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Adição ao Jogo: uma doença crónica que não tem cura, mas pode ser controlada

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a adição ao jogo é uma doença crónica, que não tem cura, mas que, com ajuda, pode ser controlada. De acordo com o Serviço de Regulação e Inspeção de Jogos (SRIJ), no primeiro trimestre de 2023, em Portugal, o número de jogadores registados era superior a 3,6 milhões, sendo que 83% dos jogadores são jovens, entre os 18 e os 34 anos. No mesmo período, a atividade de jogo e apostas online gerou mais de 196 milhões de euros, com 56,4% a corresponderem a jogos de fortuna ou azar e 43,6% a serem referentes ao jogo de apostas desportivas à cota.

Os Jogadores Anónimos são uma rede de grupos de autoajuda que seguem um programa criado nos EUA, de 12 passos e 12 tradições, que tem como objetivo final manter os dependentes afastados do jogo. Disponíveis em Lisboa e no Porto, abriram recentemente em Sintra. Além disso, existem também vários grupos online através da plataforma Zoom.

Em conversa com a LuxWoman, José António, elemento da plataforma Jogadores Anónimos, explica esta doença crónica e o que pode ser feito para a prevenir.

Sendo a adição ao jogo uma doença crónica, que não tem cura, o que pode ser feito para ajudar a controlar?

Na primeira fase, toda a ajuda é bem-vinda, a Santa Casa disponibiliza apoio psicológico gratuito com psicólogos especializados em jogo, e a frequência de grupos de autoajuda é fundamental.

Esta é ainda uma doença não reconhecida e desvalorizada pela sociedade? O que deve ser feito para mudar?

Passar a mensagem de que a adição ao jogo é uma doença crónica, que não tem cura, mas tem tratamento igual à adição ao álcool e a drogas. Tal como as outras, é uma adição que pode ter sérias consequências, não só financeiras, mas a nível psicológico e familiar.

Quais os sintomas desta doença?

Nenhum jogador começa logo a jogar compulsivamente. Ao início, começamos com apostas pequenas e controladas, e normalmente a adição começa a manifestar-se depois de se ganhar algum prémio mais avultado. Como não conseguimos controlar, queremos mais, e quando perdemos, vamos sempre tentar ter essa emoção outra vez. Isso é o que nos faz continuar a apostar mesmo depois de já termos perdido muito, o pensamento de que na próxima aposta é que está a resolução dos nossos problemas.

Em Portugal, no primeiro trimestre de 2023, o número de jogadores registados era superior a 3,6 milhões, de acordo com o Serviço de Regulação e Inspeção de Jogos. O que nos dizem estes dados?

Durante a pandemia, as pessoas ficaram mais tempo fechadas em casa e muitas viram nas apostas uma maneira de passar o tempo e até ganhar algum dinheiro extra, o aumento dos jogadores online foi exponencial, e agora estamos a ter os resultados dessa situação.

Há alguma forma de prevenção? Qual?

Alertar para os perigos e consequências que podem resultar de jogar compulsivamente.

Quais os métodos utilizados nos Jogadores Anónimos?

Seguimos o método dos 12 passos e 12 tradições, que surgiu nos EUA e foi adaptado do AA em 1957. O primeiro passo é admitir que temos um problema e que sozinhos não somos capazes de controlar a nossa própria vida. A partir daí, quem assiste às reuniões presenciais ou online ouve partilhas de companheiros que estão ou estiveram na mesma situação e vai identificar-se com essas pessoas.

O tipo de jogo, a idade, o género pode ser diferente, mas a adição é a mesma, e ao perceber que pode falar abertamente e sem ser criticado nem julgado (porque todos cometemos insanidades), vai ser mais fácil falar do seu problema do que tentar falar com um familiar ou amigo que não percebe.

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