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Surma: sem fronteiras e sem rótulos

Queria seguir medicina, mas rapidamente viu que não se inseria naquele mundo. Com a música sempre presente na sua vida , mudou-se para Lisboa para integrar o curso de jazz no Hot Club de Lisboa.Com 17 anos, tive uma epifania que me fez perceber que isto era realmente aquilo que me via a fazer para o resto da minha vida e que me fazia realmente completa e feliz”, explica-nos.

Débora Umbelino, mais conhecida por Surma, lançou este mês o seu novo disco “alla”. Completamente diferente do anterior “Antwerpen”, quer seja a nível estético ou a nível musical, este marca um regresso poderoso e mostra a artista em criação sem fronteiras e sem rótulos – não fosse “alla” a palavra sueca sem género, que acolhe toda a gente.

De onde é que surge a inspiração para o novo disco?

Não gosto muito de trazer o assunto pandemia para as conversas de “hoje”, mas foram, sem dúvida, aqueles três meses parados que me deram a maior inspiração para pensar e para maturar tudo aquilo que tinha na minha cabeça e como o poderia fazer da melhor forma.

Há sempre uma pressão e um aglomerado de crises existenciais na composição do segundo álbum. O que queres dizer, como é que as pessoas irão reagir, querer fazer algo diferente do primeiro… É muito complicado chegarmos a uma conclusão e, esta altura, permitiu-me explorar todas essas questões na minha cabeça com o devido tempo e calma. E, claro, para pensar em todas as viagens, culturas e pessoas que conheci, que me foram ensinando tantas coisas e que me inspiram todos os dias.

Capa do disco "alla" ©TeresaMurta

Capa do disco “alla” ©TeresaMurta

Este é um disco diferente de “Antwerpen”? Ou segue a mesma linha?

É um álbum completamente diferente do “Antwerpen”, quer seja a nível estético ou a nível musical. Também me quis desafiar a isso mesmo, a tentar criar novas personagens dentro do meu próprio mundo.

A mensagem é…

Quero que “alla” reflita a dita “luz ao fundo do túnel”. Falo de vários temas, que vão desde androgínia, ao bullying, à solidão, ao apoio fundamental da família e amigos, que criam um porto seguro que nos ajuda a superar as dificuldades.

Toda a nossa vida partilhada ao lado de amigos e família tem todo um outro sabor e somos muito mais felizes quando estamos rodeados por quem nos quer bem e vice-versa. 

Quero também dar esperança às pessoas que passam por dificuldades e, com isso, dar uma outra perspetiva e força para superar os obstáculos que a vida nos apresenta. No fundo, quero que “alla” lhes traga uma mensagem de esperança, força e persistência, mas que, acima de tudo, as coloque num espaço bonito.

Já há uma canção favorita?

Todas elas são muito especiais para mim. Tive a oportunidade de trabalhar com músicos incríveis que tenho o prazer de poder chamar de amigos e cada música é muito especial por causa disso. Os processos de composição foram todos muito diferentes e tão bonitos de partilhar em estúdio que trouxeram a cada canção um ambiente e um processo muito único e especial.

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Embora seja mais conhecida por Surma, o seu nome de nascimento é Débora Umbelino. Porquê a escolha de um nome artístico? 

Nunca quis começar um projeto artístico com o meu nome pessoal. Sempre quis criar um alter-ego que me desse a total liberdade de sair da minha pele diária e que me fizesse sentir livre e usufruir da criação a 100%, sem qualquer pressão.

Posso dizer que a Surma é a Débora na sua verdadeira essência.

Como é que a música surge na sua vida?

Posso dizer que esteve sempre lá desde muito miúda. Os meus pais sempre me influenciaram bastante a nível artístico, através da descoberta de música nova, performances, concertos, etc. Tive as minhas primeiras aulas de música por volta dos 4/5 anos e, desde então, tem estado sempre muito presente na minha vida.

As suas inspirações na música são?

Os meus pais, como é lógico, viajar e a incrível Annie Clark (St. Vincent). Sou uma grande admiradora desde os meus 14 anos. A minha música não tem muito a ver com a dela, mas inspira-me a todos os níveis. Desde a estética aos modos de composição e de criação de todo um universo único. É uma deusa para mim.

Ser artista sempre foi algo que se via a fazer?

De todo. Aliás, inicialmente, queria seguir medicina, mas assim que entrei no curso vi que não era para mim e que não me inseria naquele mundo. Acabei o curso de ciências e mudei-me para Lisboa para seguir o curso de jazz no Hot Club de Lisboa. Como a música sempre esteve muito presente na minha vida, vi-a como um dado adquirido e nunca pensei muito “a sério” em seguir uma carreira profissional dentro desta indústria. Com 17 anos, tive uma epifania que me fez perceber que isto era realmente aquilo que me via a fazer para o resto da minha vida e que me fazia realmente completa e feliz.

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Foi difícil encontrar um género musical onde se encaixasse?

Não, porque nunca pensei muito nisso. Foi tudo muito genuíno nesse processo de descoberta. Nunca quis fazer música de um certo estilo ou género, acabou por acontecer tudo muito naturalmente.

Se não fosse artista, era?

Boa questão. Nunca pensei muito nisso, mas uma das coisas que amava saber fazer era desenhar e pintar. Porém, sou uma verdadeira nódoa.

Acabadinho de lançar, no dia 11 de novembro, quando é que podemos ouvir “alla” ao vivo?

Os meus próximos concertos vão ser dia 6 de dezembro, em Leiria, no Teatro José Lúcio da Silva; dia 10 de dezembro, em Braga, no gnration; dia 11 de dezembro, no Porto, no Novo Ático (Coliseu); dia 16 de dezembro, em Aveiro, no Gretua; e dia 17 de dezembro, em Lisboa, na Culturgest.

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