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Dia da Mulher: Quem Cuida de Quem Cuida?

Artigo de Opinião de Sofia Fernandes, Psicóloga Clínica especialista em famílias

No mês em que se celebra a Mulher, é importante refletirmos sobre um dos maiores desafios que muitas mulheres enfrentam diariamente: a pressão de serem bem sucedidas em tudo, sempre. Ao longo dos anos, muitas mulheres tornaram-se as cuidadoras das famílias, das suas comunidades e até do seu ambiente de trabalho. Elas carregam o peso da responsabilidade de serem boas mães, boas profissionais, boas parceiras e boas amigas, mas frequentemente a pergunta fica sem resposta: quem cuida delas?

Na minha prática clínica, vejo muitas mulheres que, por medo de serem vistas como fracas ou incapazes, hesitam em pedir ajuda. Este medo de demonstrar vulnerabilidade está profundamente enraizado na sociedade, que exige constantemente que as mulheres estejam em constante equilíbrio, desempenhando múltiplos papéis sem vacilar. É assim porque sempre foi assim, faz parte. Mas será que faz mesmo? Esta ideia de que as mulheres devem ser “supermães”, “superprofissionais” e “supermulheres” gera uma pressão esmagadora que pode levar ao esgotamento físico e emocional. A fadiga mental e o medo de admitir que não conseguem chegar a todo o lado são realidades comuns entre as mulheres que atendo em terapia, e eu, psicóloga mas também mãe e mulher, vejo-me também, muitas vezes, nesse papel de querer chegar a todo o lado. Está enraizado naquilo que nós somos.

Nós mulheres sentimo-nos culpadas por simplesmente precisarmos de um momento para nós mesmas, como se cuidar da própria saúde mental fosse um luxo que não merecemos, mas deixo a pergunta no ar: quem cuida das mulheres? Quem oferece o apoio emocional necessário quando o peso das responsabilidades se torna insuportável? Quem escuta as suas preocupações, as suas angústias, as suas fragilidades? O autocuidado é uma necessidade, não uma escolha, mas muitas mulheres sentem que não têm tempo ou permissão para cuidar de si próprias, e é neste ponto que a saúde mental entra em jogo.

É fundamental que a sociedade comece a questionar as normas e expectativas que recaem sobre as mulheres. Elas não são responsáveis por carregar o mundo às costas. As mulheres precisam de apoio, compreensão e de um espaço seguro para expressar o cansaço, as dúvidas e as limitações sem serem julgadas. O primeiro passo para aliviar a pressão é aceitar-se que não é preciso ser-se perfeita em todos os aspetos da vida. Ser-se mais ou menos também pode significar fazer o melhor que se consegue. O apoio emocional, a partilha de responsabilidades e a busca por ajuda profissional são cruciais para o bem-estar de todas nós, mulheres.

Neste Dia da Mulher, convido-vos a refletir sobre como podemos apoiar mais as mulheres nas suas lutas diárias, tanto em casa quanto no trabalho. É urgente criarmos espaço para que as mulheres se sintam seguras para falar sobre as suas dificuldades, sem medo de julgamento. A verdadeira força das mulheres não está na sua capacidade de ser boa em tudo, mas na sua coragem para pedir ajuda quando é preciso… Porque, afinal, quem cuida de quem cuida?


Artigo de Opinião de Sofia Fernandes

Psicóloga Clínica especialista em famílias

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