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Não somos peças soltas — A importância da visão holística na saúde

Artigo de Opinião de Teresa Silva, Especialista em Bem-Estar e Desenvolvimento Pessoal da Clínica Magna

Os avanços da medicina moderna permitiram compreender, de forma cada vez mais precisa, o funcionamento do corpo humano, promovendo descobertas notáveis e o desenvolvimento de especialidades que aprofundam o conhecimento e aperfeiçoam os tratamentos. No entanto, a mesma especialização que nos trouxe mais precisão também trouxe uma visão cada vez mais segmentada da pessoa.

Não somos peças soltas de um puzzle. Somos um todo. E cada parte só faz sentido em conjunto.

A saúde não é um estado estático nem estanque, mas um equilíbrio vivo e dinâmico, em constante adaptação às nossas emoções, hábitos e circunstâncias. Muitas das condições que hoje enfrentamos não podem ser compreendidas, nem tratadas, de forma fragmentada. A separação entre o físico e o emocional, entre o corpo e a mente, é uma realidade desajustada para quem vive, no dia a dia, com dores persistentes, distúrbios do sono, ansiedade ou doenças crónicas.

Um sintoma físico pode ser a face visível de um desequilíbrio emocional prolongado. A tensão muscular pode nascer de um stresse acumulado que não encontra forma de expressão. O cansaço constante pode refletir não apenas uma carência nutricional, mas também o peso de responsabilidades excessivas, de frustrações não verbalizadas, de emoções ignoradas. E o inverso também é verdadeiro: dores persistentes, por exemplo, podem minar a autoestima e levar à exaustão emocional.

O corpo fala. E é urgente reaprendermos a escutá-lo.

A visão holística da saúde propõe exatamente essa escuta integrada: olhar para a pessoa como um ser completo, com uma história única, com experiências, medos, rotinas e sonhos que influenciam o seu estado de saúde. Esta abordagem não nega os avanços da medicina convencional, antes os complementa, reconhecendo que a cura, no sentido mais profundo do termo, começa muitas vezes com a reconexão consigo próprio, com o reconhecimento das necessidades reais do corpo e da mente.

Não se trata de substituir uma abordagem pela outra, mas de construir pontes entre saberes. De integrar práticas baseadas na evidência com outras que respeitam a individualidade e promovem o autocuidado e a prevenção. De criar espaço para que a pessoa se envolva ativamente no seu processo de cura, deixando de ser apenas recetora de tratamentos para se tornar agente do seu próprio bem-estar.

Hoje sabemos, por exemplo, que o stresse crónico está associado ao aumento do risco de doenças inflamatórias, metabólicas e cardiovasculares. Que o isolamento emocional impacta negativamente o sistema imunitário. Que padrões de pensamento e crenças limitadoras afetam a forma como enfrentamos a dor ou a doença. E que práticas de relaxamento, nutrição equilibrada, escuta ativa e autorregulação emocional podem ser tão relevantes como a medicação, em muitos contextos.

Neste sentido, abordagens como o biofeedback, que permite treinar a resposta fisiológica ao stresse, a homeopatia, que considera o indivíduo como um todo, ou a medicina chinesa, que atua sobre os fluxos energéticos do corpo, são exemplos de caminhos terapêuticos integrativos que contribuem para restaurar o equilíbrio e promover a saúde.

A saúde é um processo. E, nesse processo, é fundamental que possamos contar com profissionais que vejam a pessoa por inteiro.

Uma abordagem integrada à saúde é uma necessidade num tempo em que o ritmo acelerado da vida moderna, a pressão constante e a fragmentação das relações humanas nos afastam da escuta interior e do cuidado de nós mesmos.

A verdadeira prevenção começa quando olhamos para o todo. E quando entendemos que a nossa saúde não se resume a peças isoladas, mas a um organismo vivo, extremamente complexo e profundamente interligado.

Teresa Silva

Especialista em Bem-Estar e Desenvolvimento Pessoal da Clínica Magna

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