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Maria Barroso

Maria Barroso morreu na madrugada desta terça-feira, dia 7, aos 90 anos.

Filha de uma professora primária e de um tenente do exército, Maria Barroso nasceu a 2 de maio de 1925 na freguesia de Fuzeta, em Olhão. Foi batizada com o nome de Maria de Jesus Simões Barroso, ao qual acrescentou Soares quando, em 1949, se casou com Mário Soares.

Costumava dizer que uma mulher não está por trás de um grande homem, mas sim ao lado. De facto, Maria Barroso foi muito mais do que a esposa do antigo Presidente da República.

Durante a juventude, passou pelo teatro e pelo cinema. Em 1943, diplomou-se em Arte Dramática no Conservatório Nacional, e um ano mais tarde estreou-se no palco do Teatro Nacional D. Maria II com a peça ‘Aparência’, de Jacinto Benavente.

O reconhecimento público enquanto atriz chegou em 1947, ano em que interpretou Benilde na peça de José Régio ‘Benilde ou a Virgem Mãe’. Em 1975, repetiu o papel, já no cinema e sob a direção de Manoel de Oliveira, que também a convidou a participar nos filmes ‘Amor de Perdição’ (1979) e ‘Le Soulier de Satin’ (‘O Sapato de Cetim’) (1985).

Em 1951, licenciou-se em Ciências Histórico-Filosóficas, na Faculdade de Letras de Lisboa, onde conheceu o homem que viria a acompanhar até ao fim da sua vida, pai dos seus dois filhos, João e Isabel.

Chegou a ser professora e diretora do Colégio Moderno, mas foi como ativista política e social que mais se destacou. Participou na reunião fundadora do Partido Socialista, em 1973, apesar de ter votado contra a ideia da fundação do partido.

Dedicou-se à luta pelos direitos humanos, pela liberdade de opinião e de expressão e pela instauração de um regime democrático em Portugal. Foi primeira-dama antes de o ser, tal era a sua envolvência em causas sociais e políticas.

Nos dez anos que esteve em Belém, de 1986 a 1996, empenhou-se na defesa dos países de língua portuguesa e teve um influente papel na luta contra o racismo, a xenofobia e a exclusão social.

A sua lista de feitos notáveis é extensa. Fundou a Assembleia Geral da Associação para o Estudo e a Prevenção da Violência (APEV), foi presidente de Honra da UNICEF em Portugal e foi membro da Comissão de Honra da Assistência Médica Internacional (AMI).

Um dos seus últimos cargos públicos foi a presidência da Cruz Vermelha Portuguesa, de 1997 a 2003, tendo também dirigido a Pro Dignitate, Fundação de Direitos Humanos.

Deu a sua última entrevista em maio deste ano, aquando da comemoração dos seus 90 anos, ao jornal i, na qual afirmou: “Valeu a pena ter vivido. Apesar de todas as contrariedades, de todas as encruzilhadas. Passei tempos muito difíceis quase desde que nasci. Mas acreditei sempre.”

O corpo de Maria Barroso estará em câmara ardente no Colégio Moderno, a partir das 18h de hoje, e o funeral realiza-se amanhã, dia 8 de julho, no Cemitério dos Prazeres, em Lisboa.

Imagem de destaque: Foto © Arquivo Lux.

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