Com 180 anos, a Torres Novas atravessou várias épocas, reinventou-se e hoje vive uma nova vida nas mãos de uma geração que, no final de 2020 e início de 2021, se dedicou a tempo inteiro a manter vivo este legado. Inês Vaz-Pinto, diretora criativa e sócia da marca, assume-se como uma “guardiã da alma” da Torres Novas e tem, ao longo dos anos, traduzido o seu legado para o presente, com modernidade, coerência e beleza — e sempre com respeito.
Torres Novas
A Torres Novas tem atravessado épocas e reinventado o seu papel no têxtil português ao longo de 180 anos. “Sempre sentimos que a Torres Novas continuava viva na memória dos portugueses e que merecia renascer”, recorda Inês Vaz-Pinto.
Depois de começar a ajudar o tio-avô — antigo administrador — em 2018, Inês confessa que “durante algum tempo conciliei esse sonho com o meu trabalho, dedicando-lhe os meus tempos livres, até que, no fim de 2020, impulsionados pelo contexto da pandemia, lançámos oficialmente a marca”. O verão de 2021 marcou uma viragem: “Se era para fazer, era para fazer bem — e foi nessa altura que decidi dedicar-me a tempo inteiro à Torres Novas. Ser Diretora Criativa é, para mim, ser guardiã da alma da marca”.
A sua função traduz-se em “olhar para o legado da Torres Novas com respeito, e ao mesmo tempo traduzi-lo para o presente — com modernidade, coerência e beleza”. Inês partilha que a sua “principal missão é zelar pela coerência e pela identidade da Torres Novas — garantir que cada detalhe, cada produto e cada comunicação refletem o que somos e o que queremos transmitir”.
Sobre os produtos que fazem mais sucesso, destacam-se as toalhas Elegance 650g/m² em branco, bordadas com iniciais; os guardanapos Nazaré em algodão com viés verde e pequenos bordados; as luxuosas toalhas Gibalta em verde; os lençóis em cetim de 400 fios com acabamento em ponto aberto; e os roupões clássicos brancos bordados no peito.
O que diferencia a marca, sublinha Inês, é “a história, a autenticidade e a forma como aliamos tradição e contemporaneidade. Somos uma marca antiga, mas muito atual. Mais do que vender toalhas ou roupa de cama, queremos proporcionar pequenos confortos que tornam o quotidiano mais bonito e mais calmo”.
Embora consolidada e com 180 anos de história, a marca ainda enfrenta vários desafios, como a produção exclusivamente nacional, que implica custos e capacidade produtiva, e a internacionalização, já que “em Portugal, a marca tem uma forte herança e reconhecimento, mas fora do país estamos a construir tudo de raiz. É um processo exigente, mas também muito entusiasmante”.
Por detrás de um grande projeto, está uma grande mulher
Uma mulher de fé, Inês Vaz-Pinto é muito observadora: “Oiço através das paredes e gosto de estar por dentro de tudo”, afirma. Aprecia a beleza dos detalhes, das pequenas imperfeições e do silêncio. Gosta de descobrir restaurantes novos, passear com a sua família, ler, descansar no campo e fazer people watching. “Gosto de observar o mundo a acontecer — sem pressa”. Para si, a felicidade está num “dia frio e cheio de sol, a passear junto ao mar ou ao rio, com um bom petisco à espera no fim”.
Ao longo da sua vida, já passou por várias cidades europeias — Florença, Londres, Milão e Paris — mas foi em Lisboa que encontrou o seu porto de abrigo. Começou a trabalhar muito cedo e o seu percurso internacional deu-lhe uma perspetiva mais ampla, preparando-a para os desafios que enfrentaria.
O que o futuro reserva?
Sempre com os pés bem assentes na terra, Inês partilha o desejo de levar a Torres Novas além-fronteiras e torná-la numa marca de têxteis-lar de referência a nível europeu. Consolidar as categorias que já dominam e explorar novas áreas dentro do universo da casa também faz parte dos planos, assim como “continuar a inovar, mantendo a tradição e a qualidade que nos definem”.
