[wlm_register_Passatempos]
Siga-nos
Topo

Edp Cool Jazz: 3 mulheres, 3 histórias

John Legend, Paul Anka e Diana Krall são alguns dos cabeças de cartaz do Festival Edp Cool Jazz, que iniciou no dia 2 de julho, e que promete trazer ao Hipódromo, inserido no Parque Marechal Carmona e ao lado do Cascais Museum District (Museu Paula Rego, Centro Cultural de Cascais), um ambiente intimista e com muita boa música.

Para além dos aguardados artistas renomados, neste festival há espaço para toda a gente. Foram muitos os artistas que começaram no Cascais Jazz Session– um espaço dentro do EDP Cool Jazz que alarga a programação do festival e dá a conhecer talentos do jazz nacionais- e que sobem hoje ao palco principal.

Sendo este um festival que se iniciou em 2004, tem muitas histórias para contar. Trazemos-lhe três, que correspondem a três gerações de mulheres que foram impactadas pelo EDP Cool Jazz: Karla Campos, Jéssica Pina e Mimi Froes.

Karla Campos

“É uma sensação de um sonho e um desejo que eu tanto queria realizado”

Karla_Campos_Joao_Viegas_Guerreiro_DelasA

Karla Campos

Frequentadora assídua de concertos e com o gosto pela música no meio familiar, Karla Campos enveredou por esta área de forma profissional quando trabalhou no à data Pavilhão Atlântico e percebeu que de todos os tipos de eventos que por lá passavam, os que gostava mais eram os de música. Para além disso, foi durante esse período que percebeu que faltavam em Portugal festivais como o EDP Cool Jazz.

“Eu estava em 2001 ou 2002, mais ou menos, já tínhamos alguns festivais em Portugal e eu percebi que havia um que não existia e é quando eu começo a perceber que Cool Jazz poderia ter um interesse”, conta-nos a promotora do EDP Cool Jazz.

Mas se estamos a falar de uma época em que o papel das redes sociais e da internet não tinha a mesma força que tem nos dias de hoje, a pergunta que paira no ar é “como é que se comunicava um festival nesta altura?”. Karla prontamente nos conta que era utilizando os meios de comunicação mais tradicionais, como a rádio, a televisão, a publicidade exterior, os flyers- “era uma opção muito utilizada. Ia-se para um concerto ou festival e distribuía-se ou no estacionamento ou, se tivéssemos autorização, para a porta dos concertos concorrentes ou parecidos”– e pequenos posters colados nas paredes do Bairro Alto e zonas mais movimentadas da cidade. Apesar de alguns terem caído em desuso, outros continuam ainda a ser utilizados na promoção de um festival.

E preparar um cartaz? Com 20 anos de experiência, a promotora conta-nos que funciona como uma espécie de circuito: primeiro escolhem-se artistas dentro do universo do Festival- desde o jazz ao blues, passando pelo disco e o funk-, depois percebe-se se lançaram discos novos e por último vê-se se vão fazer uma turné, “porque ao lançarem discos novos isto leva-os a fazer turnés, estando disponíveis”. É em setembro que começa a ser preparado e há sempre uma reunião com os agentes dos artistas para que os mesmos possam apresentar o que cada um dos seus agenciados terá de novo. “Trocamos aquilo que cada um precisa e começamos a trabalhar nos cartazes dos anos seguintes”. 

Enquanto consumidora de festivais, conta-nos que o que procura primeiro num festival é o cartaz e os artistas que nunca viu ao vivo e que lhe despertam curiosidade: “o que me move são os artistas e principalmente aqueles que eu não conheça ou que já tenha ouvido falar, mas que quero ver ao vivo”.

Jéssica Pina

“Eu acho que diria casa. Sem dúvida que o EDP Cool Jazz tornou-se numa casa, um sítio onde eu estou a dar passos pequenos mas que estou a evoluir, estou a mostrar o meu trabalho.”

Jéssica Pina

Jéssica Pina

Desde tenra idade, com apenas 8 anos, Jéssica Pina entrou numa filarmónica para tocar trompete. O que na altura não passava de um passatempo tornou-se numa perspetiva de futuro, quando integrou a formação jazzística.

“No 12º ano quando eu tinha de escolher o curso a seguir e estava a decidir o que é que queria fazer o resto da vida, foi aí que eu tive de realmente pensar no que é que me imaginava a fazer e só me conseguia vir à cabeça a música”

O canto ganha importância mais tarde, apesar de já na infância cantar nos teatros da escola, quando iniciou o seu projeto a solo no EDP Cool Jazz- onde pisou pela primeira vez com o seu trio nas Cascais Jazz Sessions em 2017- e percebeu que se cantasse poderia enriquecê-lo muito mais. No entanto, as inseguranças falavam mais alto e o momento decisivo foi quando integrou a digressão MADAME X worldtour, convidada pela Madonna. Ao lidar com “outras pessoas, com outros mindsets” começou a perceber que não fazia sentido não arriscar se era algo que traria frutos positivos e que não era por passar a cantar que deixaria de ser boa trompetista.

