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Dia Mundial da Diabetes: se uma melhor qualidade de vida é o destino, a Saúde Oral faz parte do caminho

Novembro marca um mês especialmente importante para a sensibilização da população face a uma doença que, só em Portugal, atinge mais de um milhão de portugueses: a diabetes. Este é um dado do Observatório Nacional da Diabetes, que alerta, também, para o facto de Portugal ser o segundo país, a nível europeu, com a maior taxa de prevalência desta condição. Se analisarmos as diferentes consequências que a diabetes pode trazer a uma pessoa, conseguimos perceber que a saúde oral é uma das dimensões fortemente impactadas, especialmente se a doença não estiver sob controlo. Mas de que forma a diabetes afeta a boca? E será possível contrariar estas consequências e ter uma melhor qualidade de vida?

A diabetes caracteriza-se por ser uma doença metabólica incurável que leva a uma quantidade excessiva de açúcar no sangue, devido à produção insuficiente de insulina pelo pâncreas. Devido a este descontrolo metabólico, várias áreas do corpo podem ficar afetadas, nomeadamente a boca, sendo a diminuição do fluxo salivar comum podendo incluir sensação de queimadura na boca e aumento do volume das glândulas parótidas. Os níveis aumentados de açúcar na saliva podem alterar o tipo de bactérias existentes, potenciando o aparecimento de cárie dentária ou doença periodontal. Assim, existem algumas doenças específicas às quais um diabético deve ter atenção, sendo as gengivas as mais afetadas na cavidade oral.

A gengivite, ou inflamação das gengivas, leva a uma sensibilidade, inchaço e sangramento acentuados desta zona. É causada especialmente devido a uma má higiene oral e, no caso dos diabéticos, desenvolve-se com maior facilidade, devido à acumulação de açúcar na saliva e, consequentemente, dentes e gengiva. Caso não seja diagnosticada e tratada, a gengivite pode evoluir para periodontite, atingindo os dentes e podendo levar à perda deste e até mesmo de densidade óssea. Este quadro deve ser particularmente tido em conta já que é uma situação que pode causar uma “dupla-consequência”: os diabéticos têm maior propensão à periodontite, e a periodontite facilita a falta de controlo de açúcar no sangue que acentua a diabetes. Além destas duas doenças, também outras condições podem surgir de forma mais natural num diabético, como boca seca ou infeções fúngicas, como a candidíase.

Para contrariar estas condições e melhorar a qualidade de vida, é fundamental que uma pessoa com diabetes – e não só! – alie o controlo da sua glicemia a uma rotina de higiene oral excecional. Além disso, deve existir um contacto regular com o médico dentista e o higienista oral, que devem estar a par do quadro clínico dos seus pacientes, de forma a assegurar que a saúde oral não está a piorar a condição diabética, mas sim, dentro do possível, a ajudá-la.

Ainda que a diabetes seja crónica, deve procurar-se ao máximo prever e controlar as várias condições que a doença pode criar em diferentes regiões do corpo. Facilmente esquecida ou colocada de lado, a saúde oral revela, assim, ter impacto (e ser impactada) na (e pela) saúde física e psicológica, sendo essencial considerá-la em todas as fases da nossa vida.

Artigo de Opinião

Ana Ferro, Médica Dentista da MALO CLINIC Lisboa

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