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Conhece as complicações cardiovasculares associadas à gripe?

Sabia que o risco de ter um Enfarte Agudo do Miocárdio (EAM) é 10 vezes superior nos dias seguintes à infeção por influenza? Dados do IQVIA referentes às épocas gripais entre 2008 e 2018 revelam que ao longo das 10 épocas gripais analisadas, em Portugal, as comorbilidades mais comuns foram as doenças cardiovasculares, presentes em cerca de 41% das hospitalizações por gripe.

Para além disso, a gripe piora o prognóstico de doentes com insuficiência cardíaca, com maior mortalidade hospitalar e maior taxa de complicações respiratórias e renais, havendo a necessidade de introdução de tratamentos muito diferenciados.

Para percebermos esta  relação direta entre a ocorrência de Enfarte Agudo do Miocárdio (EAM) na época gripal, assim como o papel da vacinação como uma arma extremamente eficaz contra a gripe, falámos com Ana Teresa Timóteo, Cardiologista.

Ana Teresa Timóteo, Cardiologista

Ana Teresa Timóteo, Cardiologista

O que é um Enfarte Agudo do Miocárdio (EAM)?

Um enfarte agudo do miocárdio é uma situação súbita resultante do entupimento das artérias do coração, as artérias coronárias, e que são essenciais para levarem o oxigénio e os nutrientes essenciais para o músculo do coração. O tratamento do enfarte deve ser feito com muita rapidez, de preferência com ativação da via verde coronária, que permite encaminhar estes doentes rapidamente para os hospitais mais indicados. O tratamento consiste num procedimento chamado “cateterismo cardíaco” que vai abrir a artéria que está entupida com ajuda de pequenos balões e malhas metálicas (stent). Este entupimento resulta habitualmente de uma inflamação muito intensa nas placas de aterosclerose das artérias coronárias que se tornam muito instáveis, rebentam e levam à formação de um coágulo nesse local.

Como é que se pode evitar?

Os enfartes podem ser evitados com adoção de estilos de vida saudáveis, como uma alimentação pobre em gorduras, com pouco sal e rica em verduras, frutas, peixe e alimentos não processados. Também o exercício físico regular é importante, porque em conjunto com a dieta permite manter um peso adequado.

“Com a adoção de estilos de vida saudáveis, conseguimos evitar o aparecimento dos vários fatores de risco cardiovascular, como a hipertensão arterial, a diabetes e o colesterol elevado.”

 Também o tabaco é um fator de risco cardiovascular muito importante.

Qual é a relação entre o Enfarte Agudo do Miocárdio (EAM) e a gripe? 

Sabemos hoje que a gripe tem uma relação importante com os enfartes. A variação sazonal de novos casos de gripe e de enfarte é muito semelhante e é efetivamente durante o inverno que ocorre um maior número de casos de gripe, mas também de enfartes. Esta relação pode ser facilmente compreendida, uma vez que a gripe causa uma situação de inflamação generalizada muito exuberante e pode causar a instabilidade da placa aterosclerótica referida anteriormente. Por outro lado, nos casos mais graves que causam internamento, os baixos níveis de oxigénio no sangue podem causar uma oxigenação insuficiente do músculo do coração e causar assim um enfarte. Efetivamente, em doentes com gripe, nos primeiros 3 dias, o risco de enfarte é cerca de 6 vezes superior comparativamente com a população geral, mantendo-se esse risco elevado pelo menos até 8 dias após episódio gripal. Por outro lado, os indivíduos que já têm doença do coração estão em maior risco de sofrerem uma descompensação durante um episódio de gripe que em muitos casos é grave e pode levar a internamento ou mesmo morte.

É a vacinação uma arma eficaz contra a gripe?

Estudos realizados nos últimos anos, mostraram que a vacinação contra a gripe permite reduzir o risco de enfarte, o risco de hospitalizações por causa cardíaca e também a mortalidade de causa cardíaca. Por esse motivo, a vacinação contra a gripe está recomendada pelas várias sociedades científicas da área da Cardiologia, nacionais e internacionais, bem como em norma específica da Direção-Geral de Saúde, para todos os indivíduos com mais de 65 anos (por serem mais vulneráveis) e para todos os doentes com doença cardíaca.

“Pretende-se assim mitigar o risco de infeção gripal nos grupos de alto risco através da vacinação, com impacto significativo em termos de saúde pública.”

Para além da vacinação, são também importantes as medidas gerais de prevenção de transmissão que já conhecemos no âmbito da infeção COVID e que também se aplicam de forma eficaz à prevenção da transmissão da gripe. Se tiver sintomas de gripe, proteja os outros!

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