“A própria Madonna também me incentivou. Tive aulas de canto lá. E eu pensei ‘ok, acho que isto é uma boa forma de eu a partir daqui começar a mudar isso e pensar em arriscar mais’”

De regresso a Portugal investiu no EP “Vento Novo”, e desta forma a compositora, instrumentista e cantora portuguesa tem atuado por várias  cidades portuguesas.

Presença assídua no EDP Cool Jazz desde 2017, Jéssica volta este ano para um grande espectáculo, no palco principal e no dia – 30 de julho– em que atua Jorge Ben Jor.

“O EDP Cool Jazz é um festival muito especial para mim, porque foi aí que o meu projeto a solo começou. Foi a primeira vez que eu tinha o meu nome no cartaz”

Também ela fã de festivais, conta-nos que a primeira coisa que procura num é a variedade cultural e musical: “Acho que faz todo o sentido, sendo um festival, que no mesmo dia não seja tudo do mesmo estilo de música”. 

Mimi Froes

“Vinha Oeiras, porque eu adorava aquele sítio era muito bonito e eu tinha perfeitamente a noção de como é que estavam as cadeiras, de como é que estava o palco, porque eu ia sempre. E o Jamie Cullum porque ele está lá todos os anos e eu aproveitava e ia lá vê-lo”

Mimi Froes (c) Daryan Dornelles

Mimi Froes (c) Daryan Dornelles

Mimi Froes assume voz, texto e música em tudo o que faz. Quando era pequena já gostava de cantar e de tudo o que tivesse relacionado com as artes performativas. Os pais, que acompanharam de perto este seu gosto, inscreveram-na em aulas de voz. No entanto, pelo caminho, o Direito meteu-se pelo meio e Mimi enveredou por uma Licenciatura na área durante dois anos. Com o canto sempre em paralelo, esteve a estudar música ao mesmo tempo e acabou por perceber que fazer ambas as coisas era impensável e optou pela sua paixão de infância.

A acabar uma licenciatura de Jazz e Música Moderna, a artista conta-nos que o escolheu como uma garantia para trabalhar na área da música, seja em composição, técnica de voz ou até produção.

“É muito difícil às vezes um artista decidir que quer ser artista, quando é cantor, porque não há espaços para toda a gente. E eu acho que o que me deu o curso foi a garantia de ‘olha aqui outra profissão na música que se tu souberes podes fazer”’.

Ser reconhecida na rua pelo seu trabalho, é para Mimi a “parte gira” nesta fase em que ainda se considera “pequenina”. Conta-nos que quando a abordam pergunta se gostaram das suas músicas, se o seu diário estava bem escrito: Eu costumava dizer que alguém que conheça as minhas músicas é como se me visse nua. Porque, no fundo, eu quando estou a escrever é o meu diário e as pessoas leram o meu diário”. Considera, também, que esse é um ótimo sinal e que significa que a sua música está a chegar às pessoas.

Depois do EP “Vamos Conversar” (2020), e nele constarem temas como “Vou” e “Não Faz Mal Não Estar Bem”, Mimi lançou em outubro do ano passado o EP “E a cantar”, que é composto por 7 temas inéditos, com sua autoria e composição, incluindo “Petiza, “Declarações de Meia Noite” e “Outono”. Pelo país tem andado a divulgar ambos e uma das paragens vai ser o EDP Cool Jazz, no dia 10 de julho, às 20h, nas Cascais Jazz Sessions.

Presença assídua em todas as edições do EDP Cool Jazz enquanto consumidora, conta-nos que quando recebeu o convite para integrar o cartaz sentiu-se assustada pela responsabilidade que iria ter, mas também honrada por poder estar do outro lado do espetáculo, “não a responder ao artista, mas a ser a artista”.

“Eu acho que a minha primeira imagem quando me disseram que eu ia fazer o EDP foi estar do lado de quem se senta, estar a ver o palco, a visualizar na minha cabeça, e ser tudo um bocadinho aterrorizador”

Na altura de procurar um festival, Mimi conta-nos que o lhe chama mais a atenção é a música portuguesa: “Sou alta consumidora de música portuguesa e adoro festivais assim dedicados à música portuguesa e gosto do cuidado que teve o EDP Cool Jazz de em quase todas as aberturas, se não todas, ser um artista português”. Além disso, também considera uma oportunidade de conhecer bandas novas.

Veja mais em Música

PUB