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Jorge Pina: “O desporto salvou-me, mas a cegueira também”

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Foi difícil essa adaptação do boxe para o atletismo?

A adaptação foi dura. O boxe era a minha paixão.

E o atletismo?

Agora é. O amor com outro amor se cura. O atletismo não me fez esquecer o boxe totalmente, que ainda está presente na minha vida. Tenho, na Associação Jorge Pina, o projeto Music Boxe, inserido em vários bairros sociais.

Fale-me da Associação, que fundou em 2011. Fê-lo com que meios?

A Associação surgiu depois de eu ter perdido a visão, uns aninhos depois. Tinha amigos ao meu lado, que me apoiaram. Não os amigos da noite, da rua, das festas, das loucuras, mas todos aqueles amigos que queriam, tal como eu, poder ajudar, e ajudar-me, com este projeto e com esta associação. Tinha o Francisco Mendes [apresentador] ao meu lado, e que me dizia “Vamos criar a associação, vamos ajudar estas pessoas.” E depois juntaram-se outros. Outros amigos, família, mais pessoas que partilham o meu pensamento e que apareceram para ajudar. E hoje estamos aqui, nesta caminhada. São muitas as pessoas que me ajudam. E muitas caras conhecidas. Tenho o meu grande ‘irmão’ Ricardo Guedes, que conheci no programa [televisivo] ‘Splash’, que me ajuda sempre. E estamos aqui todos para nos ajudarmos uns aos outros. Se todos pensassem assim, vivíamos num mundo feliz.

Depois de ter criado a Associação, surgiu a primeira Escola de Atletismo Adaptado em Portugal. Como é que isto se desenvolveu?

O sonho era meu e a Rexona montou-o. Esta é uma ideia em parceria com a Rexona e a Torke+CC. O Rodrigo Rodrigues [da Torke+CC] foi quem me levou à Rexona, ao Pedro Gonçalves [responsável de marketing da área personal care da Unilever], e me fez sonhar. Eu sonhei e disse-lhe qual era o meu sonho. E assim foi. O Jorge Pina e a Rexona Unilever criaram este projeto fantástico, o Rexona Corre Por Mais, que está a ajudar milhares de jovens e está a ajudar muitos portugueses a ganharem o gostinho pela corrida.

Agora queremos duplicar o número de jovens, ajudar mais pessoas e chegar mais longe.

E desde o início que sabia que era um sonho que podia ser alcançado?

Acho que sim. Todos os sonhos são possíveis de alcançar quando nos empenhamos para que eles se realizem. Não posso ficar à espera que ele apareça. Somos nós que temos de ir à procurar dos caminhos, e se não estivermos atentos aos sinais que Deus nos dá, ou aos sinais que a vida nos dá, e não estivermos prontos para os receber, então perdemo-nos. Todos os momentos na vida são importantes. E temos de estar atentos. Há pessoas que pensam: “Só vou ali porque está lá aquela ou aquele.” E muitas vezes é nos sítios onde parece não estar ninguém que encontramos alguém disposto a ajudar-nos. E isso já aconteceu comigo várias vezes. Eu sei que há coisas que não acontecem por acaso, que há alguém que nos leva lá. Tenho várias experiências disso. Vou lançar um livro agora onde falo sobre muitas coisas que não acho que sejam obra do acaso. Nós temos mesmo de estar atentos aos sinais que nos são dados. E tudo é importante. Falar com uma criança, por exemplo. Proporcionar-lhe um momento de alegria, de felicidade. Ajudá-la.

Então, o feedback deste primeiro ano da Escola tem sido positivo?

Tem sido tão bom que até já fico com medo. Começam a chegar cada vez mais pessoas. A Associação e a Escola estão cá para servir, para ajudar os jovens. É esse o objetivo, da Escola, da Associação e da Rexona. E temos lá imensos miúdos. 57 inscritos a frequentarem as aulas e uma equipa de competição já preparada para competir. Já tivemos um atleta que foi medalhado num torneio internacional, na Croácia. E isso é muito bom. Agora queremos duplicar o número de jovens, ajudar mais pessoas e chegar mais longe.

Os jovens que se inscrevem são lutadores desde cedo ou precisam ainda de palavras de incentivo?

Só por chegarem ali, já são uns lutadores e vencedores. Depois, dali para a frente, descobrem-se. E eu estou lá para lhes dar aquele ‘boost’.

O que é que lhes diz?

Eu falo muito com eles. Digo-lhes que é possível, que se eu consegui eles também conseguem. Que nós estamos ali para mostrar que somos capazes, que temos de nos preocupar com as nossas eficiências e não com as deficiências.

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