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Musqueba: pela emancipação das mulheres

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Cadidjatu e Aissato têm ambas mutilação do tipo 1. Há em Portugal casos mais graves, embora este tipo seja o mais comum entre nós. Entre nós, sim. A prática prevalece e se os casos sinalizados nos hospitais são antigos ou praticados fora do País, há relatos de crianças que sofrem a MGF em Portugal.

Diana Ferreira Lopes, presidente do Projeto Musqueba, explica-me que é relativamente fácil para uma pessoa da comunidade guineense encontrar quem faça o fanado em Portugal: “Se for ao Rossio, consegue rapidamente encontrar alguém que a leve até uma fanateca.” Onde é que estas mulheres estão? Lugares como o Vale da Amoreira, no concelho da Moita, alguns bairros do concelho de Odivelas e da Amadora são apontados como cenário de prática efetiva de MGF.

O que é que têm em comum? São zonas periféricas de alojamento massivo de comunidades emigrantes e portuguesas socialmente desfavorecidas, que muitas vezes vivem quase sem contacto com o exterior do bairro, sem intercâmbio cultural.

A MGF é crime em Portugal (assim como na Guiné-Bissau) e está em preparação um documento que dará um enquadramento específico a esta prática. Diana Ferreira Lopes salienta que, além da criminalização e do agravamento das penas para quem faz ou facilita a MGF, é preciso implementar programas para a erradicação do fanado.

Refere que tem pena de que a lei esteja a ser preparada sem o contributo dos representantes da comunidade em que a MGF prevalece: “Nós na Musqueba não fomos ouvidas, não fomos chamadas a participar na formulação da nova lei. E que eu conheça, ninguém da comunidade foi chamado a contribuir.”

A Musqueba está a participar na erradicação da MGF com o projeto ‘Em Rede contra a Mutilação Genital Feminina’, dando formação e informação, chamando pessoas-chave da comunidade guineense para mudarem a forma de pensar e agir. Em formação, neste momento estão mulheres, homens e até uma ex-fanateca.

A informação parece ser o caminho certo para acabar com a MGF, pelo menos, esta mulher mais velha, que tem a faca do fanado, desistiu da prática ao perceber o que está em risco.

Saiba mais sobre MGF na edição de abril da LuxWOMAN.

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