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Moda Sustentável e os Direitos das Mulheres

Com a chegada do Dia Internacional da Mulher, é importante celebrarmos as conquistas e avanços de mulheres em todas as partes do mundo, mas é também crucial lembrarmos das batalhas que diariamente se enfrentam, principalmente as que nos passam despercebidas.

Existem muitas lutas que permanecem ocultas aos olhos do público e uma delas acontece na indústria da moda. E, embora não pareça existir uma conexão óbvia, moda sustentável e direitos das mulheres estão intrinsecamente relacionados.

Embora todos saibamos que a Moda é uma indústria que movimenta muitos milhões por ano, a verdade é que grande parte dos trabalhadores ao redor do mundo vive abaixo do limiar da pobreza.

E desses trabalhadores, aproximadamente 80% são mulheres, segundo dados encontrados no site do Fairtrade. Mulheres que enfrentam uma série de desafios socioeconómicos e políticos que as tornam mais vulneráveis do que seus colegas homens.

Este cenário é particularmente ameaçador quando olhamos para alguns países asiáticos. Existem vários relatórios internacionais que mencionam que muitos dos trabalhadores da indústria da moda do sexo feminino enfrentam abusos sexuais, horas extras forçadas e não remuneradas, deduções salariais e violência de gênero. E isto considerando igualmente que a diferença salarial em relação a um homem chega a ser de mais de 60% (Percentagem baseada em dados do Paquistão. Na Índia, por exemplo, a diferença é de cerca de 35%).

Mesmo trabalhando mais de 12 horas por dia, seis dias por semana, essas trabalhadoras recebem duas a cinco vezes menos do que o necessário para se sustentarem a si mesmas e às suas famílias, levando a uma grande insegurança financeira e impedindo a sua independência. Este baixo rendimento faz com que muitas mulheres comecem a levar as suas filhas de apenas 10 anos de idade para trabalharem consigo nas fábricas, conseguindo assim mais um pouco de rendimento para o lar, mas acabando também por perpetuar o abuso para a próxima geração.

Para mais simplesmente visualizarmos este problema da indústria, usemos um exemplo simples e olhemos para as nossas camisolas. Vê algum bordado ou lantejoulas?  Sabia que em muitos países essas lantejoulas foram colocadas à mão por mulheres subcontratadas que laboram nas suas próprias casas em condições precárias, sem contratos ou proteção social adequada? Estas mulheres chamadas de “trabalhadoras invisíveis” são as mais mal pagas do setor, ganhando em média 40% menos do que os trabalhadores das fábricas (que, como já vimos, pouco ganham para comer).

Elas estão completamente excluídas das leis do trabalho, não têm qualquer acesso a informações sobre seus direitos e não têm como estabelecer conexões com sindicatos ou associações que as possam proteger.

A exploração destas mulheres é o resultado direto da pressão do mercado para se consumir muito, rápido e produzir de forma barata, maximizando lucros enquanto se ignoram os direitos ou bem-estar das pessoas.

Embora cada vez mais marcas se tenham comprometido a tomarem medidas para que na sua supply chain não se cometam violações de direitos humanos, nem sempre estas iniciativas voluntárias têm sido suficientes para proteger adequadamente as mulheres.

Para garantir que os direitos das mulheres não sejam sacrificados é urgente ação. É necessário haver uma legislação que responsabilize, mas também é necessário que nós, como consumidores, façamos a nossa parte.

Ao refletirmos sobre quem está por trás das nossas roupas, devemos reconhecer que apoiar a moda sustentável não é apenas uma escolha consciente, mas também um ato de solidariedade para com as mulheres em todo o mundo que estão na linha de frente dessa indústria. Consciencializar sobre as condições de trabalho dessas mulheres e exigir transparência e responsabilidade das marcas são passos cruciais para avançarmos em direção a um mundo mais equitativo e sustentável.

Juntos, podemos contribuir para criar um futuro onde todas as mulheres sejam valorizadas e respeitadas, dentro e fora da indústria da moda.

Artigo de Opinião de Sara Celina

Sara Costa

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