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Filipa Areosa, sensível e instintiva! #Entrevista

É vegan, adora cozinhar e sonha ir ao Japão. Não sabe explicar como surgiu o desejo de representar na sua vida, mas, aos 29 anos, vive feliz com a certeza de estar na carreira certa.

Cresceu no Cartaxo, onde viveu até aos quinze anos. Estreou-se em 2012 como Ana Rita Soares, a protagonista da 9ª temporada da série Morangos com Açúcar, participação que a catapultou para uma imprevista carreira de atriz. No currículo soma inúmeras participações em cinema e em televisão. Já foi Madalena, na novela Mar Salgado, da SIC, e Mafalda, em Amor Maior, da mesma estação, papel muito comentado por ter rapado o cabelo, numa das cenas da novela, para dar veracidade à sua personagem, diagnosticada com cancro de mama. Hoje, podemos vê-la nos serões da mesma estação, na novela Nazaré, onde dá vida a Bárbara Soares, uma jovem desmedidamente ambiciosa, rival da protagonista.

Na vida real, assentam-lhe bem os papéis de cozinheira e de irmã do meio de uma família numerosa. Filipa tem sete irmãos, facto que lhe deu a capacidade de pensar menos como indivíduo e mais no sentido de comunidade, conhecendo e lidando melhor com personalidades diferentes, o que acabou por se revelar uma ferramenta preciosa para a vida e para o seu trabalho de atriz. Brevemente, podemos encontrá-la nas salas de cinema, na primeira longa-metragem de Gonçalo Almeida, ‘Faz-me Companhia’, um thriller misterioso estreado na última edição do MotelX.

Como tem sido crescer?

Crescer é um caminho. Às vezes fácil, outras vezes difícil. Mas assim é a vida. Temos de fazer escolhas. Por vezes, acertamos e outras não. Penso que isso é que dá cor a isto a que chamamos vida. Quando não acerto, tento aprender com o erro. É assim que crescemos. E tenho tido muito gozo a fazer este caminho. E para a frente será ainda melhor, trabalharei para isso.

Está a chegar aos 30 anos. Sente que a idade lhe vai trazendo mais dúvidas ou mais certezas sobre a vida?

Seguramente que me traz mais certezas. Ajuda-me a ficar mais segura das minhas decisões, a não pensar tanto nas opiniões alheias e a fazer aquilo que é melhor para mim.

Viveu no Cartaxo até aos 15 anos. Como descreve a sua infância?

Muito livre. Os meus pais davam-me, a mim e aos meus irmãos, muita liberdade porque, de facto, o Cartaxo proporcionava essa liberdade. Claro que não é uma metrópole e penso que, por isso, muita atividade cultural me passou ao lado. Mas, mesmo assim, tive muita sorte.

Que memórias guarda da sua infância com especial carinho?

Os verões em Vila Nova de Mil Fontes. Era a altura em que a família se juntava toda. O meu pai tinha uma Toyota tipo Hiace e quando íamos para a praia, punha a carrinha em cima das dunas, com a porta aberta! Claro que não ia muito rápido mas como eu era miúda e íamos com todos os meus irmãos, aquilo era como uma montanha russa!

Aos 15 anos, ou seja, em plena adolescência, foi viver para Carcavelos. Como viveu essa mudança?

Foi passar do 8 para o 80! Tudo era uma novidade. O primeiro ano da escola foi quase como um sonho. Estudar com pessoas que querem fazer o mesmo que nós faz-nos sentir incluídos. E para uma adolescente isso é muito importante.

Como era essa adolescente?

Sempre foi calma! Mas gostava – e ainda gosto – muito de brincar. Sempre que havia confusão eu estava lá metida. Mas era muito ‘naive’, nunca sabia avaliar muito bem o carácter das pessoas. Sempre foi um enigma para mim. Seguia o meu instinto com as pessoas. Normalmente – e ainda hoje – a minha primeira impressão era a mais correta. Pelo menos, na minha perceção, claro.

Falou da infância com os seus irmãos, que são sete. De que forma o facto de ter muitos irmãos influenciou a sua personalidade?

Influenciou muito. Muito do que sou deve-se ao facto de ser a sétima filha. Os meus pais já não eram novatos nisto mas também são muitas personalidades diferentes para conhecer e lidar. Ajudou-me muito a viver em comunidade. Pensar menos como indivíduo e mais num todo. É uma ferramenta muito importante para o meu trabalho e para a vida.

Viveu sempre rodeada de muitas pessoas, até que decidiu mudar-se para Lisboa para viver sozinha. Porquê?

Acho que faz parte do crescimento natural de qualquer pessoa, porque chega a altura em que queremos o nosso espaço e a nossa privacidade. Sou uma pessoa ‘de pessoas’, que gosta de estar com os seus amigos e com a sua família, mas adoro chegar a casa e ter o meu espaço, especialmente, depois de dias intensos de ensaios e gravações.

