ROSALÍA.
Era provavelmente o nome que todos os que se deslocaram ao Parque da Cidade ansiavam ver. As expectativas eram enormes e o fenómeno da música espanhola deparou-se com uma verdadeira enchente, para assistir à sua estreia nos grandes palcos nacionais. O alinhamento era consistente e baseado sobretudo no álbum com que se afirmou como um dos maiores nomes da música atual, e apesar da postura ser mais tradicional e ortodoxa em palco do que em estúdio, apaixonou rapidamente quem assistia à sua atuação.
Aos 25 anos, faz impressão a forma como a artista usa o flamenco como se fosse um género tão seu : o ritmo das tradicionais palmas que pautam o estilo, a voz afinada e rendilhada, mas aguerrida, a transbordar emoção misturada com a electrónica que modernizam a tradição e tornam toda esta mistura algo único. Rosalía foi tudo, expansiva entre ritmos mais tropicais, como provam as atuações com o colombiano J. Balvin em “Con Altura” e Brillo”, minimalista e intimista nas interpretações de temas do seu álbum de estreia ” Los Angeles” e de músicas como “Barefoot in the Park” onde colabora com James Blake.
O coro foi auxiliando a catalã a manter viva a tradição do flamenco, funcionando como um equilíbrio do caminho pop que a cantora viria a percorrer. As bailarinas completavam um espectáculo que ia muito além da música contagiante. Ela vestia e despia o casaco, posava, representava, mão direita no microfone e mão esquerda aberta como se a teatralidade fizesse parte do espectáculo em si. O público já estava conquistado, principalmente com os silêncios entre músicas, que contrastavam com o poder que demonstrava em cima do palco. Na reta final do concerto, começaram a ser entoados os temas mais dançáveis e efusivos da artista, como o seu maior hit ” Malamente” e o seu mais recente single “Aute Cuture”, brindando o público com uma festa pautada pela sensualidade da espanhola.
Rosalía foi sem dúvida uma aposta ganha do festival, que procurava alguém que pudesse agradar a diferentes públicos, como os indies que se abraçaram à voz e ao flamenco da espanhola e os festivaleiros que puderam dançar e celebrar os seus ritmos inquietantes.
ROSALÍA _ DAY 3 @ NOS PRIMAVERA SOUND 2019
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