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L’Oréal Portugal reconhecida pela igualdade de género

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Esperava chegar rapidamente a um lugar como o de diretora-geral para Portugal?

Foi inesperado. Foi fulgurante, nem nos meus melhores sonhos o imaginaria! Ou melhor, isto não fazia parte dos meus sonhos. Tive muito mais do que imaginei, mas nada do que sonhei. As minhas expetativas para os 35 anos eram outras. Achava que com esta idade já estaria casada e teria filhos. Nunca pensei sair do país. Agora que penso nisso, creio que os meus sonhos eram um bocado limitados. Não digo isto com mágoa, antes pelo contrário! Ainda bem que os meus sonhos dos 15 anos não se concretizaram! Nunca imaginei sair do País, falar fluentemente quatro línguas, ter os amigos que tenho, viajar o que viajei… Nunca imaginei ser CEO da L’Oréal Portugal, nunca! Foi muito rápido, e foi induzido mais pela L’Oréal do que por mim.

Foi sempre a L’Oréal que a chamou para um novo cargo?

Primeiro, vieram chamar-me para uma entrevista de que me tinha esquecido, quando tinha 23 anos. Estava no meio de uma reunião e vim aos recursos humanos a pensar: “Que seca!” Essa entrevista levou-me, três meses depois, para Paris. Depois, volto para Portugal, sem querer voltar, para ser diretora de Marketing. Foi a primeira vez que dei dois saltos na hierarquia da empresa: tinha saído como gestora de produto e vinha como diretora de Marketing. Depois, quando estou em Portugal, convencida de que não quero voltar a sair, tornam a convidar-me para ir para fora, novamente para Paris, para um lugar de coordenação de países. Foi a primeira vez que pedi para mudar, para ir para Madrid. Nem sequer pedi para mudar para cima! Fui para um lugar ao lado, porque queria aprender espanhol e, de alguma forma, aproximar-me de casa. Queria pôr-me à prova. Em Madrid, estive dois anos como diretora de Marketing e passei para diretora-geral da marca L’Oréal Paris. Estava tudo bem, estava muito bem em Espanha…

O que é que mudou nessa altura?

É quando me dizem: “Vais para o Chile.” Compro o guia da Lonely Planet, vi quanto custavam os voos para o Chile e do Chile para o resto da América Latina, e percebo que o Chile está muito, muito longe. Depois disso, dizem-me: “O colega que está no Chile não quer sair, por isso tu vais para a Argentina.” Compro o guia da Lonely Planet, vejo quanto custam os voos e percebo que, apesar das distâncias, a Argentina é que é bom: há mais voos regulares para Portugal, está mais perto do Brasil. Ia aceitar! Quando aceito, a situação financeira da Argentina piora significativamente e eu recuo. Dizem-me dos recursos humanos que concordam, não é a melhor altura para ir para a Argentina. Dizem-me: “Bom, vais para patroa de país, vais para CEO da L’Oréal Portugal!” Foi completamente inesperado. Pela segunda vez, dei dois passos acima da posição que ocupava.

O que fez para ter um percurso de sucesso tão rápido?

O meu percurso não é resultado de ambição desmedida, não implicou sacrifícios pessoais. Não o vejo assim, nunca tive de escolher entre ter filhos ou fazer uma carreira, entre casar ou fazer este caminho. O que aconteceu aconteceu. Não fui eu. Foi a L’Oréal, muito mais vezes, a impulsionadora da minha carreira. Qual foi a minha parte? Estar sempre disponível. Tenho esta vontade de “comer o mundo”, como dizem os espanhóis, tenho imensa curiosidade e muito pouco medo. Em geral, tenho pouco medo: pouco medo de decidir, pouco medo da hierarquia, de me colocar numa situação fora da minha zona de conforto. Estas três coisas (curiosidade, disponibilidade e ausência de medo) fizeram acontecer as coisas.

São essas as suas características inatas?

Sim. Uma curiosidade insaciável, uma capacidade de aprendizagem excecional e a ausência de medo, que, como me é inata, sinto como coisa natural. À medida que vou avançando no tempo e vou estando com outras pessoas, sejam da minha equipa ou meus superiores, vejo que muita gente é dominada pelo medo. Muita gente não se candidata, não se propõe, não se disponibiliza. Mesmo quando são identificadas, as pessoas resistem ao poder, sobretudo quando são mulheres.

Para este cargo, em particular, como foi a seleção? Imagino que tenha havido um grupo de bons candidatos ao lugar.

Há uma coisa clara: na L’Oréal, tudo é baseado no mérito. Isso é inegável. Também é inegável que é preciso estar disponível. Há pessoas com o mesmo mérito mas que, por não estarem disponíveis para uma carreira internacional, não são candidatas a estes lugares. Portugal é, sem dúvida, um país com uma lista gigantesca de ‘autocandidatos’, porque é um país ótimo para se viver, onde a L’Oréal tem uma posição absolutamente dominante no mercado. É um mercado com muitas oportunidades. Portanto, claro que havia muitas candidaturas, inclusivamente de portugueses.

Isso quer dizer que passou por um processo de seleção, outra vez?

Sim, mas não é como um processo de recrutamento. As etapas e o método de avaliação fazem-se ao longo da carreira. Fui-me posicionando, a minha performance foi-me posicionando. Claro que tive entrevistas, mas acabaram por ser quase mais para me explicarem o projeto do que para ver se era eu a pessoa certa para o cargo.

Quais são as suas obrigações como diretora-geral da L’Oréal Portugal?

Criar uma visão duradora para a L’Oréal Portugal. Depois de criada essa visão, é preciso estabelecer qual é a missão, de que precisamos para lá chegar, com KPIs [Key Performance Indicators – indicadores de desempenho ou objetivos no planeamento das ações e avaliados no final] superbem definidos. A partir daí, vem a definição das estratégias e a mobilização das equipas, para conseguirmos chegar ao que pretendemos, ao cumprimento da visão.

Está na fase de avaliação ou já tem o plano?

Já tenho o plano. A visão para a L’Oréal Portugal é sermos a empresa com o crescimento mais rápido e mais forte, e mais moderna. Queremos consolidar a nossa liderança. Como temos uma posição muito forte, o nosso crescimento significa o crescimento interno do mercado.

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