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Cláudia Lopes: “Eu já não tenho barriga, não tenho bebé e a casa parece-me absolutamente gigante”

Eram mais ou menos quatro da manhã quando se levantou, desconfortável, molhada e completamente sem noção do que estava a acontecer. Cláudia Lopes, foi mãe aos 41 anos e hoje tem um filho de 7, saudável e extremamente apressado em tudo. Mas apressada foi também a forma como veio ao mundo, nascendo prematuro e tornando os primeiros anos, deste sonho da jornalista em ser mãe, bastante difíceis.

Cláudia Lopes

Cláudia Lopes via Instagram (@claudia_lopes7)

“Eu não faço ideia do que é que me está a acontecer. Vou à casa de banho. Mudo ali o pijama, mudo tudo. Percebo que aquilo não ia parar. Acordo o meu marido muito devagarinho e digo que temos de ir à maternidade”, revela Cláudia.

Segundo a XXS- Associação Portuguesa de Apoio ao Bebé Prematuro, um bebé é considerado prematuro quando nasce antes das 37 semanas de idade gestacional. Normalmente, estes bebés nascem com uma imaturidade dos órgãos e sistemas, o que os torna mais vulneráveis a determinadas enfermidades e, também, mais sensíveis a determinados fatores externos, como a luz ou o ruído.

Cláudia já sabia que poderia correr o risco de ter um bebé prematuro. No entanto, nunca se preparou realmente para essa possibilidade. O seu filho nasceu no dia 5 de outubro, sendo que o suposto era nascer cerca de 2 meses depois, no dia 12 de dezembro. Quando chegou à Maternidade Alfredo da Costa, diz-nos, uma enfermeira disse-lhe que tinha a bolsa rota e que, apesar de não ter contrações nem quaisquer sinais, o parto teria de ser feito.

“Eu tive muita sorte com a equipa médica que encontrei. O médico que estava de banco nessa noite tinha sido o médico que tinha acompanhado o meu processo de gravidez na MAC”

No entanto, depois de realizar alguns exames, o médico que a acompanhou durante a gravidez percebeu que o parto não teria de ser feito de imediato. O seu filho nasceu, então, às 11h da manhã, com 30 semanas e 2 dias e a pesar 1kg e 300g.

Imagem retirada do instagram de Cláudia Lopes(@claudia_lopes7)

Imagem retirada do Instagram de Cláudia Lopes (@claudia_lopes7)

“O parto tem de ser por cesariana, não há outra hipótese. Tens uma equipa para receber o bebé, que tem de ser ventilado. E tu não lhe podes tocar, só tens a indicação da enfermeira para olhares para a esquerda porque ela vai passar a correr com o bebé… E a única coisa que eu faço é dar-lhe um beijinho na testa, porque ela se aproximou de mim. Ele vai para outra sala, eu nunca mais o vejo, só o ouvi chorar”

Depois do parto, Cláudia só voltou a ver o seu filho às 18h da tarde. Já nos cuidados intensivos, numa sala com mais dois bebés e repleta de enfermeiros e médicos, como descreve. Conta-nos que foi um choque vê-lo e perceber que poderia não sobreviver, que poderia vir a ter sequelas. As incertezas dominavam-na e as hormonas intensificavam todos esses sentimentos.

Imagem retirada do instagram de Cláudia Lopes(@claudia_lopes7)

Imagem retirada do Instagram de Cláudia Lopes (@claudia_lopes7)

E aquela sensação de poder agarrar o filho ao colo, que qualquer mãe anseia, Cláudia só pôde vivenciar dois dias depois. Assim como, sair do hospital e levar o filho consigo… Só o fez 32 dias depois.

“Tive alta… Quando vemos toda a gente a sair com o ovinho, com aquela fraldinha por cima e tu sais com o teu trolley, isso é o primeiro chuto na cabeça…! Não se imagina o que é entrarmos em casa e termos o quarto todo pronto, a casa toda pronta para receber um bebé e entrar sozinha. É uma espécie de vazio… Parece que entrámos noutra dimensão. Eu já não tenho barriga, não tenho bebé e a casa parece-me absolutamente gigante”

Quando voltou para a casa, da rotina começaram a fazer parte horas passadas na ponte, chamadas logo de manhã para saber como é que o seu filho tinha passado a noite e dias inteiros na Maternidade.

“Eu acho que ainda hoje o meu filho adora música porque nós passávamos os dois o dia a ouvir música. Eu agarrava no telemóvel, punha o álbum a tocar em cima da incubadora, porque aquilo tinha um furinho mínimo e eu cantava para ele”

Relembra com carinho as vitórias relacionadas com o peso. Conta-nos que sempre que chegava à maternidade perguntava se já o tinham pesado e sempre que lhe contavam que ele tinha engordado, o mínimo que tivesse sido, era uma vitória e um motivo de enorme felicidade. Os bebés quando acabam de nascer perdem peso. No entanto, o filho de Cláudia, ao nascer prematuro, não tinha essa margem. E se houvesse algum sinal de que ele não estaria a ganhar peso, teria de ser imediatamente intervencionado.

Os primeiros tempos foram muito duros. Cláudia viu o seu filho ser submetido a exames que a maior parte das pessoas nunca terão de fazer. Talvez tenha sido todo este duro processo que a tenha tornado tão protetora, embora não se considere uma “mãe galinha”. Hoje, o Simão é um menino ativo e sem qualquer sequelas do nascimento prematuro.

“É um menino muito protegido por nós, porque eu e o meu marido penámos muito”

O apoio do marido foi fundamental. Foi o seu pilar numa altura em que estava num estado completamente frágil. Como Cláudia revela, tinha de agarrar todas as pontas.

Para as mães que estão a passar por isto, Cláudia aconselha-as a respirar. E apesar de parecer impossível, pois ninguém está preparado para ter um filho internado, o stress não ajuda em nada e “os bebés precisam de serenidade e precisam de sentir isso”. Além disso, existem associações, como a XXS- Associação Portuguesa de Apoio ao Bebé Prematuro, que ajudam os pais neste caminho difícil.

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