Elche de la Sierra é considerada o berço das criações de tapetes de serragem centradas na Festa de Corpus Christi. No sábado anterior à festa, três praças e vinte e sete trechos de rua são convertidos em telas reais sobre as quais aparecerão trinta tapetes – composições coloridas que alternam entre cenas religiosas e figuras geométricas. Durarão apenas três horas e serão destruídos com a passagem da procissão de Corpus, mas os trinta grupos de tapetes são preparados meses antes. Competindo pela honra da criação de tapete mais impressionante, os seus designs ganham mais espetacularidade a cada ano.
Fotografias: José María Moreno García
A festa mereceu a distinção de Interesse Turístico Nacional e está ligada a uma tradição milenar, baseada na recepção de Jesus Cristo em Jerusalém. Durante a Idade de Ouro, a tradição de criação de tapetes feitos de flores ainda sobreviveu, embora agora a prática tenha praticamente desaparecido. De facto, o criador da tradição em Elche de la Sierra, Francisco Carcelén, teve a ideia de uma viagem a Tarrasa, vendo ali a criação de um tapete feito de pétalas de flores para a festa da oitava de Corpus. Em 1964, e em absoluto sigilo, Carcelén tingiu aparas de serragem e, ajudado por doze jovens, criou os primeiros tapetes de serragem. A surpresa durante a procissão do Corpus no dia seguinte foi tão bem recebida que desde então, não só continuaram com a elaboração destes tapetes, como deu origem a uma tradição cultural da mais alta classe. Ao longo do desenvolvimento da tradição, os irmãos Galera tiveram especial importância quando, em 1965, criaram um tapete de estilo cubista da “Última Ceia” na Plaza de la Iglesia, e o chamado “Cristo do Ovo Frito”. Estas imagens marcaram o início de uma competição entre vizinhos para criar cada vez mais composições artísticas. Nas décadas de 70 e 80 a tradição consolidou-se, até chegar ao ponto atual, com clubes de tapetes e os seus meses de preparação.
Fotografias: José María Moreno García
Os tapetes de serragem de Elche de la Sierra devem ter existido antes do seu renascimento em 1964, visto que a tradição foi levada para as Américas pelos conquistadores. Atualmente, muitos lugares da Guatemala também produzem esses tipos de tapetes de serragem tingidos.
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