O que sente ter herdado dos seus pais?

O respeito, o espírito de entreajuda – não só dos meus pais, como também dos meus irmãos – e o sentimento de luta e de que nada é garantido.

É mais parecida com o seu pai ou com a sua mãe?

Sou uma mistura dos dois. Fisicamente, sou mais pai.

Como surgiu o desejo de ser atriz?

Não sei bem explicar. Ainda hoje faço o exercício de olhar para trás e pensar no porquê da Escola de Teatro de Cascais. Mas foi assim que aconteceu e ainda bem. Sei fazer muitas coisas, sou uma ótima cozinheira e adoro crianças, mas nada me deixa mais feliz do que o meu trabalho enquanto atriz.

Como é que esse desejo foi encarado pelos seus pais e pela sua família?

Inicialmente, foi uma decisão estranha para eles. Até porque nunca tinha mostrado interesse nesta área e era uma pessoa muito virada para dentro. Mas com o tempo foram-se habituando à ideia e hoje penso que se sentem bem com o que faço, desde que tenha trabalho. A ideia de segurança é muito típica da geração deles.

Começou a sua carreira logo como protagonista, na série Morangos com Açúcar, em 2012. Como surgiu essa oportunidade?

Na altura, estava a trabalhar numa companhia aérea. A Sara Matos falou-me que iam fazer castings e decidi concorrer.

Alguma ansiedade extra, nesse primeiro trabalho? Primeiro trabalho e protagonista… Como correu?

Penso que correu bem. Foi uma altura muito atribulada da minha vida. Gravava muito e não tinha tempo para mim. Foi uma escola incrível. Muito da minha ética de trabalho vem dos ‘Morangos’.

O que sente ter mudado em si, enquanto atriz?

Estou mais segura. Não tenho medo de parecer ridícula e consigo brincar mais. Faço-me ouvir com muito mais facilidade, mas ainda há muito caminho a construir. Há muita coisa que gostava de fazer e ainda não tive oportunidade. Mas o tempo o dirá.

Como se prepara para um personagem? Segue um método?

Não sigo método algum. Depende muito de quem me dirige e de quem faz a preparação connosco. Gosto de ter todas as ferramentas do meu lado e o máximo de informação possível, em relação ao texto. Depois, sigo o meu instinto. Mas adoro questionar. Às vezes, sou um bocadinho chata e tenho de aprender a largar e a não ter de ter respostas para tudo. A vida também é assim.

Qual o seu conselho para um jovem que queira enveredar pela área da representação?

Formação. É muito importante. Estudar, saber um pouco de tudo. Cuidar do corpo para poder ter capacidade de reação. Não há pior do que um ator mole. E escutar, ter paciência.

Como se define? Quais as suas grandes características?

Não me consigo definir. Acho que esta pergunta é mais para os olhos de quem vê. Mas quem me vê, frequentemente, aponta a minha sensibilidade como uma característica muito vincada. Para o bem e para o mal.

Diria ter um feitio fácil ou difícil? Porquê?

Depende das pessoas. Há pessoas com quem os meus anjos não se cruzam e aí não há muito a fazer. Quanto mais tentam mais me afasto. Mas penso que sou muito fácil. Adapto-me bem ao ambiente.

O que mais a irrita nas pessoas?

Insegurança. Somos constantemente julgados e as pessoas estão sempre ao ataque. E isso mostra insegurança. Acho que tudo seria mais fácil se fossemos mais tolerantes.

Numa entrevista recente disse que, de uma maneira geral, as pessoas preocupam-se com aquilo que não importa. O que é que importa?

Para mim importa não vivermos para dentro. E não vivermos para agradar aos outros. Se cada um de nós fizer a sua parte é meio caminho andado.

O que mais a atrai num homem? Quais as características que procura num homem?

Confiança e sensibilidade.

Acredita no amor? É uma mulher romântica?

Acredito, sim. Sou romântica, mas não sou pirosa. [risos]

Como é quando está apaixonada?

Muito parva! [risos]. Somos todos. É tão bom! Estarmos apaixonados por aquilo com que nos identificamos.

Ter filhos está nos seus planos? Deseja ter uma família grande, como a sua?

Não me imagino a ter uma família tão grande como a minha e ter filhos, neste momento, não está nos meus planos. Mas no futuro, sim. Quem sabe, adotar!

Os seus pais são professores de educação física, sempre teve uma boa relação com o desporto… O que começou por praticar? O que pratica hoje em dia?

Sim, sempre pratiquei desporto. Estive vários anos na natação e fiz triatlo quando era mais nova, com os meus irmãos. Hoje em dia, tento mexer-me sempre que posso. Quando não tenho tempo procuro nunca ir pelo caminho mais fácil. Subir as escadas, andar a pé, brincar com os miúdos, são opções.

Tem uma boa relação com o seu corpo? Sente-se bem na sua pele?

