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Sabe qual é a mentira que contamos com mais frequência?

Na nossa cultura, existe um tabu quase intransponível em matéria de intimidade. Recorremos com frequência ao velho jargão do “não tenho nada, está tudo bem”. Mesmo quando algo desaba sobre a nossa cabeça.

Vivemos num “transe” colectivo de “sorrisos”, de “gostos”, de “adoros”, no modo automático como perguntamos “Tudo bem?” e respondemos “tudo bem” e tudo parece perfeito até chegar a hora em que já não der para fingir para si mesmo(a) que está tudo bem. A verdade é que isso pode estar a custar-lhe caro.

“Estou bem”. Essa é a mentira que (nos) contamos com mais frequência.

Por isso, a minha pergunta de hoje é: A SÉRIO que está tudo bem? Não… não está tudo bem. Vamos ser sinceros e olhar as coisas de frente. Não está tudo bem, mas… VOCÊ pode fazer com que melhore.

Na vida real, nem sempre as coisas estão bem.

Dizer “está tudo bem” não vai fazer com que os seus encontros amorosos finalmente corram bem. Nem vai fazer com que a sua ansiedade ou depressão magicamente desapareçam. Também não vai fazer com que a sua casa se auto-limpe em 5 minutos em que ao mesmo tempo em que você se diz e tenta convencer de que “está tudo bem” e ao seu redor a sua casa pega fogo!

Mas deixe-me dizer-lhe uma coisa. Há um potencial gigantesco dentro de si, que se você soubesse dele até caia para o lado de espanto sobre o que poderia fazer com ele (esse potencial). Assim, dizer “está tudo bem” pode até amenizar, no momento, alguma angústia, mas não é isso que a(o) vai ajudar. Não é isso que vai fazer com que a chave possa finalmente virar na sua vida.

Você tem uma pessoa incrível dentro de si. Existe uma versão heróica de si mesma(o), capaz das maiores façanhas e superações. Eu sei disso, nós, psicólogos, sabemos disso. Trabalhamos com essa versão todo o santo dia. Não é uma coisa de acreditar. É uma coisa de ser e fazer. Portanto, a sua versão heróica, essa pessoa incrível que você tem dentro de si só vai conseguir florescer se você rejeitar para si mesma(o) aquela velha conversa, aquela velha história (que não a(o) tem levado a lado nenhum) de que “eu não tenho nada, está tudo bem”.

Sabemos que é inútil apelar para a velha desculpa de que “as respostas estão dentro de mim, isso é coisa que resolvo comigo mesmo”.

Com certeza, as respostas estão dentro de cada um(a), mas na maioria das vezes, num quarto escuro, fica difícil achar a maçaneta da porta de saída…

Sem as perguntas colocadas no momento certo as respostas não surgem.

Sejamos francos, não está tudo bem. Para muitos de nós, o processo de endurecer os nossos corações sacrificou a nossa sensibilidade, aquela leveza de criança. Ficamos ‘cascudos’ para nos escondermos do mundo, mas agora, na vida adulta, de que vale continuar a tropeçar na própria carapaça?

Não tem de ser em todos os momentos nem com todas as pessoas, mas não precisamos de ter sempre um ar forçado, um sorriso armado, uma cara de tacho só porque parece ser bom ou porque parece bem. Isso pode deixar as pessoas depressivas e a sentirem-se culpadas por se sentirem mal, o que acaba por acarretar mal-estar psicológico às pessoas, muitas vezes, apenas por terem altos e baixos típicos da vida.

Às vezes é preciso soltar, relaxar, deixar fluir uma certa dor, algum abalo.

Não, não somos de ferro e mesmo o ferro deixa-se moldar, derreter, transformar.

Venderam-lhe a mentira do que é que seria “suposto” os seres humanos sentirem. A mentira de que seria suposto que você vivesse a sua vida isento(a) de qualquer tipo de dor. A mentira de que a dor, de alguma forma, é inerentemente má, errada, desnecessária, inconveniente. A mentira de que não existe nenhuma verdade, nenhuma sabedoria, nenhuma força a serem encontradas na dor emocional. Então, deixe de mentir a si mesmo(a) e abrace o facto de que não, por vezes, pode não estar “tudo bem”. É normal e esperado que os seres humanos, em algum momento da vida, sintam dor. E não, não é a dor emocional que é desnecessária. São as mentiras que lhe venderam sobre sentir dor que são desnecessárias.

Possa a sua consciência, o seu auto-acolhimento, a sua perseverança ajudá-lo(a) a restabelecer, gentilmente, segurança dentro da sua dor, momento a momento, e trazer-lhe um sentido vivido e real de libertação, de alívio, de capacitação.

Sara Ferreira

Psicóloga Clínica (Cédula Profissional Nº 10418)

Terapeuta Credenciada pela Federação Europeia de Associações de Psicólogos (PT-052503-201907)

Gestora de Formação e Formadora Certificada (CAP N.º EDF 46361/2005)

Técnica de Saúde Certificada pela Ordem dos Psicólogos Portugueses na prestação de Consultas de Tele-Psicologia (Online)

Escritora

968147357

facebook.com/apsicologasara

apsicologasara.com

 

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