos, e é, precisamente por isso, que queremos estudá-los.
O que significam estes passos, em termos da esperança no combate à doença?
Ao identificarmos os subtipos de neutrófilos mais relevantes, ou seja, aqueles que exercem maior atividade imunossupressora sobre os linfócitos e reduzem a eficácia da imunoterapia, podemos aproveitar esse conhecimento de duas formas. Primeiro, avaliando a presença desses neutrófilos no sangue das pacientes, para ajudar na decisão sobre avançar ou não para este tratamento. Selecionar, previamente, as pacientes com maior probabilidade de responder à imunoterapia aumenta a taxa de sucesso e evita que outras sejam expostas a um tratamento ineficaz, permitindo considerar alternativas mais adequadas desde o início. Além disso, esses marcadores podem ser úteis para monitorizar a resposta ao tratamento em pacientes já em terapia, possibilitando ajustes caso se perceba que o efeito não está a ser o esperado.
Em segundo lugar…
