Sofia Hoffmann lançou, na semana passada, o seu terceiro álbum. “[In]LOVE” conta com a produção e participação do cantor, pianista e compositor Ivan Lins, e foi apresentado ao vivo no dia 8 de novembro em Caldas da Rainha.
Exposta desde muito cedo à música, foi a família uma grande impulsionadora da sua carreira musical. Em casa dos pais ouvia de tudo um pouco, desde música clássica à música pop. Sempre que se juntavam todos, o tio tocava guitarra e cantava. “As reuniões de família acabavam sempre por incluir animação através da componente musical”.
Aos 16 anos começou a estudar guitarra clássica. Seguiram-se, pouco tempo depois, as aulas de técnica vocal com a cantora lírica e professora Maria do Rosário Coelho. Naquela altura, também, integrava uma banda, onde, juntamente com mais cinco amigos, “escreviam e musicavam originais”. Depois, mais tarde, fez um curto masterclass de jazz vocal em Itália. De regresso a Portugal, foi acompanhada pela artista Maria João durante quase um ano. Em 2019 lançou o seu primeiro álbum, “ONE SOUL”, e, em 2022, lançou “Rebirth”. Agora, dois anos mais tarde, lança um terceiro disco, “[In]LOVE”, que conta com a produção e participação de Ivan Lins. Apresentado ao vivo na sexta-feira passada, nas Caldas da Rainha, a LuxWoman esteve à conversa com a artista luso-alemã.
Quem é Sofia Hoffmann?
Excelente questão…! Diria que a Sofia Hoffmann é uma artista apaixonada pelo que faz, pelo percurso que está a construir no mundo da música e pelos momentos de felicidade e de emoções que consegue passar a quem a ouve e vê em palco. É perfeccionista mas aceita cada vez mais os seus pontos fracos, e procura fazê-lo também com os que a rodeiam. Voa com o coração mas tem os pés assentes na terra. Sabe que se não cantar e escrever música, não é feliz. É também trabalhadora e lutadora, e acredita que nada é impossível. Acredita também na bondade e na verdade humana, correndo por vezes o risco de ser ingénua. Adora viver entre o oriente e ocidente, e procura retirar o melhor de cada experiência. Já foi mais sonhadora, mas continua a acreditar nos sonhos que ainda não se concretizaram!
Qual foi a inspiração para o seu novo álbum “[In]LOVE”?
A grande inspiração (e por muito que possa parecer um clichê), foi o Amor – ou por outra, os vários tipos de amor que fui experienciando ao longo dos últimos dois anos. E foram também os sonhos – os que queremos muito que aconteçam e não passam disso, e os que se concretizam quando menos esperamos!
Porquê este título?
Este disco não trata apenas o amor romântico entre duas pessoas, mas também reflete o amor pela natureza, pelo mundo, pela vida, na amizade e também na tristeza. E sobretudo, o Amor próprio. Podemos viver em amor, por amor, com amor, no amor… O mundo precisa mesmo de mais amor!
Qual a sua música favorita do disco?
Muito difícil de identificar apenas um tema…! Poderei mencionar, talvez, 3 temas que sejam mais marcantes para mim neste disco – o tema [In]LOVE (por ser o mais forte em termos de mensagens que o mesmo transmite – olharmos para nós, agradecermos pelo que temos e vivemos, e o mantra que traduzido de Sanskrito para Português significa algo como “que todos os seres vivos sejam livres e felizes, e que nós possamos de alguma forma contribuir para tal, através das nossas palavras e acções”). O dueto com o Ivan Lins, “O SONHO”, pela beleza melódica que o Ivan compôs e pela honra enorme que sinto no que respeita esta colaboração, através da letra que escrevi para o mesmo; e, por último, o tema “Dolce Far Niente”, por ser mais atrevido e divertido, e por reportar aos tempos em que vivi em Itália.
Mencionou o dueto com Ivan Lins, “O Sonho”, como uma das suas músicas favoritas do álbum. Pensando no futuro, com quem gostaria de colaborar?
Colaborar com o Ivan foi claramente um sonho tornado realidade! Dentro da mesma linha de grandes artistas que não só escrevem e produzem música única e maravilhosa, mas que também sentem a responsabilidade do que é ser artista e poder fazer a diferença na sociedade, adoraria trabalhar com o Sting, com o Mário Biondi e com o Nitin Sawhney.
A sua relação com a música começou em pequena?
Começou sim. Fui exposta desde muito pequena à música infantil alemã, portuguesa e, também, à bossa nova, em casa dos meus tios. Sempre adorei cantar o que escutava. Em casa dos meus pais ouvia-se desde a música clássica até aos mais diversos géneros de pop, e o meu tio tocava guitarra e cantava alguns dos fados e covers americanos mais icónicos, pelo que as reuniões de família acabavam sempre por incluir animação através da componente musical.
Profissionalmente, quando começou o seu percurso na música?
O meu percurso iniciou-se com o estudo da guitarra clássica com 16 anos, e logo depois com as aulas de técnica vocal com a Maria do Rosário Coelho. Na altura fazia também parte de uma banda de 5 elementos (amigos de escola) na qual se escreviam e musicavam originais. Mais tarde inscrevi-me num curto masterclass de jazz vocal em Itália com a cantora e pianista Laura Fedele, e posteriormente em Portugal,fui acompanhada pela Maria João (Grancha) durante quase um ano. Os primeiros concertos de temas originais aconteceram em 2017 com produção própria e o primeiro álbum “ONE SOUL” foi lançado em 2019, pelo que apesar de já cantar há muitos anos, posso dizer que comecei oficialmente a minha carreira há cerca de 7 anos. A sitar e a música clássica indiana chegaram em 2015, e fazem também parte deste percurso musical.
Quais foram e são as suas referências e influências musicais?
As minhas influências e referências musicais derivam de vários géneros; em termos de jazz, tenho como referência a Ella Fitzgerald, Etta James, Chet Baker, Glenn Miler, Wayne Shorter e no âmbito da bossa nova e do jazz mais alternativo, o incontornável Ivan Lins, Tom Jobim, Stan Getz, Astrud e João Gilberto, Gal Costa e Mário Biondi. Já no pop e música do mundo, tenho duas grandes referências – Sting e Nitin Sawhney, e também admiro imenso as duas veteranas Chaka Khan e a Dionne Warwik. No âmbito da música do mundo instrumental – mais concretamente, da sitar – oiço o trabalho de Ravi Shankar, Ali Akbar Khan e claro, da Anoushka Shankar e do meu professor Arjun Verma.
Quando escreve, no que é que se inspira?
Quando escrevo preciso sempre de silêncio, e geralmente de sair da minha rotina. A inspiração chega frequentemente durante as viagens que faço, mas também quando assisto por exemplo a um pôr-de-sol. Inspiro-me também nos meus sentimentos e nos sentimentos que observo nos outros. Mas mais do que tudo, inspiro-me em momentos que por alguma razão, considero que devam ser “imortalizados” através de uma canção – talvez na tentativa de os manter “congelados” no tempo, para que não passem, ou simplesmente porque permitem fazer um processo de catarse e de aprendizagem – e essa mesma canção acaba por funcionar como um lembrete quando a escutamos.
Onde vamos poder ouvir, ao vivo, este novo álbum?
Darei notícias através das minhas redes sociais, em @sofiahoffmannofficial, sobre o próximo ano, mas estão todos convidados, desde já, para o concerto de “Christmas Jazz” que farei no dia 13 de dezembro em Lisboa, pelas 21h30, no Auditório Carlos Paredes!