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A Carne é fraca, mas o molho é bom!: apelo aos sentidos e os pastéis de bacalhau

A partir de hoje, poderá ler, em a “A Carne é fraca, mas o molho é bom!”, as aventuras e desventuras do ator Afonso Vilela, sempre acompanhadas de uma receita.

O Apelo aos Sentidos

Patrícia de seu nome, mantinha a esforço, um longo e tumultuoso relacionamento com Jorge, boçal de ginásio, onde passava horas a autoflagelar-se a levantar enormidades de pesos e conversas periféricas com outros intelectuais do género.

Cansada da prontidão e brevidade da Besta para a cópula, que se resumia a um sem-número de investidas animalescas a qualquer hora e qualquer lugar, cuja duração era no mínimo deplorável, sempre com o Animal por cima a arfar-lhe no pescoço, a revirar os olhos e a fazer uns sons esquisitos e terminavam invariavelmente com um esgar de esforço e prazer, (da parte dele), sem que ela sequer chegasse a “aquecer.

Decidiu dar um novo rumo à relação, para a qual ainda vislumbrava algum futuro, vá-se lá saber qual.

Sob o pretexto de celebrar uma daquelas datas que só as mulheres se lembram, aniversário de namoro ou algo do género, resolveu, preparar-lhe uma surpresa, uma noite romântica, quiçá, seguida de concúbito a sério, com preliminares e tudo.

Tirou a tarde de folga, e munida da lista de ingredientes permitidos na dieta a que o Estrupício se auto impunha, foi às compras. Cedo percebeu que nada de afrodisíaco ou levemente parecido iria conseguir cozinhar com atum, bifes de frango, ovos e massa. Decidiu arriscar, afinal uma noite especial, marisco, frutas exóticas, chocolate negro, ervas aromáticas, tudo o que o dinheiro lhe permitiu comprar.

Já em casa, encheu a sala com velas aromáticas de canela e gengibre, e incensos de verbena, em tudo o que era canto e prateleira, pendurou umas tiras de tule branco nas janelas, no teto e nos candeeiros, para “dar cenário” e colocou a tocar uma música ambiente, daquelas compilações étnico-house, tipo consultório de dentista no Boom Festival, tudo com o intuito de acalmar os instintos primitivos da Besta, quando este chegasse a casa.

A meio da tarde, com a sala toda montada e entretida na cozinha a preparar o jantar, eis que o Zebu se lembrou de ir a casa sem avisar. Devido ao volume da música e imersa nos aromas da cozinha, não o ouviu entrar.

Assim que o Troglodita entrou, deparou-se com aquele cenário inusitado, a sala iluminada por dezenas de velas, um aroma estranho, umas coisas esquisitas penduradas por todo o lado, a música espírita. Parou estupefacto, e de imediato o seu neurónio solitário disparou. Pé ante pé aproximou-se da cozinha e encontrou a Patrícia envolta em preparados com fumo, cheiros, plantas e ingredientes exóticos, arregalou os olhos e do fundo dos pulmões gritou descontroladamente:

Macumba! Bruxa!! Queres-me enfeitiçar!!!

E num misto de pânico e desorientação, saiu a correr porta fora, derrubando algumas das velas que pegaram fogo ao tule, levando algumas tiras do mesmo agarrado ao corpo na sua fuga descontrolada.

A Patrícia só teve tempo de apagar o pequeno incêndio, com o que tinha mais à mão, a mousse de manga e a marinada dos camarões, e deixava queimar o frango no fogão, sem que tivesse qualquer hipótese de lhe explicar fosse o que fosse.

Enquanto digeria a frustração e tentava minimizar os estragos, ao admirar o rasto de destruição e estupidez do Selvagem, refletiu um pouco e tomou a decisão de pôr a cabeça à frente do coração, e terminar o namoro. Ao menos que a “macumba” servisse para alguma coisa.

Hoje em dia, grandes jantares, só para as amigas, os homens não valem o esforço de uma refeição preparada ao pormenor para os 5 sentidos. Afinal de contas, tanto quanto sabe, se estão “para aí virados”, até uma bifana é afrodisíaca…

É raro o jantar que não conte esta estória e acabem todas à gargalhada.

Pasteis de Bacalhau, Tártaro de Tomate e Maionese de Manjericão

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Ingredientes

Pastéis

  • 50grs Bacalhau (desfiado)
  • 150grs Batata-doce (branca)
  • 1 Ovo
  • 50grs Queijo da Ilha (S. Jorge
  • 7-12 meses)
  • 30 grs Funcho (rama)
  • 1 cl. Sopa Farinha
  • Sal, pimenta, azeite q.b.

Tártaro

  • 2 tomates (grd)
  • 1 cebola Roxa (méd.)
  • 1 cl. sopa de Poejo (fresco)
  • 1 cl. Sopa Cornichões (pickles)
  • 1 cl. Sopa Alcaparras
  • 1 cl sopa Vinagre (vinho/cidra)
  • Sal, pimenta (preta) q.b.

Maionese

  • 1,5 dl Azeite
  • 1 Ovo (médio)
  • Manjericão (fresco)
  • Sal e Pimenta q.b

Modo de Preparação

Pastéis

  1.  Assar a batata doce com um fio de azeite, sal e pimenta (15-20 min/ 180º) e desfazer em puré com um garfo.
  2. Com a ajuda de um pano, desfazer o bacalhau (cru).
  3. Ralar o queijo e picar o funcho muito fino. Misturar tudo com o ovo batido e a farinha, retificar o sal e a pimenta.
  4. Deixar a repousar no frio (min.30m). Moldar individualmente com as mãos ou ajuda de 2 colheres de sobremesa
  5. Fritar em azeite ou óleo, em temperatura médio-alto, até dourarem.

Tártaro

  1. Limpar os tomates de grainhas e cortar em cubos (1/2cm). Descascar a cebola, partir em 4 e colocar dentro de água 20 min para perder a acidez, escorrer e picar muito fino.
  2. Ripar o poejo com a ajuda de uma tesoura. Picar os pickles. Misturar tudo com os temperos.

Maionese

  1. Colocar o ovo inteiro (à temperatura ambiente) no copo da varinha mágica.
  2. Na velocidade mais lenta ir adicionando o azeite em fio até ganhar a consistência desejada.
  3. Colocar o manjericão a gosto e retificar o sal e a pimenta e voltar a bater mais uns segundos até os ingredientes se misturarem.

Veja mais em Afonso Vilela

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