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A carne é fraca, mas o molho é bom!: Costelinhas à nossa moda

Afonso Vilela volta a trazer-nos mais aventuras e desventuras todas as semanas. Além disso, em “A Carne é fraca, mas o molho é bom!”, há sempre uma receita a acompanhar.

Decididamente Não

Ao sentir o toque suave das suas mãos a acariciar-lhe os cabelos e a descer devagar para os ombros, sentiu que não. Decididamente não seria hoje. Os beijos até tinham sido bons, mas aquilo, não, não era bem o que esperava.

Gostava de ser agarrada com mais convicção, de sentir mãos fortes e másculas. O toque de um homem tem sempre de transmitir segurança, autoconfiança….

Os beijos estiveram quase, quase lá, passaram perto do cangote e quando já pressentia o arrepio a percorrer-lhe a espinha, ele abrandou um pouco para recomeçar no outro ombro. Estivera perto de lhe proporcionar uma das suas carícias favoritas, parecia que estava a adivinhar… mas não, decididamente ele não a entendera, ainda não. Quiçá num próximo encontro. Provavelmente apenas precisavam de se conhecer um pouco melhor, para deixar de adivinhar certas coisas. Afinal de contas, já tinham idade para conversar, não eram uns miúdos.

Afastou-se pausadamente e sugeriu que parassem. Ele anuiu, com os olhos fixos nos seus e um leve sorriso.

Pela mão, levou-a até à sala e puxou a cadeira para ela se sentar à mesa e retirou-se até à cozinha para ir buscar o jantar.

O jantar estava soberbo, seria difícil imaginar melhor refeição, ao menos naquilo ele tinha acertado em tudo o que ele adorava.

As costelinhas estavam do outro mundo, nunca tinha comido tão boas. Empanturrou-se como se não houvesse amanhã. Saciaram-lhe todo o tipo de apetites que tinha reservado para aquela noite, eram realmente fantásticas.

Ele apenas comeu o suficiente, meio “teclado”, assim por alto, sem nunca demonstrar grande entusiasmo. Limitou-se a observá-la a deliciar-se, deliciado com o seu apetite. Já adivinhara o desfecho daquele encontro.

Perguntou-lhe o que achava das ditas, ainda ela estava a lambuzar os dedos,

-Estavam divinais! – replicou ela. Eram as melhores do mundo e arredores! Nunca tinha provado costelinhas daquele gabarito, quase lhe faltavam adjectivos para as descrever.

Muito pausadamente, como quem fala com uma criança, ele começou a explicar o processo de confecção; a marinada para a carne absorver os aromas, o forno a baixa temperatura durante algumas horas, o choque térmico no congelador para que a carne não perdesse a consistência mas mantivesse a maciez, enquanto se prepara o vidrado com o vinho, o vinagre e o mel, para depois voltarem ao forno a caramelizar a alta temperatura…

Isso dá muito trabalho! – replicou, boquiaberta.

É assim. Temos de saber respeitar a carne, preparar e amaciar , se a queremos realmente perfeita –respondeu ele.

Deixou-a sem palavras. Imóvel quase estática, atravessou-lhe o pensamento a leveza do seu toque, e sentiu um arrepio a percorrer-lhe a espinha. Sentiu-se um pouco enfastiada com a quantidade que comera, pesarosa até.

Decididamente não, ela não o entendera.

Costelinhas à nossa moda

Preparar o piano

  1. Traçar com a ponta da faca a “parte de baixo” no sentido do osso, ou retirar a pele;
  2. Temperar com pimentão (fumado), cominhos, pimenta preta, azeite e alecrim ou tomilho. 2h antes ou na noite anterior (no frio);
  3. Num tabuleiro de forno, regar o fundo com azeite, colocar a carne, regar também com azeite e temperar de sal;
  4. Cobrir com folha de alumínio e deixar 2h a 160º-170º, ou até a carne começar a regredir do osso.
  5. Retirar o alumínio, colocar o forno a 200-220º e deixar caramelizar;
  6. Ir sempre regando com a mistura que fica no fundo e virando os lados pelo menos 2 vezes durante todo o processo.

Pode-se usar uma redução de vinho ou outra espirituosa a gosto para ajudar ao caramelizar e dar um “toque” extra.

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