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Inês Homem de Melo conta-nos mais sobre a sua passagem pelo Festival da Canção

Chama-se Inês Homem de Melo e é uma psiquiatra com uma paixão especial pela música. Provavelmente, não é a primeira vez que ouve o seu nome, visto que no sábado esteve presente na final do Festival da Canção com a música Fome de Viagem .

Não ganhou, sendo Maro a escolhida dos portugueses, mas já foi uma vitória ter sido uma das escolhidas de entre 600 outras músicas e de ter chegado à final.

Para sabermos mais sobre a sua passagem pelo Festival da Canção, falámos com Inês.

Inês Homem de Melo. créditos: Jorge Pinto

Inês Homem de Melo. créditos: Jorge Pinto

De onde é que surgiu a sua paixão pela música?

A minha relação com a música já tem quase tantos anos como eu! Quando tinha oito anos, a minha mãe percebeu que eu tinha algum jeito para cantar e inscreveu-me no coro infantil do Círculo Portuense de Ópera. Participávamos nas óperas do Coliseu, e por isso comecei a cantar logo conjugando o canto com a representação.

“Desde então que nunca mais deixei de ter a música na minha vida”

Aos 16 anos, a maestrina do coro aconselhou-me a fazer provas para entrar no Conservatório. Aceitei o desafio! Estudei então canto lírico, primeiro, e depois jazz. Hoje em dia, já não canto música clássica, mas o que aprendi no Conservatório é-me muito útil para cantar músicas mais exigentes, como é o caso de Fome de Viagem.

Sempre foi um sonho participar no Festival da Canção?

Sim, era um sonho de criança! Desde pequena, quando me perguntavam porque não ia a um concurso para cantores da televisão, que a minha resposta era sempre a mesma: “se algum dia for a um concurso, vai ser ao Festival da Canção”. Esta ‘teimosia’ finalmente ganhou corpo quando conheci o Pedro Marques e senti que tinha encontrado o compositor certo para embarcar nessa aventura!

Desde a primeira fase, em que fomos selecionados entre mais de 600 canções, ganhando assim o acesso às semifinais, tem sido já uma viagem enorme! Estava habituada a salas mais pequeninas e intimistas. Tenho aprendido muito sobre o Festival da Canção, a sua história, seus artistas e momentos mais marcantes. Nos últimos meses, dei até alguns concertos totalmente dedicados às canções mais emblemáticas do Festival, intercaladas com curiosidades e peripécias que marcaram a história do certame. Chegando ao palco principal, percebemos que a responsabilidade é imensa: há que tomar decisões sobre encenação, câmaras, luzes, figurinos, coreografias… é um grande desafio, mas estou a adorar esta experiência nova e espero que seja a primeira de muitas aventuras em que chego a tantas pessoas!

A sua música, Fome de Viagem tem alguma mensagem?

O título diz muito sobre a mensagem que queremos passar. Depois de quase dois anos limitados na nossa liberdade de viajar e correr o mundo, este é o hino perfeito para soltar as amarras e partir novamente à descoberta de novas culturas e paisagens.

“Com versos em oito línguas diferentes, celebra aquilo que os países têm de singular ao mesmo tempo que canta o que temos em comum enquanto cidadãos do mundo.”

Fui uma adolescente muito curiosa e cheia de vontade de aprender línguas estrangeiras. Cresci a ouvir as aventuras dos meus avós, dos tempos em que foram emigrantes em África, depois em França. Mais tarde, fiz Erasmus em Itália e os meus pais sempre adoraram viajar… Esta multiculturalidade esteve sempre presente na minha vida e acho que o Festival da Canção e a Eurovisão respiram este espírito.

“Por isso, pedi ao Pedro escrevesse uma canção em várias línguas, e o resultado final não podia deixar-me mais feliz”

Apresentação do Festival da Canção 2022 (André Luís Alves / Global Imagens)

Apresentação do Festival da Canção 2022 (André Luís Alves / Global Imagens)

Porque é que escolheu o Pedro Marques para compor a sua música?

Conheci o Pedro pela primeira vez quando a minha mãe lhe encomendou uma música para o meu sobrinho, uma prenda de nascimento muito especial. A minha mãe escreveu um poema chamado ‘Vasquinho’ e pediu ao Pedro para o transformar numa canção de embalar cantada por mim. O resultado final foi muito emocionante para mim e para toda a família! Gostei muito de trabalhar com o Pedro. Ele é um compositor de bandas sonoras super talentoso, já ganhou até um Prémio Sophia pelo trabalho no ‘Capitão Falcão’! Por isso, quando abriu a livre submissão para o Festival da Canção deste ano, achei que era a oportunidade perfeita para trabalharmos juntos outra vez.

Convenci-o a juntar-se a mim explicando que queria que a música fosse cantada em várias línguas. Chamámos também o Galileu Granito, um letrista que costuma trabalhar com o Pedro, também ele poliglota, e chegámos a este resultado final que enviámos para a RTP. Cinco dias depois, o Pedro recebeu um telefonema a dizer que tínhamos sido escolhidos! Desde esse dia, tenho sentido imensa alegria ao ver as reações dos portugueses e dos eurofãs de toda a Europa, que têm cantado comigo  neste caminho.

Inês Homem de Melo. créditos: Luísa Freixo

Inês Homem de Melo. créditos: Luísa Freixo

Como é que concilia a psiquiatria com a música?

Na minha vida, tenho mantido sempre um equilíbrio entre a psiquiatria e a música.

“Sou apaixonada por ambas, e quero continuar a trabalhar nestes dois mundos.”

Sinto-me privilegiada como psiquiatra, porque as pessoas com quem falo diariamente abrem-me as portas do seu mundo interno e viajo com elas pelos seus momentos e sentimentos mais íntimos. É sobre estas emoções, estas vivências de sofrimento e dor que canto, mas também sobre a alegria de ultrapassar as dificuldades.

Por outro lado, a música também me ajuda a ser melhor psiquiatra e melhor ser humano. Gosto muito de fazer atividades musicais com os doentes, e uso a música como uma terapia para mim mesma, porque não dizê-lo!

Houve algo que a surpreendeu no Festival da Canção?

Tudo! É um palco magnífico, grande, cheio de luzes e câmaras, e nada disso fazia parte do meu dia-a-dia até agora. Depois, a simpatia do staff da RTP e a camaradagem entre todos os músicos no concurso! Estou maravilhada com a experiência. 

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