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David Fonseca, o futurista!

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Já passou a fasquia dos 40. Os anos pesam-lhe?

Não… Noutro dia, um amigo médico dizia-me que não há maior velhice do que aquela que está dentro da cabeça das pessoas! E tem toda a razão. Há pessoas que com a idade ficam mais lentas e eu não sinto isso. Andam mais devagar, quando vão para a pista de dança, dançam só com os braços [risos].

Na verdade, a minha forma física não se alterou nada ao longo do tempo, sobretudo em cima do palco, porque quando vou lá para cima e olho para baixo e percebo que a maior parte deles tem entre 20 e 23 anos, quase me sinto um pouco como eles e ajo como eles. Às vezes, parece-me que sou quase igual àquilo que era quando era miúdo. Em casa sou um tipo mais sério, quer dizer, mais ou menos. Envelhecer é bom, mas ter sempre uma criança dentro de nós é espetacular.

Então, não se sente a envelhecer?

Não, não me sinto minimamente velho, nunca me senti e continuo a não me sentir. Adoro a idade que tenho. Envelhecer é… Quando somos miúdos as pessoas convidam-nos para sair e nós dizemos: ‘Ah sim, sim, vamos lá’. Nem perguntamos onde é, nem quem é que lá vai estar. E quando somos velhos, perguntamos ‘Onde é que é? Quem é que vai? A que horas? Mas quem é que vai?’ Isto para sabermos se o nosso mundo confortável, a nossa redomazinha, está completamente assegurada. Que é para podermos sair mas continuarmos sempre dentro do nosso casco. Isso é envelhecer. E envelhecer da pior forma possível.

Tornamo-nos chatos…

Muito chatos. Não estou a dizer que todas as pessoas são assim, mas conheço muitas pessoas que vivem e continuam a viver a aventura. Tem muito a ver com a nossa cabeça e com a forma como vivemos. Não é de estranhar, por isso, que os meus amigos pessoais se mantenham desde o tempo do liceu, quando tinha 16 anos. Conheci muita gente, mas aquele núcleo duro continua. Aliás, noutro dia um dizia: ‘Olha lá, há quantos anos é que nos conhecemos?’ e eu ‘Eh pá, não digas isso a ninguém.’

Exato, conheciam-se há uns 20 anos, não?

Não, há muito mais. Aliás, até é duro. Todas as relações que têm muito tempo, em geral, passam por muitas fases: boas, más, boas, más… Mesmo depois de muito tempo, nós pensamos que agora já não há nada que possa meter-se entre nós (e isto é em relação aos amigos, às relações de marido-mulher, namorado-namorada, é tudo igual), nós pensamos sempre que há uma altura em que as coisas já estão todas mais ou menos asseguradas. E é tudo mentira. As coisas estão sempre em mutação e, na minha opinião, evoluem de uma forma mais interessante. Com camadas, sempre muito mais sérias, muito mais interessantes do que alguma vez nós pudéssemos supor, e todas elas oferecem sempre uma certa resistência. Todas.

Claro, evoluímos….

É isso.

Adora andar de bicicleta, inclusive em Lisboa…

Sim, ando muito de bicicleta em Lisboa e muitas vezes vou sem destino. Se tiver duas ou três horas, pego na bicicleta e vou por aí. Vou sem destino, e depois lembro-me de repente a meio do caminho: ‘Ah, vou ali àquela loja onde já não vou há tanto tempo.’ Vou, paro, saio e há ali uma paz com aquilo tudo. Mas pronto, isto são exceções, porque a vida moderna está cheia de telefonemas e de pressa…

Sim, mas se calhar tem uma vida que lhe proporciona passar os dias dessa forma…

Nem sempre. Por vezes, também sou escravo dos meus dias, como toda a gente. Não há nada a fazer. Mas tento não ser todos os dias, todas as semanas, senão dava em doido.

Uma das coisas que mais gosta de fazer é ser turista na sua cidade, verdade?

Exatamente. Em todas, até em Leiria, às vezes! Tem de ser, senão perdemos a capacidade de nos encantarmos pelas coisas que estão à nossa volta. Há coisas a mudar, é preciso ir lá e ver outra vez com outros olhos, olhar para as pessoas outra vez, falar com elas…

Obriga-se a fazer isso regularmente?

Muito regularmente. E, às vezes, uso a minha profissão para o fazer da forma mais natural possível. Ainda agora fiz um vídeo para um tema deste disco, ‘Chama-me que Eu Vou’. E o vídeo tem como base uma ideia quase do Instagram, onde reúno 80 imagens completamente distintas, demorou um mês e meio a fazer. Foram imagens que inventei, mas em vez de serem fotografias eram vídeos, que depois montei.

É uma maluquice, mas é uma loucura sana. À custa desse vídeo conheci imensas pessoas, metia-me com elas na rua. Muitas vezes, andava em sítios com a câmara, apresentava-me, dizia que estava a fazer um vídeo e começava a falar com as pessoas.

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