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Fast fashion – ou a moda que polui

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Vozes que fazem a diferença

Livia Firth, diretora criativa da consultora de sustentabilidade Eco Age, tem dado importantes passos nesta matéria, foi ela quem criou o ‘Repto da Passadeira Verde’, que motiva famosos e designers a terem uma atitude mais consciente. Livia gosta de colocar o dedo na ferida, porque considera essencial mudar consciências.

“A fast fashion exige que se produza muito depressa, o produtor têxtil tem de produzir sempre mais depressa e mais barato. Temos empresas gigantes que vão a uma fábrica no Bangladesh e fazem encomendas de 1,5 milhões de pares de jeans, pagando entre 30 a 40 cêntimos por cada um. Como é que isso pode ser ético? Não sei. E do ponto de vista do consumidor, é democrático comprar uma t-shirt por €5 ou pagar por um par de jeans €20? O que acontece é que as grandes empresas levam-nos a acreditar que somos ricos e endinheirados porque podemos comprar muitas coisas, mas na verdade estão a tornar-nos mais pobres. A única pessoa que está a enriquecer é o dono da marca de fast fashion!”, afirmou Livia numa conferência sobre o tema que se realizou em Copenhaga.

O algodão geneticamente modificado não engana…

O algodão é, de longe, a matéria-prima mais utilizada na fast fashion, por isso, podemos imaginar o quão importante é a sua produção. Para conseguir responder às exigências de consumo, a terra é sacrificada para produzir cada vez mais e mais rapidamente. Larhea Pepper, produtora de algodão orgânico, no Texas – região onde há 1,2 milhões de hectares de cultivo, a maior do mundo – traça um retrato pouco lisonjeiro: “Nos últimos dez anos, 80% do cultivo passou a ser de algodão geneticamente modificado. A maior parte dos agricultores, em vez de pulverizarem localmente as zonas afetadas por pragas, pulverizam com pesticidas a totalidade dos campos, com recurso a aviões”, adverte Larhea no documentário ‘The True Cost’, ela que se lembra de o avô dizer muitas vezes que tinha de se respeitar a terra.

Na Índia, o cenário é semelhante, mas com uma agravante: “Ao patentear as sementes das plantas geneticamente modificadas, a Monsanto tornou-se o maior grupo químico e de sementes que alguma vez existiu. Todos os agricultores que necessitam de sementes têm de recorrer a ela, eles são pobres e elas são caras. Se não conseguirem controlar as pragas, têm de comprar pesticidas, e quanto mais se usa, mais se tem de usar. Depois há outra questão: as companhias que fazem as sementes modificadas e os pesticidas são as mesmas que fazem os remédios. Assim, se as pessoas tiverem cancros pelo uso excessivo de pesticidas, eles têm mais lucro”, explica a ativista ambiental indiana Vandana Shiva no mesmo documentário.

A situação piora ainda mais quando os agricultores são devedores: “Nesses casos, os agentes dessas empresas aproximam-se dos agricultores e dizem-lhes: ‘Deve-me dinheiro, por isso agora a sua terra é minha.’ Os agricultores, em desespero, vão para o campo e bebem uma garrafa de pesticida”, acrescenta. Para ter uma ideia, nos últimos 16 anos mais de 250 mil agricultores se suicidaram na Índia, o equivalente a um agricultor a cada 30 minutos. Este é, de longe, o maior registo de suicídios da História. Tudo em nome do algodão, a matéria-prima mais utilizada na fast fashion, que todos consumimos.”

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