Segunda-feira, 21 de setembro
Sinais de cansaço do dia anterior? Muitos! Mas a moda não dá tréguas e, por isso mesmo, lá retornei ao pavilhão da IFEMA para assistir a novos desfiles, novas propostas e, quiçá, novas tendências.
Ao fim de quatro dias, posso afirmar que o Oriente foi, sem dúvida, uma forte inspiração para os criadores espanhóis. Em ‘Hiroko’, de Juan Vidal, as influências nipónicas manifestaram-se sobretudo a nível dos padrões florais.
O designer, que este ano conquistou em Espanha o Prémio Nacional da Moda, na categoria Novos Talentos, misturou impecavelmente lírios e flores de lótus com riscas horizontais – uma combinação que, em certos momentos, me fez lembrar a coleção primavera/verão 2014 do designer britânico Christopher Kane.
Seguiu-se o desfile de Alvarno, da dupla Arnaud Maillard e Álvaro Castejón. Ou melhor dizendo, da ‘Guerra das Estrelas’. Flashes, luzes néon, vozes robóticas e o encontro do passado com o presente e o futuro.
Com muita pena minha, não cheguei a cruzar-me com os três homens mascarados de Darth Vader que circularam pelo recinto durante a manhã, mas pude ver, já na passerelle, o rosto do grande vilão estampado em alguns vestidos e sweatshirts da autoria de Maillard e de Castejón.
O golpe de laser vitorioso surgiu já no fim do desfile, que encerrou com um vestido iluminado por luzes led de várias cores. Caso para dizer: que a força esteja com eles!
Terminada a minha viagem pelo império galáctico, sou reencaminhada para um novo mundo, completamente antagónico do anterior. De que falo? Da coleção de The 2nd Skin Co., e das propostas desta dupla de designers, que volta a fazer do vestido a peça-chave do seu trabalho.
Assim, tanto temos vestidos curtos como longos, mais ou menos fluidos, mais ou menos volumosos, mais transparentes ou mais opacos… Enfim, diversas variações desta peça a nível do corte, da cor e dos materiais, dos quais se destacam a seda, a organza e o lurex.
Os desfiles sucedem-se uns aos outros. Mas entre eles sobrou-me tempo para fazer uma nova visita ao backstage. Assim que entrei na sala de beleza reparei imediatamente nos lábios das manequins, pintados de negro, com lápis para os olhos, com uma textura cremosa. “O próximo desfile promete”, pensei.
Maya Hansen fez da passerelle a sua floresta negra… mas não tão negra como eu estava à espera. Consegue imaginar uma reinterpretação moderna do estilo roqueiro, baseada em estampados de palmeiras e em cores como verde-lima e azul-bebé? Eu não conseguia, até ter visto ‘Black Jungle’.
A coleção girou em torno da silhueta espartilho, e do próprio espartilho enquanto peça de vestuário. Mas houve espaço também para vestidos – curtos e justos ao corpo, ou longos e com folhos ligeiros – camisas leves, minissaias, casacos biker e calças slim-fit.
O dia terminou com as propostas de Dolores Cortés. Biquínis, triquínis, fatos de banho e túnicas de praia, que ainda não tinha visto até àquele momento, fizeram-me lembrar a estação para a qual os designers estavam a criar. Afinal de contas, o que é que seria de um verão sem estes básicos imprescindíveis?
Imagem de destaque: Juan Vidal, primavera/verão 2016 © Getty Images.