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Focados no cancro de mama mais temível

No passado dia 28 de maio assinalou-se o Dia Internacional da Saúde Feminina. Apesar de alguns avanços, o cancro de mama continua a ser um dos maiores desafios nesta área. Portugal contribui para o esforço internacional de investigação científica sobre as formas mais agressivas desta doença. A ambição é criar um medicamento mais eficaz e seguro, não só contra o tumor em si, mas também contra as suas temíveis metástases cerebrais.

Os avanços na luta contra as diversas formas de cancro têm sido bastante heterogéneos. Até para cancros que atacam os mesmos órgãos, os avanços são muito diferentes entre tipos de cancro diferentes. Tomando o cancro de mama como exemplo, existem alguns em que a medicação disponível é eficaz e os efeitos secundários moderados, enquanto outros não têm medicação específica e só podem ser tratados com medicamentos de efeito mais generalizado, logo com efeitos secundários mais pronunciados. Entre estes últimos, o chamado Cancro de Mama Triplo Negativo permanece sem medicamentos específicos à disposição. O próprio nome reflete a falta de três componentes-chave usados como pontos de ataque muito específicos por medicamentos contra outros tipos de cancro de mama. Portanto, em Cancro de Mama Triplo Negativo, não resta outra solução que não seja usar medicamentos que, em vez de atacarem pontos específicos exclusivos que são calcanhares de Aquiles das células do tumor, atacam componentes que também existem em outras células. Por sua vez, o ataque dos medicamentos a outras células pode levar a efeitos secundários severos.

O Cancro de Mama Triplo Negativo traz consigo um perigo adicional: as metástases cerebrais. Este tipo de metastização é muito importante, não só pelo número de ocorrências, como pelo receio que causa, nos pacientes, a possibilidade de desenvolver lesões que possam afetar o cérebro.

O que falta, então, são medicamentos inovadores eficazes e específicos, de modo a não terem efeitos secundários graves, não só contra o cancro de mama em si, mas também contra a metastização no cérebro. É precisamente com este objetivo que trabalhamos, enquanto bioquímicos do Instituto de Medicina Molecular e da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, em parceria com investigadores da Faculdade de Farmácia da mesma universidade. É uma tarefa difícil, não só porque temos de encontrar vulnerabilidades específicas das células do tumor de Cancro de Mama Triplo Negativo, mas também porque temos de conseguir uma forma desses medicamentos se deslocarem da corrente sanguínea para o cérebro. As paredes das artérias que irrigam o cérebro são barreiras naturais que bloqueiam a passagem do sangue para o cérebro da quase totalidade dos compostos que este órgão desconhece, incluindo a maioria dos medicamentos.  É um mecanismo de defesa que, na hora de tratar doenças que afetam o cérebro, se torna um problema sério.

Na foto (da esquerda para a direita) os investigadores do Instituto de Medicina Molecular João Lobo Antunes (iMM), Marco Cavaco, Vera Neves e Miguel Castanho, responsáveis pelo projeto “Protecting the Brain from Metastatic Breast Cancer”, financiado pela fundação “La Caixa”.

Na foto (da esquerda para a direita) os investigadores do Instituto de Medicina Molecular João Lobo Antunes (iMM), Marco Cavaco, Vera Neves e Miguel Castanho, responsáveis pelo projeto “Protecting the Brain from Metastatic Breast Cancer”, financiado pela fundação “La Caixa”.

No Instituto de Medicina Molecular e na Universidade de Lisboa, investigadores especialistas em medicamentos com a habilidade de chegar furtivamente ao cérebro uniram esforços com investigadores especialistas no ataque específico a células de Cancro de Mama Triplo Negativo para criar um medicamento novo que possa um dia ser usado, sem efeitos secundários severos, e capaz de evitar o desenvolvimento de metástases cerebrais. A ambição é poder um dia dar uma solução eficaz a um problema que persiste e afeta muitas mulheres, apesar dos avanços na luta contra outros tipos de cancro.

O projeto “Protecting the Brain from Metastatic Breast Cancer” tem como principal objetivo, criar um medicamento novo capaz de proteger o cérebro contra as metástases cerebrais provenientes do cancro da mama.

O projeto “Protecting the Brain from Metastatic Breast Cancer” tem como principal objetivo, criar um medicamento novo capaz de proteger o cérebro contra as metástases cerebrais provenientes do cancro da mama.

Artigo escrito por Miguel Castanho 

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