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No guarda-roupa de ‘A Colina Vermelha’

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Amor, trevas e mistério: eis as três palavras-chave do novo filme de Guillermo del Toro, ‘A Colina Vermelha’, que chega hoje, dia 22, às salas de cinema do País.

A película conta a história de Edith Cushing (Mia Wasikowska), uma jovem aspirante a escritora que vive assombrada pela morte da sua mãe e que vê o seu pai falecer em circunstâncias misteriosas.

Sozinha num mundo envolto em segredos, Edith é acolhida pelo sedutor Sir Thomas Sharpe (Tom Hiddleston), que a leva para a sua imponente mansão no topo de uma colina vermelha, e onde nenhum morador estará a salvo.

A beleza é uma constante em todo o filme, desde os ambientes aos cenários, sem esquecer o guarda-roupa que, segundo o realizador, “é um dos elementos mais marcantes para a sua beleza pictórica”.

A propósito da estreia em Portugal de ‘A Colina Vermelha’, damos-lhe acesso a uma entrevista exclusiva com Kate Hawley, a responsável pelo guarda-roupa do filme, que remete para uma estética teatral vitoriana.

Como é que surgiu o convite para participar na produção do filme ‘A Colina Vermelha’?

Tive conhecimento do trabalho de Guillermo del Toro através do filme ‘O Labirinto do Fauno’ (2006), estava eu num quarto de hotel na Nova Zelândia. Lembro-me de comentar com uma amiga que adoraria trabalhar um dia com ele. Dois anos depois, Peter Jackson [realizador e produtor de filmes como ‘O Hobbit’] apresentou-nos e Guillermo convidou-me para trabalhar com ele no filme ‘Batalha do Pacífico’ (2013). Mais tarde, falou-me sobre outros filmes e disse-me: “Tenho aqui este projeto para um filme vitoriano!” Na altura, estava em Inglaterra e não aceitei mais nenhum outro trabalho, porque quando tens um convite destes, feito pelo próprio Guillermo, sabes logo que será um projeto especial.

Como é que ele é?

É uma pessoa com duas facetas – é um geek, apaixonado por robots e monstros, mas também um homem do Renascimento. Ele tem uma riqueza de conhecimentos sobre todos os assuntos, e essa é uma das coisas que me fazem gostar do trabalho dele. Consegue criar histórias a partir das imagens que cria. Uma vez, descreveu-se-me como um ditador benevolente [risos]. Embora coloque fasquias altas, ele é também uma pessoa muito colaborante, apaixonada e hilariamente eloquente na escolha dos seus palavrões.

Que conversas é que tiveram sobre o guarda-roupa deste filme?

O Guillermo foi, desde cedo, muito claro quanto aos dois mundos do filme: Buffalo, em Nova Iorque, e Allerdale, em Lake District, Inglaterra. O mundo de Allerdale é representado pelo inverno, pelo frio, pela fome, pelo passado e pela ruína. Na mansão vivem os dois irmãos da família Sharpe, Lucille e Thomas. Em contraste, para o mundo em Buffalo, Guillermo queria ilustrar o verão, a riqueza, a prosperidade, o mundo dos ricos. É o começo de uma época moderna, que descreve o ‘novo mundo industrial’.

E como é que trabalhou esses mundos?

Na minha cabeça os dois mundos estavam separados por uma porta secreta. Os trajes foram desenhados para espelhar a arquitetura, o ambiente e a atmosfera onírica deste romance gótico. A grande prosperidade de Buffalo foi retratada através de uma paleta em tons de dourado. Com Allerdale, foi o oposto. Vemos o mundo velho e moribundo da mansão retratado em azul-ciano, tons mais invernais. Quando atravessas a porta para o mundo de Allerdale e de Inglaterra, entras no passado, como se tivesses acabado de tirar da cara os teus óculos com lentes cor-de-rosa. Vemos através dos olhos de Edith, ela que observa os irmãos Sharpe tal como eles são. A fantasia romântica que ela tinha anteriormente já passou. A roupa de Thomas e Lucille, ainda que grandiosa, está a deteriorar-se. Parece que pertence a outra pessoa, de uma era anterior.

Até que ponto é que a roupa revela traços das personagens?

A roupa reflete a jornada emocional das personagens e é um eco do simbolismo de cada uma delas. Tem uma qualidade orgânica. Por exemplo, a Lucille é sombria, como as traças e as borboletas que ela coleciona num pote. Edith, a nossa beleza frágil, é a borboleta dourada. Os dourados da roupa de Edith contrastam fortemente com as cores mais escuras que Lucille veste, os tais tons azulados de Allerdale.

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