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Fast fashion – ou a moda que polui

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Monstros nos armários das crianças

A Greenpeace fez um estudo e descobriu produtos químicos perigosos na roupa e nos artigos de pele, incluindo sapatos de criança de várias marcas. Para o realizar, comprou um total de 82 peças de roupa para criança em maio de 2013, de 25 países e produzidas em, pelo menos, 12 países diferentes. O estudo inclui marcas como American Apparel, C&A, Disney, GAP, H&M, Primark e Uniqlo. Marcas de desporto, como Adidas Lining, Nike e Puma, e ainda a Burberry. A roupa foi enviada para os Laboratórios de Investigação da Greenpeace, em Exeter, no Reino Unido. E estes foram os resultados…

Uma luz ao fundo do túnel?

Felizmente, há boas notícias que demonstram que existem já empresas empenhadas em alterar as suas práticas no que diz respeito à produção e ao impacto no ambiente. A C&A, por exemplo, é líder mundial na utilização de algodão orgânico. De acordo com a Textile Exchange, a marca usou mais de 46 toneladas métricas de algodão orgânico certificado em 2014, mais do que qualquer outra empresa a nível global.

“O facto de ser o maior comprador de algodão orgânico do mundo é um sinal positivo que indica que os esforços de sustentabilidade a longo prazo da C&A estão no caminho certo”, afirma Jeffrey Hogue, chefe do gabinete de sustentabilidade da marca. Desde 2004 que a marca apoia a produção de algodão orgânico, a grande percentagem vem da Índia, mas estão a ser analisados potenciais fornecedores na China, no Paquistão e no continente africano.

A C&A aposta em três grandes objetivos para 2020: produtos sustentáveis (a ideia é a de que toda a coleção de algodão seja de algodão orgânico), fornecimento sustentável (o objetivo é o de desenvolver até 2020 uma rede isenta de descargas de químicos nocivos) e vidas sustentáveis (implementar programas que possam melhorar as condições de vida dos trabalhadores e proporcionar condições de trabalho mais seguras).

Também a Levis pode orgulhar-se das suas coleções Waterless, Wasteless e Wellthread. Os produtos Waterless economizam mais de 172 milhões de litros de água e reduzem a utilização da água no processo de acabamento em 96%, através da redução do número de ciclos na máquina de lavar. Nesta campanha, a marca de jeans alerta os consumidores para o facto de que se todos lavarmos os nossos jeans uma vez por semana em vez de duas, podemos economizar globalmente 858.400.000 litros de água.

Na coleção Wasteless, a marca utiliza oito garrafas de plástico recicladas para cada par de jeans. Falta ainda referir o programa Wellthread associado à Docker, a marca do grupo especializada em calças caqui. Este é um projeto piloto de produção totalmente sustentável, as calças são feitas com um tecido mais fácil de reciclar e que consome menos energia e menos água durante o processo de fabrico.

Já em 2007 a Levis tinha feito uma parceria com a ONG Better Cotton Initiative (Iniciativa para um Algodão Melhor) comprometendo-se a promover a produção e o tratamento do algodão, reduzindo o uso de água e pesticidas, preservando a biodiversidade e o respeito das normas de proteção aos trabalhadores.

Também a G-Star pode orgulhar-se de utilizar plásticos que são encontrados nos oceanos para produzir peças de roupa. O projeto chama-se ‘Raw For The Oceans’ e é uma iniciativa que envolve o músico Pharrell Williams, a Bionic Yarn (empresa que criou o material feito a partir de plástico reciclado), a Parley of the Oceans (organização não-governamental que alerta para a beleza e para fragilidade dos oceanos) e a G-Star.

O cenário é preocupante e, por isso mesmo, a Greenpeace tem sido uma das vozes que mais se levantam para combater a poluição na indústria da moda. Graças à campanha Detox, lançada em julho de 2011, esta associação conseguiu que mais de meio milhão de pessoas se juntasse à causa, exigindo uma indústria não tóxica e água potável. A pressão exercida por associações ambientalistas e pelo público acaba por fazer toda a diferença.

Veja-se o caso da Burberry: a marca inglesa comprometeu-se a produzir sem poluir depois da marcação serrada no Twitter, no Facebook e no Instagram, em que mais de 10 mil pessoas a ‘convidaram’ a acabar com os pequenos monstros tóxicos na sua produção. Ao mesmo tempo, voluntários da Greenpeace em seis países, de Pequim a Jacarta, da Holanda ao México, manifestaram-se junto às lojas da marca pela mesma razão.

O que é certo é que a Burberry, a par de outras grandes marcas como a Zara, a Valentino e a H&M, se comprometeram a fazer um detox e a deixar de usar químicos nocivos nos seus processos de manufatura. Pelos vistos, os esforços têm valido a pena, porque marcas como Nike, Puma, M&S, Mango, Esprit, Levi’s, Uniqlo, Benetton, Victoria’s Secret, G- Star Raw, Valentino, Coop, Canepa e Burberry – concordaram alinhar na Campanha Detox.

O objetivo primordial da associação ambientalista é chegar a 1 de janeiro de 2020 com zero descargas de produtos químicos perigosos. Para que isto seja possível é também importante que os países mudem as políticas ambientais, o que nem sempre é fácil, como sabemos. Cabe-nos, a nós, lutar e exigir que estas mudanças sejam tão rápidas quanto possível. Também podemos continuar a assobiar para o lado como se não fosse nada connosco, e a comprar, a comprar, a comprar, mas esta não é, de certeza, a melhor ideia.

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