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L’Oréal Portugal reconhecida pela igualdade de género

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Como é que se faz isso numa época como esta? Como se trabalha a marca no plano local quando se está integrado numa marca global?

Uma das coisas de que mais gosto na L’Oréal é que, apesar de pertencermos a um grande grupo, nunca senti falta de liberdade. Não acho que a liberdade de Portugal seja inferior, por exemplo, à liberdade de Espanha, pelo contrário. O facto de termos a dimensão que temos permite-nos encontrar soluções distintas e soluções mais adaptadas ao mercado local. O facto de não estarmos na mira…

Não tem de ser hiper-rentável?

Isso é diferente. Um país como Portugal, com o nível de maturidade dos nossos mercados e o nível de maturidade desta filial, tem de ser um cash cow [uma fonte de receita estável e rentável]. Aliás, é um cash cow para a L’Oréal Internacional. Quando aos níveis de rentabilidade e aos níveis de crescimento, o nível de exigência em relação a estes KPIs é absoluto e não diminui. Não é mais para uns do que para outros, é comum a todos os países europeus. Depois, como é que nós conciliamos a criatividade, qual é o nosso poder de inovação? É aí que eu digo: para chegar a esses resultados exigentes, um país como Portugal tem imensa liberdade. Também lhe digo que esta noção de liberdade depende de como é vista.

É uma liberdade criada pela dificuldade?

Não, é uma liberdade criada pela vontade de ser livre. Eu não tenho amarras, e transmito isso aos negócios. Sou um átomo livre numa organização multinacional controlada. Não aceito que alguém da minha equipa diga: “Não podemos fazer porque somos Portugal.” A L’Oréal tem de ser a que cresce mais depressa, a mais forte e a mais moderna face à concorrência. Esta noção de modernidade é ampla, permite uma infinidade de oportunidades para as equipas, que nos estimula. Caso contrário, isto não era muito interessante.

Como é um dia de trabalho seu?

O típico é chegar entre as 8h e as 8h30, sou um early bird. Gosto muito de começar a trabalhar cedo. No meu percurso até à L’Oréal, aproveito para telefonar às pessoas de quem mais gosto. Para mim, faz parte do ritual de começar bem o dia. Chego e tomo o pequeno-almoço com os colaboradores, todos os dias. Normalmente, tenho uma hora para ver os meus e-mails e as urgências, para organizar a semana com a minha assistente. Depois, tenho muitas reuniões de decisão, e muito poucas reuniões de trabalho.

Qual é a diferença?

Uma diferença gigantesca: é a diferença entre ser eficaz e não ser eficaz.

Significa que já toda a gente estudou os dossiers e reúnem-se para decidir o que é para fazer.

Exatamente! São reuniões orientadas para a decisão, em vez de serem meros relatórios (eu fiz isto, o outro fez outra coisa). Não são reuniões de encargo, ou de apreciação do trabalho feito, porque assumo que as pessoas fizeram o seu trabalho.

Voltando à rotina…

Almoço sempre na filial. À tarde, continuo as reuniões com pessoas internas e externas. É normalmente ao fim do dia que tenho coisas fora. Depois, por norma, volto para casa. Volto a fazer telefonemas e, regra geral, janto fora.

Coordenou equipas em Portugal e no estrangeiro. Há diferenças na forma de trabalhar?

Há diferenças, que reforçam o meu orgulho português. Objetivamente, os portugueses têm um grande sentido de criatividade, um sentido de lealdade e um sentido de honra profissional que são absolutamente fantásticos. O é que acho que nós podíamos melhorar? Podíamos melhorar a nossa voz, acreditar no nosso valor profissional e comunicá-lo. Em treze anos, já vejo um progresso na crença de que somos bons. Estamos melhor nisso, mas comunicamos pouco.

Sentiu alguma discriminação? Alguma vez se sentiu “la petite portugaise”?

Não. Tive um episódio, mas, em quatro anos que estive em Paris, um episódio não me parece significativo. Estou consciente de que, no mundo lorealiano, mas não só, o trabalho português, independentemente da sua natureza, é superbem valorizado. Nunca ninguém questionou a perceção de que um português é muito trabalhador, tem um alto nível de compromisso, é honrado.

Por ser mulher, encontrou algum obstáculo?

Nunca.

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