Tenho dias que sim e outros que não. Mas, cada vez mais, são mais os dias sim do que os não. Todos somos bonitos, à nossa maneira. Tudo está na forma como queremos ser percecionados e nos olhos de quem escolhemos para nos ver.

Uma mulher bonita também tem inseguranças? Quais as suas?

Acho que a insegurança é transversal. As pessoas mais belas que conheço são as mais inseguras, por norma. Acho que sempre tive algum pudor em ser mais sensual. Mas a idade também ajuda nisso.

Qual o seu conselho para uma mulher que tenha uma baixa autoestima?

Cuidar de si antes dos outros. Cuidar da cabeça e do corpo.

Gosta de maquilhagem?

Não tenho o hábito de me maquilhar muito, mas é uma área que me interessa, sim!

Qual a sua rotina de beleza? De que cuidados de beleza não prescinde?

É a normal. Faço sempre os passos todos de limpar, tonificar e hidratar. Limpo a cara, todas as noites, faço uma máscara de esfoliação, pelo menos, uma vez por semana e uso protetor solar, todos os dias! É imprescindível para quem tem uma pele clara como a minha.

Tem muitos cuidados com a alimentação?

Tenho! Acredito que somos o que comemos e decidi que quero que o meu estômago seja um jardim e não um cemitério.

Optou por ser vegan. Porquê?

Porque tive a oportunidade de me informar e escolhi não fechar os olhos ao mundo atual. Para viver bem e saudável não preciso de infligir dor a alguém. Não me vejo como superior e, por isso, não tenho o direito de tirar a vida a um animal que não escolheu morrer. O que é mais importante: o sabor ou a vida de um ser?

Foi difícil essa adaptação alimentar?

Não é tão difícil como as pessoas pensam. Felizmente, hoje existem muitas opções e é muito mais fácil do que parece. Basta tirar a carne e ver que a alimentação vegan é muito parecida com o que já comemos.

Disse que é uma ótima cozinheira. O que mais gosta de confecionar? Qual o seu prato preferido?

Adoro massas. E agora encontrei uma massa feita a partir de farinha de grão que é só juntar-lhe um molho a gosto e fica incrível. Uns frutos secos e ‘voilá’! Um abacate triturado e um bocadinho de leite de amêndoa também fazem milagres!

O que mais gosta de fazer quando não está a trabalhar? O que faz no seu tempo livre? Tem algum hobby?

Gosto de ver os meus colegas a trabalhar. Gosto de ter tempo para ler, ver filmes. Gosto de viajar mas não tenho tido oportunidade. E não dispenso uma caminhada com amigos!

O que a move? O que mais ambiciona na vida?

As pessoas. Conhecer um pouco melhor as pessoas. E viver bem, sem entrar na liberdade do outro.

Que projeto sonha fazer?

Adorava trabalhar com o Wong Kar-Wai [cineasta chinês]. Perceber como é que ele funciona e qual é o método dele. Cada vez mais, sou fascinada pela cultura asiática. Eles são incríveis. Nunca tive um ídolo mas se pudesse conhecer alguém, seria o Hayao Miyazaki [cineasta chinês].

As gravações da novela Nazaré já acabaram há algum tempo. O que está a fazer agora? Já tem projetos profissionais para 2020?

Estou a desfrutar do meu tempo livre. Já fui viajar e estou a recuperar tempo perdido com os meus amigos e também a pensar no que quero fazer a seguir. Em março, vai estrear o filme ‘Faz-me Companhia’, realizado pelo Gonçalo Almeida que, inclusive, esteve muito bem representado no MotelX. Em breve, terei mais novidades que não posso contar ainda, por isso estejam atentas!

Como e onde se imagina daqui a 10 anos?

Não consigo pensar tão à frente. Um dia de cada vez. Mas mais tolerante, espero.

Dicionário Pessoal

Desafio

Crescer e aprender com os outros.

Coragem

Ir de coração e aceitar.

Confiança

Aceitar os nossos defeitos.

Desejo

Cuidado com o que desejamos.

Orgulho

Deixar o mundo melhor do que aquele que conheci.

Injustiça

Não virar os olhos.

Felicidade

Estado de alma que muitas vezes podemos escolher ter.

Raio X

Uma canção?

Angèle: ‘ Ta reine’

Um livro?

‘Sapiens: Uma Breve História da Humanidade’, de Yuval Harari, ou a Saga Comic

Um restaurante?

EsteOeste

Uma cidade?

Londres

Adora?

Risos

Não suporta?

A desculpa da cultura quando se fala em veganismo.

Uma lição de vida?

Sobrinhos

Viagem de sonho?

Japão

Um vício?

Frutos secos

Uma mania?

Meter-me nos cozinhados dos outros

Um dia perfeito?

Uma mesa cheia de pratos vegan, bom tempo, música e boa conversa com os meus

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