Artigo de Opinião de Mónica Gomes Ferreira, diretora do Instituto Mulher e Saúde da MS Medical Institutes
Era bom que a resposta a esta questão fosse assim tão simples ou linear. Não existe uma única resposta, existem diferentes pessoas, com diferentes necessidades e condicionantes. A única certeza é que a higiene íntima é uma parte essencial do cuidado diário e desempenha um papel importante na saúde feminina.
Mitos à parte, as evidências científicas são boas conselheiras e com recurso a uma recomendação médica cada mulher pode adaptar a sua higiene íntima, usar os produtos mais aconselhados e criar uma rotina que não altere a microbiota vaginal, protegendo-a contra as infeções.
Mas vamos por partes:
Água ou sabão?
Apesar do uso de água morna ser suficiente para a limpeza diária, quem prefere usar produtos de higiene pode fazê-lo, desde que opte por fórmulas suaves, com pH semelhante ao da vulva (entre 3,8 e 4,5), livres de fragrâncias e substâncias irritantes como o álcool ou sulfatos agressivos.
O tipo de produtos disponíveis também varia, em função da formulação e objetivo, e existem sabonetes líquidos íntimos, lenços húmidos íntimos e brumas ou sprays refrescantes. Estes últimos, os lenços e brumas ou sprays devem ser usados com moderação para não irritar e/ou desregular a microbiota vaginal.
Com que regularidade devemos efetuar a higiene íntima?
A frequência da higiene íntima deve ser diária, mas a quantidade de vezes depende não só das necessidades individuais, mas também do nível de atividade física.
Ou seja, após o exercício físico ou transpiração intensa também se recomenda lavar a região para remover suor e prevenir desconfortos, mesmo que seja uma segunda lavagem.
Se a pessoa tomar banho de manhã, pode ou não existir uma limpeza noturna, dependendo se houve transpiração ou o uso prolongado de roupa justa.
Brumas ou perfumes íntimos, sim ou não?
Estudos indicam que fragrâncias artificiais podem causar irritações, alergias ou mesmo alterar o pH da região íntima, favorecendo infeções como vaginose bacteriana ou candidíase.
Se se tratar de mulheres saudáveis, o uso destes produtos pode ser opcional, contudo, a principal preocupação deve ser sempre a limpeza e o equilíbrio natural da vulva, para não se mascararem odores.
É a presença dos odores fora do normal, mais desagradáveis ou fortes, que indicam infeções, e que devem ser um sinal de alerta para a visita a um especialista.
No caso de existirem infeções ativas, ou alterações da vulva por via da menopausa, o uso destes produtos pode agravar os sintomas, ou se existir maior sensibilidade ou alergias, por exemplo, mulheres com histórico de dermatite de contacto ou alergias a fragrâncias, o uso deve ser evitado.
Mas, afinal, o que podemos usar e quando?
O uso de produtos de higiene uma vez por dia é suficiente para evitar ressecamentos ou alterações no pH.
Entre as características desejáveis devem estar produtos com pH ácido (entre 3,8 e 4,5), fórmulas suaves, livres de sulfatos agressivos, álcool ou parabenos e devem evitar-se fragrâncias artificiais ou corantes.
Em suma…
A higiene íntima deve ser simples, respeitando o equilíbrio natural da região genital. Produtos específicos podem ser usados com moderação, desde que sejam escolhidos com atenção às suas formulações. Em caso de dúvidas ou desconfortos persistentes, é sempre aconselhável consultar um ginecologista, que poderá fornecer orientações personalizadas e informadas com base na saúde e necessidades de cada mulher.
Artigo de Opinião de Mónica Gomes Ferreira
Diretora do Instituto Mulher e Saúde da MS Medical Institutes
