Sexta-feira, 18 de setembro
O dia começou cedo. Vim até à capital espanhola, onde está a decorrer a 62.ª edição da Mercedes-Benz Fashion Week Madrid. É neste certame que alguns dos mais conceituados designers espanhóis, a par com jovens talentos emergentes, vão apresentar as suas propostas de vestuário, calçado e acessórios para a primavera/verão 2016.
Antes de ir para o evento, que se realiza na Feira de Madrid (IFEMA), fui até ao Palácio de las Alhajas mergulhar no universo criativo da Desigual e conhecer as bases da nova coleção da marca, que, 31 anos após a sua fundação, permanece com o ADN inalterado, mantendo-se um símbolo de criatividade, liberdade de expressão, autenticidade e otimismo.
Em cada piso, uma sala; em cada sala, uma viagem diferente: na primeira, fiquei a conhecer as origens da marca criada por Thomas Meyer, e nas restantes pude ver, de perto, o processo de criação de uma coleção da Desigual.
A visita terminou no último piso, onde dei asas à minha imaginação ao criar a minha própria t-shirt Desigual. Sim, a moda é mesmo uma forma de liberdade de expressão individual.
Já passava das 11h30 quando cheguei à IFEMA: não consegui assistir ao desfile de abertura da Ailanto, a marca criada pelos gémeos Aitor e Iñaki Muñoz. Ainda tentei dar uma espreitadela às propostas sempre coloridas de Agatha Ruiz de La Prada, mas o tempo não deu para fazer tudo, entre entrevistas e visitas aos bastidores de alguns designers. Vai poder saber tudo em breve!
Depois da correria, lá assentei. Assisti ao desfile de Angel Schlesser, que apresentou peças leves e fluidas em tons de preto, rosa-pastel, branco-pérola e azul-cobalto. A sua coleção, que primou pela simplicidade ao nível do design e dos estampados tropicais, veio provar a máxima “less is more”.
Francis Montesinos, um designer muito acarinhado pelo público espanhol, protagonizou o primeiro momento alto do dia. Mais do que um desfile, desenvolveu um verdadeiro espetáculo de moda, de música e de culturas.
A coleção que apresentou, intitulada ‘À flor da pele’, remeteu para as raízes de Espanha, as danças e os trajes típicos das sevilhanas. Houve, portanto, muitos folhos, estampados com bolas e rosas, rendas e lantejoulas, tudo acompanhado por ritmos e danças flamencas. Sentada ao meu lado, uma senhora comentava que nunca antes tinha visto um espetáculo assim. “Nem eu”, pensei. “Nem eu…”
O segundo destaque do dia veio logo a seguir. 60 crianças cantaram a uma só voz à medida que as modelos desfilaram as criações puras e etéreas de Juan Duyos. Com o obetivo de sensibilizar a plateia para a pobreza em África, o designer madrileno intitulou a sua coleção de ‘Obumu’, palavra que, na língua dos povos Kasenda e Kimya, no Uganda, significa ‘solidariedade’. O branco predominou, a par dos brilhos das lantejoulas e das pedrarias. No final, Duyos fez questão de percorrer a passerelle acompanhado pelo seu coro infantil. Um momento belo, digno de registo fotográfico.
Coube a Modesto Lomba, o responsável pela marca Devota & Lomba, encerrar este primeiro dia da Semana da Moda de Madrid. O designer fez desfilar coordenados policromáticos, tanto para homem como para mulher, quais telas de Mondrian em movimento.
Muito em breve, conto-lhe tudo sobre o segundo dia da semana de moda madrilena. Fique atenta!
Imagem de destaque: Agatha Ruiz de La Prada primavera/verão 2016 © Getty Images.