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O rosa de outubro não é só uma cor, é um apelo à ação

Artigo de opinião Dra. Emília Vieira, Presidente da Associação Amigas do Peito

Todos os dias, em Portugal, morrem 4 mulheres com cancro da mama e 13 recebem uma notícia que muda as suas vidas. São números frios, mas que escondem rostos, famílias e histórias de vida que mereciam um outro desfecho. O cancro da mama é o tipo de cancro mais frequente entre as mulheres, e uma das principais causas de morte oncológica no país. Ainda assim, há um dado que não pode ser ignorado: quando detetado precocemente, a taxa de sobrevivência aos cinco anos ultrapassa os 96%.

É inegável a importância dos rastreios organizados que em Portugal começam agora aos 45 anos, mas a vigilância deve começar bem antes, com o autoexame e a atenção a alterações no corpo. A prevenção absoluta pode não ser possível, mas é possível reduzir riscos e, sobretudo, salvar vidas em tempo útil.

Os motivos são múltiplos e complexos, desde predisposições genéticas até fatores de estilo de vida cada vez mais marcados pelo sedentarismo, alimentação desequilibrada, consumo de álcool e tabaco, ou pela gravidez tardia. E, ao contrário do que se possa pensar, este é também um problema que afeta 1% dos homens. Por falta de conhecimento, muitos ignoram os sinais e chegam ao diagnóstico tarde demais, o que em muitos casos pode ser fatal.

Apesar de mais comum após os 50 anos, o cancro da mama começa a aparecer em idades cada vez mais jovens. Muitas mulheres adiam a maternidade, outras acabam por perder o emprego durante o tratamento e ainda há quem sinta o corpo como território desconhecido depois de uma cirurgia. O cancro da mama é físico, mas é também psicológico, social e profundamente humano.

Há uma parte destas histórias que não são tão faladas: o que acontece depois do diagnóstico. Quando o tratamento começa, quando o cabelo cai, quando a rotina deixa de existir. É aqui que a comunidade e instituições como a nossa, Amigas do Peito, têm um papel fundamental. É preciso garantir que ninguém se sente isolado, que as famílias têm suporte e que as necessidades práticas – como alojamento durante tratamentos ou ajuda com transporte – estão a ser asseguradas. A humanização da saúde passa por olhar para a pessoa e não apenas para a doença: ouvir, acolher, dar espaço à partilha de emoções e oferecer soluções integradas.

O trabalho da Associação é, então, um complemento ao hospitalar, oferecendo apoio psicológico, social e logístico a doentes e famílias. As Casas de Acolhimento, por exemplo, garantem alojamento gratuito a quem precisa de se deslocar para Lisboa durante os tratamentos. Os grupos de entreajuda, os rastreios gratuitos em empresas e as ações de sensibilização são outras respostas que, todos os dias, fazem a diferença na vida de quem enfrenta a doença.

A Gala Solidária Amigas do Peito realizou-se a 24 de outubro na Aula Magna da Universidade de Lisboa

Mas, manter este trabalho exige recursos e envolvimento comunitário. É por isso que eventos como a Gala Solidária Amigas do Peito, que se realizou a 24 de outubro na Aula Magna da Universidade de Lisboa, são muito mais do que uma noite cultural. Cada bilhete é uma oportunidade de prolongar vidas. Cada contributo é uma ponte entre a solidariedade e a ação concreta.

Em outubro, o rosa ganha voz, mas é mais do que campanhas e imagens estéticas, é um apelo à ação. Um lembrete de que a prevenção e o apoio salvam vidas. Falar sobre o cancro da mama, apoiar quem o enfrenta e reconhecer o papel das associações é transformar consciência em ação. Porque o futuro começa com o que fazemos agora.


Emília Vieira

Presidente da Associação Amigas do Peito 

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