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Biopic de Anselmo Ralph chega ao cinema

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Estreia hoje, dia 3, e promete ser um dos grandes sucessos de bilheteira em território nacional. ‘Vontade de Vencer’ podia ser só um filme sobre um dos grandes fenómenos da música angolana, mas é mais do que isso. É uma lente que oferece uma visão real do artista e da pessoa que é Anselmo Ralph. Falámos com o realizador, André Banza, que nos explicou o porquê do filme.

Como é que nasceu o filme?

O trabalho surgiu por intermédio da produtora Até ao Fim do Mundo e da produtora Semba Comunicação. E o próprio Anselmo também foi desafiado para fazer um trabalho deste género. A ideia inicial era a de fazer um road movie sobre os bastidores da carreira e da tournée do Anselmo e, ao mesmo tempo, contar um bocadinho este fenómeno que existe agora em torno dele, não só em Angola, mas também em Portugal. Eu trabalho na produtora Até ao Fim do Mundo, fui convidado para fazer este filme e acabei por pegar no projeto.

É um trabalho muito diferente dos restantes que tem feito, como as série ‘Último a Sair’ ou ‘Os Contemporâneos’, por exemplo?

Nunca tinha feito nada assim, com esta dimensão: uma longa-metragem, documental ou até mesmo algo sobre música, sobre um artista em concreto… Mas era algo que tinha em mente e que gostaria muito um dia de fazer, porque trabalho também em Angola e já visito o país desde 2008, ou seja, a música angolana e a cultura angolana sempre me interessaram muito. Neste sentido, interessou-me também muito contar a história do Anselmo.

Como é que foi conhecer Anselmo Ralph?

Por acaso foi engraçado, porque só à quarta vez é que conseguimos fechar uma reunião, porque a agenda dele é impossível [risos]. Acabou por ser nos bastidores do ‘The Voice Portugal’, entre gravações. O Anselmo é uma pessoa muito simples, muito acessível, trabalhámos sempre muito bem. Eu não conhecia a música do Anselmo, nem o fenómeno em si… E acho que foi engraçado ter sido convidado para fazer o filme precisamente por ter uma visão de fora. Conhecer o fenómeno e o porquê do fenómeno acabaram por ser depois as premissas principais do filme.

Porque é que Anselmo Ralph mereceu um documentário em seu nome?

O porquê do documentário acho que tem muito a ver com o facto de revelarmos o que é que acontece na carreira do Anselmo e nos bastidores e com o facto de explicarmos um pouco como é que este músico angolano tem uma dimensão tão grande em Portugal e em Angola. Depois, também tem a ver com a globalização da própria música. Há interesse maior dos europeus e dos portugueses na música angolana e na música como expressão urbana, principalmente. O R&B, a kizomba, tudo o que os angolanos já fazem há muito tempo parece estar a ganhar adeptos agora em Portugal e na Europa… E a própria música angolana já tem alguns laivos de outras sonoridades, como os Estados Unidos, já utilizam sonoridades norte-americanas… Eles reveem-se muito nessa cultura. Mas há uma coisa curiosa na música angolana: continuam sempre a cantar em português. Nós, em Portugal, se fizermos este tipo de música, queremos logo ser rappers e cantar em inglês… E nunca conseguimos fazer esse cross over como os angolanos fazem. E como já há algum interesse da comunidade portuguesa em relação à kizomba e à música angolana, o Anselmo acabou por ser um dos percursores deste movimento que entrou recentemente em Portugal. Eu acho que o tipo de música do Anselmo é isso, é algo muito apelativo por causa do seu ritmo e das suas origens africanas, mas também porque tem coisas com as quais as pessoas se identificam já naturalmente, os europeus já estão habituados àquelas sonoridades que os angolanos vão buscar aos Estados Unidos.

O próprio Anselmo é uma pessoa apelativa?

Acho que o passo seguinte em relação a isso se deu no ‘The Voice Portugal’, momento em que ligámos a pessoa e o artista à sua música. A música já era muito forte, o single ‘Não me Toca’ já tinha um sucesso enorme, começávamos a ouvir a música e a perguntar: ‘Quem é este artista?’ E com o programa percebemos que ele tinha um magnetismo enorme como artista, a própria imagem dele era muito forte, os óculos e tudo aquilo… As pessoas acharam-lhe logo piada. Acho que aí o fenómeno aumentou ainda mais!

O que é que espera deste filme?

Acima de tudo, espero que as pessoas que não conhecem o Anselmo tenham alguma curiosidade. Porque é um filme sobre música, sobre a música que o Anselmo faz, sobre a música angolana, sobre o momento que a música angolana vive na Europa e como é que isto aconteceu… Mas é um filme também para os fãs, em que revelamos a história do Anselmo. Há muitas coisas que as pessoas não sabem que aconteceram na vida do Anselmo. E então nós tentámos ligar a sua história com o porquê da sua música, porque é que ele faz este tipo de música, como é que ele chegou aqui…

O título vem daí?

Sim, ‘Vontade de Vencer’ tem muito a ver com tudo isso. Tem muito a ver com uma característica particular dele de querer ultrapassar, de querer ir mais longe, de querer sempre conquistar mais território, como o Brasil, os EUA… O Anselmo está sempre envolvido em novos projetos, assinou recentemente um contrato para ir para Espanha, por exemplo. Ele está sempre envolvido em inúmeras frentes [risos], é mesmo algo que faz parte da personalidade dele. E foi isso que tentámos mostrar no filme. Uma das coisas que eu pretendi sempre desde o início era que fosse completamente real… Nós éramos uma equipa muito pequenina, muito móvel, e tínhamos de estar constantemente ao lado do Anselmo, para filmar exatamente o sítio onde ele estava, o que estava a fazer, etc. Não adulterámos nada, não mexemos em nada, tudo o que acontece naquele filme acontece naquele preciso momento, naquele sítio. E então a ideia inicial era essa: submetermo-nos ao ritmo do Anselmo. E o ritmo dele é muito frenético, faz muitas viagens, nunca para… Pelo meio, há outras coisas que questionamos, como, por exemplo, como é que alguém que tem a condição dele, que é um bocadinho frágil, porque ele tem uma doença [miastenia grave, uma doença neuromuscular autoimune, que causa fraqueza e fadiga anormal dos músculos voluntários] se submete a isso, porque é que ele se submete a este ritmo de vida que até pode condicioná-lo, de certa forma?

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