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David Fonseca, o futurista!

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Demos-lhe seis páginas de entrevista na LuxWOMAN que está nas bancas, mas após hora e meia de conversa, muita coisa ficou de fora. Eis as perguntas que ainda ninguém leu, onde o músico de ‘Futuro Eu’ fala de si, dos filhos, dos outros e da velhice…

Antes de começar, carregue no play:

Gosta muito de cinema e vai sempre à sessão da meia-noite…

Vou, vou. Sou sempre muito mais ‘noite’ do que ‘dia’. Mas durmo pouco. Não quer dizer que depois também esteja a dormir o dia inteiro, muito pelo contrário, acordo até bastante mais cedo do que as pessoas possam imaginar.

Conte-nos um episódio caricato que lhe tenha acontecido…

Aconteceu quando estava a fazer um dos vídeos para um lado B. A canção chama-se ‘Senso’ e é uma canção muito estranha, que acabou por não aparecer no disco exatamente por ser muito estranha e pensei que ficava bem num lado B… acho que todos os lados B são algo fora do comum.

Estava em Peniche de férias, quando resolvi fazer um vídeo para aquela canção, então convenci a minha mulher e o meu irmão a ficarem acordados até às quatro da manhã. Eles não queriam, mas lá os convenci dizendo que ia ser divertidíssimo. Eles já me conhecem de ginjeira e se me deixassem, monopolizava as suas vidas com estas parvoíces, mas naquele dia estava tudo bem-disposto…

Às quatro da manhã, fomos para uma estrada que fica entre o Baleal e Peniche e a ideia era esta: eles estavam num carro, um guiava, outro segurava a câmara, e filmavam enquanto eu andava de bicicleta à frente do carro com as luzes a iluminarem-me.

Eu vou de fato lilás, um fato estranho, e o vídeo é só isto. Eu de bicicleta e eles no carro atrás a filmarem. Nesta estrada não passam carros, e não há luz, só estávamos mesmo lá nós. E assim foi, fizemos a estrada uma vez para lá, outra vez para cá… Estava um frio de rachar e quando ia fazer a terceira volta, apareceu um tipo, e aquilo não há casas, não há nada, mas logo no início há aquelas casas onde as pessoas vão passar férias.

Esse tipo apareceu com um Pit Bull, e o cão quando me viu ficou doido, começou a perseguir-me a ladrar, fiquei cheio de medo, já achava que ele ia matar-me. O dono chamava-o, mas ele não ligava nenhuma, desatei a pedalar com toda a força que tinha no meio da escuridão, porque eles com medo de atropelarem o cão ficaram para trás, muito para trás. Isto durou aí uns 300 metros, eu sempre a ouvi-lo ali ao meu lado…

Nesse momento que estava ali no meio da escuridão a fugir do cão, dei por mim a pensar: “Isto foi no que a minha vida se tornou, estou vestido com um fato todo lilás, às quatro e meia da manhã, a fugir de um Pitt Bull no meio de uma estrada em Peniche.” E penso assim, está certo não podia estar melhor.

Se eu contasse a um tipo qualquer que estudou cinema comigo, ele dizia: o tipo é maluco! Para mim isto é fascinante, tudo o que faço e todos os meus pensamentos é que me levam a estes sítios. Não estaria ali, se não tivesse pensado, há oito meses, numa casa em Peniche, e não tivesse tido uma ideia específica.

Foi para essa casa, onde aliás trabalhou neste disco e não tinha Internet… O facto de não ter telefones nem computadores ajuda a que tudo passe mais devagar…

Sem dúvida. Quando fazemos jantares com amigos, os telemóveis desaparecem e aquilo dura muito tempo, até porque começam sempre às cinco da tarde. Naquela altura em que ainda se está na cozinha, a cozinhar e a olhar uns para os outros, a beber vinho e tal…

Depois janta-se. O jantar, se for preciso, começa tardíssimo e acaba tardíssimo. E isso, se formos a ver, demora o quê? Oito horas? Portanto, se não houver telefones, se não houver o mundo online, rende sociais… Gosto muito de fazer coisas que demorem muito tempo, se estou em Peniche e vou dar uma volta de bicicleta, sei que vai demorar muito tempo. Não há telefones, não há ninguém a falar, estou para ali a andar durante uma hora ou mais.

Carregue no play novamente…

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