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Desafio: 30 dias de sexo

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Quisemos saber o que pensaria o reputado sexólogo desta teoria do pastor americano. Allen Gomes não se surpreendeu com a sugestão dos 30 dias de sexo. Afinal, Paul Wirth não inventou a roda:

Quando comecei a fazer terapia sexual em 1973, em co-terapia com uma colega, a Drª Fernanda Mendes, começámos por adaptar o protocolo Masters e Johnson. Este protocolo tinha um formato de 14 dias de terapia intensiva e era dirigido a casais. Os casais encontravam-se diariamente com uma equipa terapêutica masculino/feminina que programava a atividade sexual que o casal deveria praticar na sua intimidade nesse mesmo dia. Os resultados, ao fim de 11 anos, foram excelentes e nunca foram reproduzidos por outros protocolos.

Francisco Allen Gomes explicou, em seguida, que este método dos dois psiquiatras foi muito criticado pelo psiquiatra húngaro Thomas Szaz que a designou como ‘sexo por receita médica’. “Esta crítica perturbou-me muito, porque também eu estava a aplicá-la aos casais que me procuravam. E levou-me a procurar todo o tipo de estratagemas de forma a que a atividade sexual do casal fosse o mais ‘espontânea’ possível. Até que percebi que um dos maiores fatores de eficácia da terapia era a persistência e a capacidade do casal de lhe dedicar tempo. Por outro lado, a experiência ensinou-me que o sexo espontâneo, mais do que um mito, é uma utopia (ainda é o nosso lado romântico a desculpar o sexo). Daí a minha frase: ‘faz-se sexo quando se pode, não quando se quer’. Também sabemos que quanto menos se faz, menos apetece. Conclusão? Deixei de ter problemas em relação à ‘prescrição de tarefas sexuais’. Tudo isto para dizer que a proposta do pastor pode ter o seu interesse. Mais sexo pode, de facto, trazer mais emoção e mais intimidade.”

Foi o que nós sentimos. Quanto mais se faz mais vontade tem de se fazer, sem dúvida. E, sobretudo, houve como que uma espécie de paixão reacendida. No nosso caso não é algo assim tão novo porque temos a felicidade de fazer, ao longo do ano, algumas escapadinhas românticas, a dois, e que têm justamente esse efeito. E aí a sexualidade é vivida mesmo de forma espontânea, e não como um óleo de fígado de bacalhau tomado por vezes a contragosto. Mas para quem não possa (ou não queira) fazer fins de semana ou férias sem as crianças, ou para quem não tenha filhos, mas tenha deixado o desejo cair num coma profundo, julgo que este ‘remédio’ pode dar uma boa ajuda na cura de muitas maleitas da relação.

Como é evidente, o programa termina e o mais natural é que a vida volte ao mesmo ramerrame de sempre. Allen Gomes sabe bem que esse é o grande problema destas terapias sexuais a médio e longo prazo:

De facto, há tendência para que o ritmo diminua de intensidade. Mas se, para além do aumento da frequência da atividade sexual, o casal descobriu durante o processo terapêutico o potencial erótico que este pode encerrar e o enriqueceu, ficou sempre com uma reserva a que recorrer, motivado mais com a antecipação do prazer do que com a força do impulso.

Ou seja: cabe a cada casal saber prolongar a experiência no tempo, ou seja, saber prolongar a sua própria felicidade. Pela parte que nos toca… agora vamos fazer umas miniférias. Afinal, foi um mês de trabalho intenso! Depois, vamos repetir o desafio mas se calhar ficamo-nos pela ‘receita’ de Masters e Johnson: 14 dias parece-me lindamente. Melhor que os 30 dias do pastor da Florida (esse grande maluco!). Ah, e antes de terminar, dizer que o Ricardo manda daqui um grande abraço à diretora da LuxWOMAN.

Artigo escrito pela jornalista Sónia Morais Santos.

Imagem de destaque: Undercolors of Benetton.

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