[wlm_register_Passatempos]
Siga-nos
Topo

Alimentação na gravidez

Muito se fala sobre alimentação na gravidez, algumas verdades, algumas incoerências, muitos mitos, isso é certo. A grávida não tem uma vida fácil, quer seja pela escassa informação fidedigna a que tem acesso, quer seja pela influência que todos os “palpiteiros” têm, quando veem uma futura mamã.

Expressões como “agora tens de comer por dois” ou “um copinho de vinho não faz mal nenhum” aliado à intemporal frase “oh, eu fiz isto e correu tudo bem”, levam a grávida a percorrer caminhos perigosos. É importante falar deste último “argumento”. Afinal o que será “correr tudo bem”? É o bebé nascer com dois braços, duas pernas e cinco dedos em cada membro? Se virmos por esse prisma, é certo que correu tudo bem, mas o que a nutrição pode fazer pela saúde da mãe e principalmente do bebé vai muito além disso.

Hoje sabe-se que a nutrição durante a gravidez tem consequências na vida do bebé a longo prazo. Existe um período muito importante, a que a ciência chama de “período de ouro”, também designado, os primeiros mil dias do bebé. Esse período vai desde a conceção, altura em que o espermatozoide se funde no óvulo e juntos formam a primeira célula, até aos 2 anos de idade. Este é um período de grande plasticidade, no que toca ao desenvolvimento das células e órgãos. Assim, fatores ambientais que afetam a mãe podem ter repercussões no bebé, através de mecanismos epigenéticos. O consumo de álcool, tabaco, drogas, ganho excessivo de peso, stress materno, infeções, défices nutricionais e erros alimentares deixam a mãe e o feto mais suscetíveis a complicações. Centrando a atenção na mãe, o risco de diabetes, de pré-eclâmpsia, de parto prematuro são algumas das complicações. Na gravidez, o bebé também está particularmente sensível a estes fatores ambientais, especialmente no que diz respeito à disponibilidade de nutrientes importantes para o seu bom desenvolvimento. Restrição de crescimento intrauterino, baixo peso ao nascer ou macrossomia, assim como, o desenvolvimento de uma predisposição para o aparecimento de doenças crónicas não transmissíveis no futuro adulto, são algumas das consequências associadas à má nutrição.

Desta forma, a alimentação neste período assume um papel fulcral na saúde da próxima geração. Na prática, o que podemos fazer? Duas coisas. Diminuir fatores de risco e potencializar a alimentação com bom aporte de nutrientes. Assim sendo, é importante a grávida excluir da sua rotina, alimentos que vão atrapalhar toda esta programação metabólica. Alimentos industrializados, estão claramente desaconselhados, por serem ricos em açúcares, gorduras de má qualidade, farinhas refinadas e aditivos alimentares.

Algo que está completamente proibido na gravidez é o álcool. Para este, não há negociação possível, zero álcool é a recomendação. A síndrome alcoólica fetal é uma realidade e traduz-se em alterações no desenvolvimento físico, mental e cognitivo do bebé, em alguns casos pode chegar a malformações no feto. É essencial relembrar também que a cafeína em excesso acarreta algumas complicações para o bebé. A recomendação existente é no máximo 200mg de cafeína, o que se traduz em dois expressos por dia. No entanto, vale alertar de que o café não é a única fonte de cafeína. O chocolate, alguns tipos de chás, bebidas energéticas e alguns refrigerantes apresentam quantidades significativas. Daí a necessidade de moderar o consumo destas bebidas, incluindo o café.

Falamos do que a grávida deve evitar, mas o cuidado alimentar, também foca naquilo que ela deve incluir para potencializar o desenvolvimento do bebé. Alimentos com grande carga de vitaminas e minerais, apresentam enormes benefícios, como é o caso dos vegetais, das frutas e cereais integrais. O consumo de alimentos ricos em ferro, como é o caso das carnes, peixes, ovos, do grão e feijão, é fundamental na prevenção de anemia, restrição de crescimento e ainda no aumento do desenvolvimento cognitivo. Se pensamos em desenvolvimento cerebral, a grávida não pode esquecer de incluir na rotina alimentar, frutos oleaginosos, sementes e ovo. Em suma, a grávida precisa de uma alimentação rica e diversificada de forma a manter um fluxo constante de nutrientes a chegar ao bebé.

O que para alguns parece óbvio, para muitas grávidas não o é e por isso é urgente educá-las, assim como a restante família. Incentivar a adoção de um estilo de vida saudável com práticas que garantam uma alimentação segura, do ponto de vista microbiano, e que contribua para a prevenção de doenças crónicas não transmissíveis. É possível sim, contribuir para uma geração de pessoas mais saudáveis e isso começa na barriga da mãe.

Artigo de Opinião de Virgínia Marques

Nutricionista

Virginia

———————————–Contactos—————————–

 

Veja mais em Opinião

PUB