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Dino D’ Todo o mundo : A voz da lusofonia

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O cantor Dino D’Santiago foi o artista mais premiado na primeira edição dos Play – Prémios da Música Portuguesa, ao vencer três das 12 categorias, incluindo Melhor Artista Solo e Melhor Álbum.

Foi este o culminar do último ano e meio para o algarvio, Dino D’Santiago e também o mote para descobrirmos mais sobre a nova coqueluche da música lusófona.

Apesar de ter nascido na Quarteira, no Algarve e de sentir português, Claudino, nome próprio do artista, não consegue identificar de onde provém as suas raízes. Não porque não tenha conhecimento sobre elas, mas porque acha que a sua identidade é resultado de todas as suas origens. Assim o cantor sente-se tanto da Quarteira, onde nasceu, como do Porto, onde viveu durante onze temporadas, assim como de Lisboa, onde permanece há quatro primaveras, sem nunca esquecer Santiago, onde nasceram os seus pais, terra-mãe das suas origens musicais.

A sua identidade era tão dispersa, que em casa, os pais falavam crioulo e ele respondia em português, no entanto, a paixão pela música era algo que os unia.A música era uma presença assídua e os seus pais eram membros de um coro musical da igreja, a que o próprio se juntou com os seus irmãos. Até que em 2003, tudo mudou.

Dino mudava-se do palco da paróquia da Quarteira, para o palco da “Operação Triunfo”, onde cedo começou a brilhar e se tornou num dos finalistas. O seu talento não passou despercebido para as pessoas do meio e tornou-se uma cara conhecida para os artistas da altura, “Os rappers precisam sempre de um cantor, então pensaram ” Vamos buscar o Dino à igreja, já que ele também é do bairro…”, por isso foi fácil. “, disse em entrevista à Rolling Stone.

Em 2008, lançou o seu primeiro disco, ” Eu e os Meus “, que surge por sentir necessidade de agradecer às pessoas que estiveram com ele, desde o inicio. No inicio da sua carreira, juntou-se à Jaguar Band, banda que acompanhava os Expensive Soul em concerto, e, como tal, fizeram também parte do álbum de estreia do cantor. A sua ideia foi convidar as pessoas que o inspiravam e foi assim que surgiu o convite a Virgul, Carlão, Valete e a Sam the Kid, que acabou por criar a sua editora, “Quarto Mágico”, precisamente para editar este disco.

No ano seguinte, juntou-se com Virgul e criaram um novo projeto, os Nu Soul Family, no entanto havia uma desejo por concretizar e para concretizá-lo, a sua carreira teria que sofrer uma pausa: Dino queria voltar às suas raízes, à ilha de Santiago.

Vivia-se o ano de 2010, quando o cantor viajou para Cabo Verde, com o objectivo de tentar levar para este país, o que de melhor se fazia em Portugal. A ideia inicial era perceber o que é que levava o seu pai, a querer reformar-se num local sem água potável, sem acesso a electricidade, no interior de uma ilha como Santiago. A verdade é que foi nesse mesmo Cabo Verde rural, que o mesmo encontrou a sua voz e se reconciliou com uma língua, que apesar dos pais dominarem, ele rejeitava, por não a dominar: o crioulo.

Dino estava longe de imaginar que o seu caminho para o sucesso estava traçado e que começava naquele Cabo-Verde, que tantas desconfianças lhe trazia, mas mentalizou-se sobre qual o trajeto a seguir, assinando pela editora Lusafrica, produtora independente, cabo-verdiana. Por ter sede em Paris, a empresa não atuava no mercado português, mas tinha algum peso no mercado internacional, desde o surgimento de Cesária Évora. Em virtude disso, Dino esteve fora durante cinco anos.

Apesar de tudo parecer um sonho, o algarvio sentia saudades de casa e queria voltar. Não era apenas falta da família, mas também da ligação que tinha com Santiago e Lisboa, que era muito mais forte cá do que nestas viagens e porque sentia que tinha algo para dizer. Numa das suas digressões, num concerto na Alemanha, Dino encontrou Kalaf Epalanga, na altura, músico dos Buraka Som Sistema e que, segundo Sara Tavares, seria a pessoa ideal para chegar à sonoridade que pretendia, a junção do seu lado mais tradicional com o movimento urbano em que estava inserido.

Estava decidido, o caminho a seguir era conciliar a soul e o funk com o funaná lento e os batuques típicos de Cabo Verde, com a eletrónica do afro-house e do hip-hop, sem nunca perder a tradicionalidade da música de Santiago, a sua principal inspiração. Era um “Mundo Novo”, era o crioulo a querer marcar o seu ritmo.

Apesar da sua faceta cosmopolita, é dentro de quatro paredes que Dino vive os seus momentos de maior inspiração, onde existe uma maior ligação com as pessoas em si. Lisboa começou a abrir os seus horizontes e as suas fronteiras musicais e surgiram vários artistas com uma enraizada cultura africana, que queriam divulgar as suas obras ao público português. Figuras como Mayra Andrade, Sara Tavares, Nelson Freitas ou Branko são presenças habituais nos convívios que têm dois ingredientes essenciais: a cachupa e a música.

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